Luís Montenegro manteve-se em silêncio mesmo depois de Pedro Nuno Santos ter assumido que se mantém na pasta das Infraestruturas e Habitação. O líder eleito do PSD, que será legitimado no congresso do partido, que começa hoje no Porto, apenas fez saber por fonte que lhe é próxima que não teria sido informado da solução aeroportuária para Lisboa que o ministro anunciou na quarta-feira ao país..No PSD admite-se que será difícil que no discurso de abertura da reunião magna do partido, Montenegro não pegue no assunto para começar a sua "oposição firme" ao Governo de António Costa. Ainda que a partir do momento em que o ministro assumiu o pedido de desculpas e o "fico", o líder do PSD será ouvido sobre a futura decisão do aeroporto..Ontem quem fez as despesas da oposição ao executivo foi ainda o líder em exercício de funções, Rui Rio. Já depois de saber da permanência de Pedro Nuno Santos no Governo, considerou que o executivo "não está a ser eficaz " nem tem "credibilidade perante a sociedade". E desabafou, com a ideia de que o Presidente da República "não pode estar satisfeito": "Ninguém consegue entender isto muito bem"..Horas antes, no Parlamento, afirmou que o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, "não tem condições" para continuar no Governo e considerou que, se o primeiro-ministro não o demitisse, o Presidente da República deveria intervir..Rui Rio falava aos jornalistas no parlamento depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter determinado a revogação do despacho publicado na quarta-feira sobre a solução aeroportuária para a região de Lisboa e reafirmado que quer uma negociação e consenso com a oposição sobre esta matéria.."É claro para mim que o ministro não tem condições para estar no Governo (...) Se o primeiro-ministro assobiar para o ar e tentar que tudo continue na mesma, acho que o Presidente da República numa situação destas deve ter uma intervenção", afirmou o presidente do PSD, considerando que o que se passou "é algo de quase inédito"..Rui Rio salientou que o que foi anunciado na quarta-feira "não foi uma decisão do Governo, mas uma decisão unilateral de um ministro"..O Ministério das Infraestruturas divulgou na quarta-feira que a nova solução aeroportuária para Lisboa passava pela construção de um novo aeroporto no Montijo até 2026 e por encerrar o aeroporto Humberto Delgado, quando estivesse concluído o de Alcochete, em 2035..Para o presidente do PSD, a atitude de Pedro Nuno Santos foi "de extrema gravidade e de falta de respeito ao próprio primeiro-ministro". "Aquilo que para mim é claro é que o ministro não tem condições para estar no Governo, se fosse eu não tinha, o primeiro-ministro é que tem de avaliar isto. Se o ministro continua em funções, o Governo está numa situação de confusão geral que ninguém entende", alertou..No caso de António Costa não demitir Pedro Nuno Santos, o presidente do PSD defende que "até o Presidente da República devia forçar essa demissão"..Rui Rio defendeu, por outro lado, que Pedro Nuno Santos já nem deveria ter integrado este Governo, por uma série de outros dossiers, designadamente a TAP.."Eu não sei até que ponto não faz isto para fugir de um dossier que criticou e que é extremamente penoso para o país e está a correr da pior maneira", sugeriu, dizendo que Pedro Nuno Santos "já nem deveria ter entrado para o Governo após as eleições"..Questionado sobre as ilações para o primeiro-ministro e para o Governo, o presidente do PSD disse existir uma responsabilidade de António Costa por ter "voltado a trazer" Pedro Nuno Santos para o executivo "da forma como se comportou no Governo anterior".."Ele entra como ministro há tão pouco tempo e já está a criar dificuldades que eram previsíveis que ia criar. Desautorizar de forma tão frontal o primeiro-ministro, isso penso que ninguém adivinhava", disse..E à pergunta se esta situação representa uma vitória para o PSD, Rio respondeu negativamente.."Isto é manifestamente uma derrota para o Governo. Não é necessariamente uma vitória seja para quem for", considerou..No primeiro debate quinzenal desta legislatura, o primeiro-ministro disse que aguarda a decisão do presidente eleito do PSD, Luís Montenegro, sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa porque é preciso "consenso nacional suficiente" para que decisão tomada seja "final e irreversível"..A líder parlamentar do PCP, Paula Santos, levantou a questão da localização do novo aeroporto de Lisboa na segunda ronda de perguntas ao primeiro-ministro. Com Lusa