Nuno Melo: "Muito mais depressa o Chega será engolido pela IURD do que o CDS engolido pelo Chega"
Nuno Melo contraria "delírio" de André Ventura que diz ter já captado "99% dos militantes" centristas. Líder do Chega quer ainda "integrar toda a comunidade evangélica" no partido "nos próximos tempos". Presidente do CDS desafia Ventura para um debate: "Terá uma surpresa... venha ou receia o debate, o frente-a-frente?" Ventura ainda não respondeu.
O desafio está feito: "Venha debater comigo. E onde quiser: no jornal, na rádio, na televisão... onde quiser. Escolha o dia, a hora e venha debater o futuro da direita em Portugal em vez de mandar umas bocas ao CDS num jornal. Vai perceber que só o CDS não morreu como ainda terá uma surpresa venha ou receia o debate, o frente-a-frente?".
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Nuno Melo contraria, criticando, o "delírio" de André Ventura que diz ter a "certeza" de que "99% dos dos militantes, das estruturas [do CDS], estão, neste momento, no Chega, nas várias estruturas distritais".
"É difícil dizer isto, mas o CDS foi completamente engolido pelo Chega (...). Durante anos, o Chega foi alimentado sobretudo por militantes como eu, do PSD. Hoje, por todo o lado onde vou, pergunto às pessoas o que faziam antes de ser da estrutura do Chega da Covilhã ou de Benavente e a resposta que ouço é: eu era do CDS", afirmou André Ventura em entrevista ao Sol.
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O líder do CDS, que lembra a Ventura os "40 mil militantes" centristas, afirma que o seu partido "mantém muitos milhares, a esmagadora maioria dos militantes e posso até dizer que grande parte dos militantes que se têm filiado nos últimos tempos são militantes que tinham saído do CDS para o Chega e que agora voltaram, outros que vieram do Chega porque querem uma atividade partidária que no CDS é um espaço de liberdade".
E essa, entre outras, diz, é uma "substancial diferença". É que, garante Nuno Melo, "esses militantes vêm para o CDS porque sabem que no Chega para serem o que seja nas estruturas locais têm que ser nomeados. No CDS podem-se candidatar, ser eleitos e ter um pensamento livre, muitas vezes diferente do líder do partido sem que isso lhes traga qualquer consequência negativa". "E veja: estamos num jantar, uma tomada de posse em Leiria. Pode contar o número de militantes que aqui estão e quantas estruturas representam. As salas enchem. Se há nota relevante que tenho percebido em cada deslocação é que as salas enchem. Fazemos uma convenção autárquica e juntamos perto de 500 pessoas, fazemos uma tomada de posse numa segunda-feira, em Lisboa, e temos mais de 300 pessoas, fazemos uma tomada de posse aqui, em Leiria, e temos 200 e tal pessoas. Os militantes do CDS estão muito mobilizados", assegura.
O espanto "político", confessa, é que Ventura "assume, reconhece, confessa a grande influência [na entrevista ao SOL] dos protestantes evangélicos no partido e ato contínuo vem dizer que o CDS foi engolido pelo Chega. O que eu tenho dizer ao André Ventura é que muito mais depressa verá o Chega engolido pela IURD do que alguma vez terá o CDS engolido pelo Chega".
Na entrevista, André Ventura revelou que "os evangélicos são hoje um presença importantíssima no Chega" e que "um dos grandes objetivos políticos" que tem "é integrar toda a comunidade evangélica no Chega nos próximos tempos".
"Nós temos acolhido muitos imigrantes brasileiros que se reveem no Chega e que se juntam ao Chega para ter aqui um espaço político de acolhimento (...) a comunidade evangélica tem ajudado muito", afirmou.
Nuno Melo, que sublinha o "engolir do Chega pela IURD", afirma existir no parlamento "um vazio ideológico e programático" com a saída do CDS e que nem o Chega nem Iniciativa Liberal ocuparam esse espaço político, essa "dimensão política".
"O CDS não tem uma visão dogmática e central de mercado como a IL que nas questões sociais é muito próxima do BE e do PS, nem é um partido de protesto puro e duro sem uma ideia para Portugal como é o Chega. Aliás, de cada vez que têm uma ideia para Portugal surpreendem. Olhe, por exemplo aquela dos 125 euros de subsídio a cada português, todos os meses, durante todo o ano de 2023, garantindo com isso um rombo maior do que o orçamento do SNS . E promovendo a subsidiodependência de ricos, de pobres, de remediados, de quem fosse", explica.
E a diferença? "É simples", diz Nuno Melo. "O CDS é o fiel entre o mercado, que defendemos, e as preocupações sociais. Isso é que é o CDS. E isso não está no Parlamento. Nem no Chega, nem na IL. Nós colocamos a pessoa no centro da nossa ação política, mas vendo nas vantagens do mercado a melhor ferramenta para retirar as pessoas da pobreza", responde.
artur.cassiano@dn.pt
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