Secretário de Estado da Defesa contratou assessor fantasma quando liderou empresa pública
O secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira, contratou José Miguel Fernandes, ex-administrador do Alfeite, para a idD Portugal Defence, a holding das indústrias de Defesa, mas o gestor nunca foi visto na empresa pública, avança o Expresso.
Miguel Fernandes teria a tarefa de elaborar um estudo sobre Economia da Defesa, mas o coordenador do relatório diz que ele "não escreveu uma única linha" e acusa Capitão Ferreira de exigir que o nome constasse como autor.
O referido estudo, que pode ser consultado no site da idD, foi assinado por dois coordenadores: Catarina Nunes e Ricardo Pinheiro Alves. Mas o nome de José Miguel Fernandes surge como um dos quatro que "contribuíram para o estudo", ao lado de Sílvia Santos, Roxanne Merenda e Marc Sebastian.
"O estudo intitulado 'A caminhar em Direção ao Futuro' e publicado em dezembro de 2021, foi coordenado por mim e posso assegurar que ele não escreveu uma única linha. A única coisa que fez foi ter-me enviado dois comentários a uma parte do estudo, por e-mail, pois nunca lhe vi a cara", disse ao semanário Ricardo Pinheiro Alves, ex-diretor do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia e hoje vice-presidente do conselho estratégico do CDS.
Aquando da contratação, José Miguel Fernandes tinha acabado de se demitir, "por razões pessoais" de presidente do conselho de administração do Arsenal do Alfeite, empresa do universo idD.
O atual secretário de Estado da Defesa Nacional está agora sob pressão política, devido à falta de explicações sobre uma assessoria de 61 mil euros prestada em cinco dias ao ministério, tendo já sido aprovada aprovada uma audição parlamentar para o governante prestar esclarecimentos.