Pedrógão. Homenagem marcada sem ouvir Marcelo

Presidente da República diz, em comunicado, que soube da inauguração oficial, marcada para dia 27, "pela comunicação social".
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O Presidente da República fez ontem saber que só soube pela imprensa da cerimónia marcada para o próximo dia 27 de homenagem às vítimas do incêndio de Pedrógão Grande (ocorrido em 2017 e que matou 66 pessoas). A cerimónia decorrerá no memorial, de autoria do arquiteto Souto Moura, localizado junto à Estrada Nacional 236-1, na zona de Pobrais, que foi aberto na quinta-feira passada sem qualquer cerimónia pública.

Em comunicado, Marcelo fez não só saber que ninguém oficialmente o convidou como acrescentou que, de qualquer forma, não irá. No primeiro ponto da "nota da Presidência da República" lê-se: "O Presidente da República teve conhecimento, pela Comunicação Social, da cerimónia de inauguração, no próximo dia 27 de junho, do monumento de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande."

Depois, no ponto 2, acrescenta: "Como é sabido, o Presidente da República estará nessa data em Itália, numa reunião da COTEC Europa, juntamente com o Presidente italiano Sérgio Mattarella e o Rei Felipe VI de Espanha, encontro esse que terminará ao início da tarde, tornando impossível estar de volta a Portugal antes do fim da mesma."

E conclui: "O Presidente da República já tinha anunciado que tenciona visitar, ainda este mês, a região afetada pelos terríveis incêndios de há seis anos."

A data, 27 de junho, foi anunciada ontem à Lusa pelo presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL), Gonçalo Lopes (PS), também presidente da câmara de Leiria. "Não é, propriamente, uma inauguração, porque o monumento já está aberto. Será uma cerimónia de visita ao espaço e aonde será prestada homenagem às vítimas dos incêndios de 2017", afirmou o autarca, falando em Porto de Mós, à margem de uma reunião de comunidades intermunicipais.

Segundo o presidente da CIMRL, na iniciativa vão marcar presença elementos do Governo, como o primeiro-ministro, António Costa, e a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, autarcas das regiões afetadas, Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, outras entidades ligadas à área social e associativa desses concelhos, o autor do memorial e a população. Nas mesmas declarações, Gonçalo Lopes esclareceu que será a CIMRL a ficar "com a responsabilidade da manutenção do monumento".

O memorial, um investimento de 1,8 milhões de euros, inclui um lago com cerca de 2500 metros quadrados de área, alimentado por uma gárgula com 60 metros de extensão, sendo bordejado por uma faixa de plantas constituída por nenúfares brancos, lírios e ranúnculos. Num muro bordejando o lago estão inscritos os nomes das vítimas do incêndio de 2017.

No passado dia 17, dia em que passaram seis anos sobre o incêndio, o memorial abriu ao público mas a ausência de figuras de Estado foi criticada pela Associação de Vítimas do Incêndios de Pedrógão Grande. Marcelo justificou a ausência com a inexistência de qualquer cerimónia organizada. "Decidi fazer aquilo que fiz o ano passado que é ir incógnito", disse o Presidente.

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