PAN defendeu a via centrista na visita a um neto de lobo
Nike foi um dos 55 cães que receberam Inês de Sousa Real na visita da porta-voz do PAN à Associação Arca do Amor, perto de Mafra, que há ano e meio serve de santuário para animais abandonados, devolvidos ou recolhidos de matilhas. Nenhum disponível para adoção, mas todos amistosos, mesmo se irrequietos, barulhentos ou imponentes, como o pastor belga de sete anos, batizado com nome de multinacional e que tem a particularidade de ser neto de lobo.
A ascendência de Nike, que deve o nome à profissão ligada ao desporto de Luís Grilo, que divide a liderança da Arca do Amor com a mulher, foi uma das revelações feitas ontem de manhã por quem enfrenta “coisas que podiam ser mais fáceis”, aguardando que a Câmara de Mafra leve eletricidade ao terreno, com abrigos para assegurar o conforto de cães. Como disse Sousa Real, enquanto dava festas aos canídeos residentes, há que reforçar apoios a este tipo de associações. E, “se a verba está prevista no Orçamento do Estado, tem de ser executada”.
Além do que conta garantir para a causa animal na próxima legislatura, Sousa Real aproveitou para reforçar críticas à Aliança Democrática (AD), desde logo ao cabeça de lista por Santarém, Eduardo Oliveira e Sousa, ex-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, que na véspera pôs em causa as alterações climáticas. Apontando “negacionismo” à coligação, criticou o “revivalismo inaceitável à luz dos valores do século XXI”, no qual incluiu as touradas, para as quais não quer “nem mais um cêntimo” do erário público.
“Isso só demonstra que o PAN tinha toda a razão quando criticou a AD”, defendeu a porta-voz, criticando implicitamente o Livre ao dizer que “não conseguimos compreender que haja forças políticas que se contradizem e, de repente, voltam atrás na palavra e estão disponíveis para viabilizar um Governo da AD”. Perante isso, Sousa Real, para quem o PAN “é o único voto que faz a diferença”, saiu da Arca do Amor com a mensagem de que só um reforço de votação capaz de lhe garantir um grupo parlamentar na próxima legislatura, servirá a defesa dos animais e o combate à crise climática, tal como a proteção da natureza e dos direitos humanos.
Alguns minutos mais tarde e quilómetros mais longe, numa visita à Apercim - Associação para a Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Mafra, a porta-voz do PAN voltou a comentar declarações de outros líderes partidários. E vendo com melhores olhos a disponibilidade avançada na véspera por Rui Tavares para discutir medidas com um futuro governo de centro-direita. “Congratulamo-nos por ver que finalmente há mais forças políticas a verem a importância de sermos, mesmo na oposição, capazes de construir pontes com quem está em condições de formar governo”, disse, realçando a diferença entre PSD e AD. E atribuindo a “agenda conservadora e de retrocesso” ao CDS-PP e PPM.
Percorrendo as instalações bem equipadas da Apercim, que ajuda 130 menores e adultos, com 60 a residir em dois lares, Inês de Sousa Real foi guiada pelo coordenador da associação, Hugo Silva, e por Abel, um dos utentes, que lhe mostrou os seus trabalhos de olaria e ouviu as últimas declarações políticas do dia de campanha. Aquelas em que a porta-voz culpou o PCP e o Bloco de Esquerda pela queda do segundo governo de António Costa, contrapondo que no PAN “nunca atirámos a toalha ao chão”. Após as legislativas será avaliado o que os mais votados estão prontos a fazer para se aproximarem das prioridades do PAN. Um “partido progressista”, que “tem medidas que reconhecemos serem mais de centro-esquerda, nas questões sociais, da mesma forma que no âmbito da habitação própria e permanente, para jovens, tem medidas que são mais de centro-direita”.