"Portugal não deveria fazer-se representar ao mais alto nível" no Mundial do Qatar, defende Alexandra Leitão
A posição da deputada do PS não tem a ver com a seleção, mas com o país onde está a decorrer o Mundial. O Qatar é um Estado "autocrático, xenófobo e homofóbico, que, do ponto de vista dos direitos humanos, não merece nenhum respeito", defendeu.
A deputada do PS e antiga ministra defendeu, no domingo, que Portugal não devia fazer-se representar ao mais alto nível no Mundial de futebol que está a decorrer no Qatar. Para Alexandra Leitão, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, António Costa, e o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, não deveriam assistir aos jogos da seleção no Mundial do Qatar, país que "não merece nenhum respeito do ponto de vista dos direitos humanos".
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"Portugal, como todos os outros Estados que têm seleções a jogar lá, não deveria fazer-se representar ao mais alto nível" no Qatar, considerou Alexandra Leitão no programa Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal.
A antiga responsável pela pasta da Modernização do Estado e da Administração Pública disse que a sua posição não tem nada a ver com a seleção, mas com o país onde está a decorrer a competição, que arrancou este domingo. Tem a ver, sim, com a violação dos direitos humanos no Qatar.
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É um Estado "autocrático, xenófobo e homofóbico, que, do ponto de vista dos direitos humanos, não merece nenhum respeito", considerou a deputada socialista.
Alexandra Leitão considera que o "regime" do Qatar usa o Mundial para "se promover, limpar a sua imagem", referindo-se a dados do jornal The Guardian, que estima que 6.500 trabalhadores morreram na construção das infraestruturas da prova, nomeadamente os estádios, e que a Amnistia Internacional chega a falar em 15 mil no seu relatório.
Defendeu que as altas figuras do Estado português "não deveriam ir, independentemente" da autorização da Assembleia, "porque o primeiro-ministro e o presidente da Assembleia da República não têm que ter autorização da Assembleia". " Mas não deviam ir, porque não é diplomacia de negócios, não é uma representação de Estado. É ir ver um jogo de futebol por mais importante que a seleção nacional seja", justificou a deputada socialista.
Alexandra Leitão indicou que a autorização da Assembleia "sempre foi tida como uma mera formalidade". "Em qualquer caso, seja qual for o desfecho do que vier a acontecer na Assembleia, é minha opinião que isso não tem por efeito corresponsabilizar a Assembleia, nem pela ida nem pela não ida do senhor Presidente da República", declarou no programa Princípio da Incerteza.
Bloco de Esquerda, PAN, Iniciativa Liberal já se manifestaram contra a deslocação do Governo e do chefe de Estado ao Qatar para assistir aos jogos da seleção.
Também Luís Marques Mendes disse preferir que Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto Santos Silva e António Costa não estivessem no Mundial do Qatar "para dar um sinal claro de condenação da situação" de violação de direitos humanos naquele país. "Milhões de portugueses vão apoiar a seleção sem ir ao Qatar", referiu no seu espaço de comentário do Jornal da Noite da SIC, no domingo.
A estreia de Portugal no Mundial 2022 vai ser esta quinta-feira frente ao Gana, em jogo a contar para o Grupo H da competição que termina a 18 de dezembro. Este jogo deverá ter nas bancadas o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Segundo o jornal Expresso, o chefe de Estado pediu autorização à Assembleia da República para se deslocar ao Qatar para assistir ao encontro da seleção frente ao Gana. Augusto Santos Silva deverá assistir ao jogo de Portugal diante do Uruguai e António Costa marcará presença a 2 de dezembro no estádio para ver a equipa de Fernando Santos a defrontar a Coreia do Sul.