PAN, IL e Chega admitem viabilizar Albuquerque
"Até há gráficos partilhados [em grupos do WhatsApp] com as várias contas” sobre possibilidades de votos a favor, contra e abstenção. A revelação, ao DN, de um dirigente do PS revela a incerteza - que é mais uma “esperança” - e o “conformismo” de quem já adivinha o resultado final: a aprovação do programa de Governo do Albuquerque (PSD) e José Manuel Rodrigues (CDS).
“Anda tudo de calculadora na mão”. A frase de um dirigente do PSD, ao DN, é dita sem “preocupações”. Há a convicção de que IL, PAN e Chega vão “ceder” e “dar o dito por não dito” - recuar no “não é não” a Albuquerque.
“Não faremos nenhum tipo de entendimento com Albuquerque (...) É absolutamente impossível, neste momento, com os processos judiciais em curso, qualquer tipo de entendimento da nossa parte”, garantiu Rui Rocha, líder nacional da IL, a 22 de maio.
“Ainda não decidimos”, garantiu ontem, ao DN, Nuno Morna, líder regional .
O que é preciso? A resposta está na inclusão ou não das oito medidas no caderno de encargos da IL no programa de Governo.
“Que venha o programa de Governo, depois os órgãos regionais do partido decidirão que sentido dar ao nosso voto”, explica Nuno Morna, que acrescenta que “o PSD não está a facilitar as coisas (…) com as declarações insultuosas proferidas pelo secretário da Saúde, fica tudo muito difícil”.
Pedro Ramos, que já foi acusado pelo PS de prometer “cunhas” para atendimentos mais rápidos nos serviços de Saúde em troca de votos no PSD, afirmou ontem que “anormais, incompetentes e canalhas não têm lugar nesta terra”.
O PAN, que em janeiro, retirou a “confiança política” a Albuquerque e que só aceitava um PSD com outro líder - tal como o CDS que exigiu a sua saída imediata - aceita viabilizar Albuquerque.
“Deixaremos passar [o programa de Governo] desde que vá de encontro aos valores e princípios do PAN”, garantiu, ao DN, Mónica Freitas, líder regional.
O Chega já anunciou por várias vezes, e algumas por Ventura, que iria votar contra se Albuquerque continuasse porque “os princípios não estão à venda”. Porém, ontem, o líder regional, Miguel Castro, ao DN, admitiu “avaliar o programa” sendo que a “condição primordial” é o afastamento de Albuquerque.
E se o líder do PSD não sair? “A probabilidade será votar contra. Provavelmente vamos para eleições. A não ser que JPP viabilize”.
Horas antes, o Chega garantia que não iria votar “a favor de um executivo liderado por um presidente que é o exemplo máximo de gestão danosa da Causa Pública”.
A diferença? Passou da certeza de um “voto contra” para dois cenários: “não votar a favor” ou “probabilidade de votar contra”. E assim, abriu, de novo, a porta à abstenção, tal como o tinha feito quando garantiu ao representante da República que “não será pelo Chega que não haverá governo”.
Miguel Castro diz desconhecer a “possibilidade” de dois deputados passarem a independentes e assim aumentarem a minoria de Albuquerque de 21 para 23 .
Élvio Sousa (JPP), que atribui a PAN, CDS e IL a “responsabilidade dos destinos da região”, não esclareceu, ao DN, o sentido de voto: Abstenção ou contra? “Essa situação, de momento, deve ser questionada aos partidos que recusaram a solução de governo do JPP”, afirmou.
De todos os cenários, e há muitos, o mais provavél, para as fontes contatadas pelo DN, é a Abstenção de Chega, IL e PAN (4), votos contra de PS e JPP (20) e votos a favor, naturalmente, de PSD e CDS (21).