Raimundo avisa que PS se prepara para "justificar a viabilização da política em curso"
ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Raimundo avisa que PS se prepara para "justificar a viabilização da política em curso"

"Se há coisa de que o país não precisa é das receitas à moda do Chile de Pinochet ou da Argentina de Milei", disse o líder dos comunistas.
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O secretário-geral do PCP avisou este domingo que o PS se prepara para "justificar a viabilização da política em curso", antecipando que o Orçamento não vai resolver os problemas da população e pedindo que "cada um assuma as suas responsabilidades".
No discurso no comício da Festa do Avante!, Paulo Raimundo acusou o Governo PSD/CDS de estar a executar um "rumo desastroso, com os seus sucedâneos do Chega e da Iniciativa Liberal (IL)", que acusou de serem "autênticas lebres de corrida das velhas receitas saudosistas e reacionárias a que Abril pôs termo".
"Se há coisa de que o país não precisa é das receitas à moda do Chile de Pinochet ou da Argentina de Milei", disse.
Depois, o secretário-geral do PCP criticou o PS, salientando que, apesar de se "reclamar da oposição, quando teve a oportunidade - e teve - de inverter este caminho, não só não o fez, como lhe escancarou completamente as portas".
"Um PS que se prepara agora, a partir de serviços mínimos a que chamou linhas vermelhas, para justificar a viabilização da política que está em curso", afirmou.
Paulo Raimundo referiu que "a questão não está nas diferenças que existem de facto" entre esses partidos, mas antes "naquilo que os une", considerando que estão "todos vergados às ordens da União Europeia (UE), submissos aos interesses dos grupos económicos e protagonistas, cúmplices e promotores das privatizações, da destruição do aparelho produtivo e da alienação da soberania nacional".
"Um rumo que o atual Governo prossegue e intensifica e onde os novos e graves passos na privatização da saúde anunciados esta semana são apenas o mais recente exemplo", afirmou.
Para Paulo Raimundo, perante este projeto, "não se pode ficar em cima do muro".
"Ou se está com os que querem aprofundar a política de direita e concluir o processo contrarrevolucionário, ou se está com as forças de Abril e da Constituição da República. Ou se governa para a maioria, ou se está ao serviço de uma minoria que se apropria de grande parte da riqueza que é criada", afirmou.
O líder do PCP defendeu que "é esta a resposta que se impõe dar, e desde já, no Orçamento do Estado", pedindo que não venham "com a chantagem da instabilidade política", porque a "verdadeira instabilidade é a vida das pessoas e a essa os governantes de ontem e de hoje teimam em não dar resposta".
"Uns e outros - PSD, CDS e PS, Chega e IL -, falam do Orçamento como se não existisse um país real. Falam de referendos, linhas vermelhas, ultimatos e afins quando aquilo que se impõe é responder e já" aos problemas da população, disse.
Para Paulo Raimundo, "é a vida real que precisa de estabilidade e não terá mais uma vez resposta no Orçamento do Estado de um Governo apostado na propaganda e na ilusão e que faz de cada problema uma nova oportunidade de negócio para os grupos económicos".
"Cada um que assuma as suas responsabilidades, sem jogos de sombras e sem manobras. Da nossa parte a opção é clara: lá estaremos a alertar e a denunciar os reais objetivos e a quem serve de facto o Orçamento", afirmou.

PCP avisa que não vai desistir de comissão de inquérito à privatização da ANA

O secretário-geral do PCP afirmou ainda que o partido não vai desistir da constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à privatização da ANA, em 2013, e considerou "urgente para já" a venda da TAP.

No discurso no tradicional comício na Festa do Avante!, Paulo Raimundo abordou o relatório da Inspeção-Geral das Finanças (IGF) sobre a privatização da TAP em 2015 para salientar que o documento confirmou "o que o PCP sempre disse".

"A TAP foi comprada com o dinheiro da própria TAP num negócio que podia e devia ter sido apurado até ao fundo da comissão parlamentar de inquérito, como propôs o PCP, não fosse a recusa de outros, incluindo PS e BE", referiu.

Para Paulo Raimundo, o relatório veio mostrar que a venda de capital da TAP em 2015 foi "mais um crime económico e político que torna evidente a urgência de parar já a nova privatização em curso, garantindo uma gestão pública que coloque a TAP ao serviço do país".

"Perante mais este caso, até quando PS e PSD vão continuar a travar a comissão parlamentar de inquérito a outro crime que foi a privatização da ANA? Não desistimos desta batalha", salientou.

O secretário-geral do PCP referia-se a uma proposta de comissão de inquérito à privatização da ANA em 2013, apresentada em abril pelo partido, que foi chumbada na Assembleia da República com os votos contra do PSD, PS e CDS, abstenção do Chega e votos favoráveis dos restantes partidos.

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