Rui e Carla defrontam-se no primeiro debate em janeiro

Os dois candidatos à sucessão de Cotrim Figueiredo vão entrar em modo de campanha eleitoral, que se intensificará no início de janeiro, com ambos em contacto com as bases.

Os motores da campanha para a sucessão de João Cotrim Figueiredo na presidência da Iniciativa Liberal vão começar já a aquecer na pós-aprovação do Orçamento do Estado para 2023. Mas será em janeiro do próximo ano, mês em que se realiza a Convenção eletiva (dia 20), que os dois candidatos à liderança, Rui Rocha e Carla Castro, se vão defrontar no primeiro debate público, na SIC Notícias.

O debate do OE2023 condicionou esta primeira fase de afirmação dos dois candidatos na luta pela liderança, já que ambos são deputados e Carla Castro teve a seu cargo a coordenação do OE. Com a proposta de lei do Governo aprovada, Rui Rocha e a adversária vão estar mais focados na constituição das respetivas listas aos órgãos nacionais do partido e nas moções com que se candidatam ao lugar até agora ocupado por outro companheiro de bancada parlamentar, João Cotrim Figueiredo. Embora ainda sem data marcada para a apresentação pública das suas ideias, como confirmaram ao DN fontes das duas candidaturas.

Rui Rocha que assumiu a candidatura no mesmo dia em que Cotrim Figueiredo anunciou que não se recandidatava (e que recebeu logo o apoio do ainda líder liberal) vai mais adiantado nas iniciativas de campanha, visto que já está a palmilhar o país em contacto com os militantes.

Neste momento ainda anda "sozinho, mas fonte da sua candidatura admite que com o "desenrolar" da campanha apareçam ao seu lado a maioria de deputados que o apoiam, incluindo João Cotrim Figueiredo.

O candidato prometeu visitar os 79 núcleos do partido e começou a fazê-lo aos fins-de-semana. Já passou por Braga, Portalegre e Castelo Braga e vai estar hoje em Paredes, Felgueiras, Paços de Ferreira, Trofa e Santo Tirso, depois de ter participado ontem na "Festa da Liberdade" que celebra o 25 de novembro no Porto, e que também contou com a presença da adversária.

Coligações

Nestes encontros com as bases do jovem partido, Rui Rocha tem prometido uma linha de continuidade com as ideias de João Cotrim Figueiredo e tem utilizado argumentos de peso para demonstrar o empenho na causa do partido. Como o de lembrar que deixou o cargo de diretor de recursos humanos do grupo Sonae quando "arriscou" ser cabeça de lista pela IL em Braga.

Os dois candidatos têm também conversado com os membros das listas ao Conselho Nacional. E como relatou o Observador, numa dessa reuniões, nomeadamente com a lista T, há poucos dias, Rui Rocha defendeu que "a IL deve negociar com o PSD um entendimento pós-eleitoral".

O candidato admitiu que essa coligação podia ter duas formas: "estar no governo" ou um "apoio parlamentar". Carla Castro, quando questionada por uma solução de governabilidade no dia anterior, segundo mesmo jornal online, optou apenas por traçar uma linha vermelha ao Chega, que Rui Rocha também definiu.

Os dois candidatos já tinham assegurado ao DN, dias após terem assumido que eram candidatos, que rejeitam coligação com o partido de André Ventura, mesmo que das eleições legislativas saia uma maioria de direita. Rui Rocha defende que nestas circunstâncias a estratégia é encostar o Chega à parede: "Ou apoia [no sentido de viabilizar] o Governo PSD-IL sem ter nele qualquer representação ou mantém o PS no poder."

Carla Castro, que era vista como uma candidata mais próxima da ala mais conservadora do partido, demarcou-se e não negociou com os "liberais clássicos". A candidata assumiu que não irá apresentar lista própria ao Conselho Nacional nem ao Conselho de Jurisdição para "dar mais espaço" às várias tendências a nível interno. Ou seja, uma ideia de que é preciso "união" no partido para que possa crescer em termos eleitorais.

Para já, a candidata assume que "o projeto de sucesso da Iniciativa Liberal precisa agora de dar um salto de crescimento sustentado e para esse crescimento sustentado nós temos uma equipa capaz e um programa consistente".

Sem a maioria do apoio dos companheiros do grupo parlamentar, Carla Castro tem, no entanto, com ela o primeiro o primeiro presidente do partido, Miguel Ferreira da Silva, e aquele que foi o candidato da IL às eleições presidenciais, Tiago Mayan, e que se tornou num dos rostos conhecidos dos liberais. Na sua campanha interna deverá também ter pontualmente estas personalidades a acompanhá-la.

paulasa@dn.pt

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