Manuela Barros Ferreira, resistente antifascista e fundadora do Bloco de Esquerda, morreu este sábado, no Hospital de Serpa. Tinha 84 anos e nunca esteve ligada à vida política do partido..Nascida em Braga em 1938, mudava de localidade sempre que o pai (bancário) mudava de local de emprego e assim viveu e conheceu e quase todo País. Quando foi estudar arquitetura e pintura para o Porto acabou presa pela PIDE, acusada de pertencer ao Partido Comunista, por ter ido distribuir panfletos a favor da liberdade de expressão na companhia daquele que viria a ser seu marido (Cláudio Torres)..Quando estalou a guerra colonial (1961) estava grávida e fugiu para Marrocos com o marido e mais cinco companheiros, que recusaram ir combater. Trabalhou como desenhadora de Urbanismo antes de se refugiar na Roménia, onde durante onze anos foi locutora da Rádio Bucareste sob pseudónimo (tal como o marido, que regressou a Portugal logo após o 25 de Abril)..Segundo o site Esquerda.net, depois de recuperado o verdadeiro nome, Manuela formou-se em Filologia Românica. Em 1973 regressou a Portugal, foi novamente presa, desta vez em Caxias, e libertada sob caução. Foi admitida como bolseira de investigação no Centro de Estudos Filológicos, ligado à Universidade de Lisboa. Doutorou-se em 1987 e trabalhou em projetos de Geografia Linguística. Entre 1997 e 1999 coordenou do ponto de vista científico a equipa que instituiu a Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa, o que contribuiu para o seu reconhecimento como língua oficial..Aposentada desde 2002, vivia em Mértola com a família. O corpo de Manuela Barros estará na Casa Mortuária de Mértola, domingo, a partir das 09.00..Twittertwitter1550855838843150336