Rentrées. O que está a dar são universidades de verão

"Academia socialista". Este é o nome que o PS deu à sua universidade de verão. Para setembro, está anunciado um programa de auxílio às famílias e às empresas.
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À universidade de verão do PSD - de 29 de agosto a 4 de setembro, em Castelo de Vide -, o PS responderá com a sua própria universidade de verão, a seguir, de 7 a 11 de setembro, na Batalha e em Leiria. Para não parecer demasiado igual à iniciativa laranja, a dos socialistas, organizada a meias entre o partido, a JS e o grupo dos eurodeputados do PS, chamar-se-à "Academia Socialista". "Ninguém é dono da ideia de universidade de verão", diz ao DN o líder da JS, e deputado, Miguel Costa Matos, recordando que, em anos anteriores, iniciativas semelhantes foram promovidas pelo seu partido e pelos jovens socialistas.

Para a "Academia Socialista", os organizadores abriram inscrições, admitindo-se 80 jovens - militantes ou não - que estejam dispostos a estarem fechados vários dias num hotel da Batalha a discutir, entre eles ou com convidados externos, os mais diversos temas, "da inflação às lições da pandemia, passando pela questão das desigualdades". E, mais do que pôr os jovens a ouvir, o que Miguel Costa Matos salienta é a importância de os ouvir a eles, para que as suas preocupações sejam depois refletidas na ação política do partido e até do governo. "Será um exercício de escuta ativa", afirma o líder da Juventude Socialista.

"A Academia Socialista, promovida pelo Partido Socialista, pela Juventude Socialista e pelo Grupo dos Eurodeputados Socialistas Portugueses, na Batalha, consiste em vários dias de palestras e workshops sobre temas da atualidade política e estruturantes para o desenvolvimento do país, em modelo e com personalidades a anunciar oportunamente", anunciou há dias o PS, em comunicado.

Ao contrário do PSD, que parece ter o programa já completo - o qual contará com uma participação em videoconferência do Presidente da República -, do programa da iniciativa do PS quase nada se sabe. Um dos oradores convidados será o presidente do PS, Carlos César, e outro o comissário europeu dos Assuntos Económicos, o italiano Paolo Gentiloni. Sabe-se também que a "Universidade de Verão" dos socialistas terminará dia 11 de setembro com o comício de rentrée do PS, no Mercado de Sant"Ana, em Leiria, sendo obviamente António Costa a estrela principal.

A organização revelou que o comício incluirá um "apontamento musical". E depois, de 11 a 13, os deputados irão preparar o regresso à AR com umas jornadas parlamentares.

Faltando ainda três semanas para o comício da rentrée, é cedo para se antecipar qual será o tema principal do discurso que Costa fará no Mercado de Sant"Ana. Contudo, foi o próprio a dizer no debate do Estado da Nação que em setembro o governo anunciaria um plano para ajudar as famílias e as empresas face aos problemas resultantes do aumento da inflação.

Ao todo, o plano deverá orçar os mil milhões de euros - mas os seus contornos são desconhecidos. No PS há quem proteste, por exemplo, com o facto de o governo ter recusado adaptar o aumentos salariais na Função Pública (0,9 por cento) a uma inflação que já vai nos oito por cento.

O PSD já fez do tema uma importante bandeira de afirmação política, tendo Luís Montenegro aproveitado a "rentrée" do Pontal para propor um programa de emergência social, também na ordem dos mil milhões de euros. "Desde abril que temos dito que o aumento dos preços não está só a custar mais aos cidadãos. Está a engrossar os cofres do Estado com mais impostos, como aliás está demonstrado. Estamos a alertar para a situação de muitos concidadãos estarem a passar dificuldades, porque a alimentação subiu, em média, entre 25% a 30%, os combustíveis, a eletricidade, o gás e os produtos energéticos subiram também à volta de 30%, em média", afirmou depois o líder do PSD.

O tema está assim a marcar a rentrée, servindo também de antecâmara para a discussão do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2023), o qual terá de dar entrada no Parlamento até dia 15 de outubro.

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