Morreu Margarida Tengarrinha, militante antifascista
Aos 95 anos, morreu hoje, internada no Hospital de Faro, a resistente antifascista e militante do PCP Margarida Tengarrinha.
Originária da alta burguesia de Portimão - o pai dirigiu a delegação local do Banco de Portugal - logo na adolescência começou a participar em ações de protesto contra a ditadura.
Professora e artista plástica, estudou na ESBAL (Escola Superior de Belas Artes). Pelo seu envolvimento em manifestações a favor da saída de Portugal da NATO, foi expulsa da escola em 1952 e proibida não só de estudar como de dar aulas.
Foi nesse ano que se tornou militante - para a vida - do PCP. As suas capacidades artísticas seriam bastante usadas pelo PCP na falsificação de documentos. Em 2018 publicou um livro autobiográfico intitulado, precisamente, "Memórias de uma falsificadora".
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Foi em Belas Artes que conheceu o militante comunista com quem casaria, José Dias Coelho, de quem teve duas filhas, Teresa e Margarida. Em 1955, José e Margarida passam à clandestinidade. Em 1961, Dias Coelho é assassinado pela PIDE, numa rua de Alcântara - o acontecimento que José Afonso evocaria em "A morte saiu à rua".
Depois, Margarida Tengarrinha parte para o exílio em Moscovo trabalhando diretamente com Álvaro Cunhal. Passou por Portugal em 1968 mas só regressaria definitivamente em 1970. Integrou o Comité Central do partido e foi deputada na Assembleia da República entre 1979 e 1983.
Em meados dos anos 80 do século passado regressou a Portimão, dando aulas na Universidade Sénior.