O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, defendeu hoje que a revolução de 25 de Abril foi construída não só em Portugal, mas também pelas antigas colónias, cujos presidentes se reuniram hoje em Lisboa.."É preciso que nas nossas escolas, em Portugal e nos países da lusofonia ensinemos a verdade: o 25 de Abril foi construído em Portugal, em Angola, em Moçambique, em São Tomé e Príncipe, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, e a nossa presença nesta efeméride é um tributo merecido aos heróis da luta anticolonialista e aos jovens capitães portugueses que a 25 de abril puseram fim a um regime que subjugava os nossos povos", disse o Presidente moçambicano..Falando durante a sua intervenção na cerimónia que assinala os 50 anos do 25 de Abril, e que junta no Centro Cultural de Belém os Presidentes dos países das antigas colónias, com exceção do Brasil, representado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Filipe Nyusi afirmou que esta efeméride é "a celebração da vitória numa luta partilhada"..No discurso, o chefe de Estado moçambicano vincou que quem estava em guerra não eram os povos português e moçambicano, mas sim soldados que eram obrigados a cumprir ordens "de um regime fascista" de que os jovens tinham dificuldade em escapar, por um lado, e um povo unido pelo desejo de liberdade, do outro..Apreciamos a postura dos líderes da nova geração portuguesa, pautada por elevada estatura moral e humanismo", disse Nyusi, acrescentando que "Portugal reconhece erros cometidos contra os povos que lutaram pela liberdade, erros que são indesculpáveis, desonram a nossa história e merecem a condenação de quem respeita a vida e a dignidade humana"..Isso, no entanto, não afasta as boas relações entre Portugal e os países da lusofonia, continuou Nyusi, apontando como exemplo o facto de os presidentes dos países africanos lusófonos terem todos aceitado o convite para vir a Lisboa celebrar o 25 de Abril..A festa dos 50 anos de democracia levou à rua centenas de milhares de pessoas que encheram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, para celebrar o 25 de Abril no tradicional desfile comemorativo. .Pintada com as cores dos cravos vermelhos, dos cartazes e das bandeiras de Portugal, de partidos e movimentos da sociedade civil, a Avenida da Liberdade voltou hoje a ser palco do tradicional desfile comemorativo do 25 de Abril. Hoje, uma festa especial, que assinalou o cinquentenário da revolução dos cravos..O primeiro-ministro português agradeceu a presença do Presidente do Brasil num jantar comemorativo dos 50 anos do 25 de Abril na residência oficial da Embaixada de Portugal em Brasília.."Na impossibilidade de acompanhar em Lisboa as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, o Presidente da República Federativa do Brasil honrou esta efeméride com a sua presença num jantar na residência oficial do Embaixador de Portugal em Brasília. Um gesto que agradeço e assinala, também no Brasil, esta importante data na comunidade lusófona", escreveu Luís Montenegro, na rede social X (ex-Twitter)..A 11 de abril, em declarações à Lusa, fontes oficiais brasileiras indicaram que o Presidente brasileiro não marcaria presença em Portugal nas comemorações dos 50 anos 25 de Abril, tendo posteriormente adiantado que Lula da Silva participaria num jantar comemorativo da data na residência oficial da Embaixada de Portugal em Brasília..O Presidente do Brasil esteve presente na Assembleia da República no 25 de Abril do ano passado, o que gerou polémica..Em fevereiro de 2023, o então ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, durante uma viagem a Brasília, anunciou que Lula da Silva iria discursar na sessão solene dos 49 anos da celebração da Revolução dos Cravos..Contudo, após críticas de várias bancadas parlamentares portuguesas, o chefe de Estado acabou por não discursar nem estar na sessão solene 25 de Abril..O Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, considerou hoje que Portugal soube reconhecer a derrota colonial e que a reconciliação com os países vencedores aconteceu rápida, imediata e naturalmente.."Os portugueses souberam reagir às mudanças sem ódio nem vinganças, sem fuzilamentos, sem guerra civil, aceitaram as independências e lutaram connosco pelo longínquo Timor", disse Ramos-Horta durante a sua intervenção na cerimónia de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, que juntou todos os presidente dos países africanos lusófonos, hoje em Lisboa.."[Os portugueses] não viraram as costas, e as sociedades e os líderes das novas nações independentes souberam igualmente, com verdadeira grandeza de vencedores, saudar Portugal e as relações de amizade foram consolidadas", acrescentou o chefe de Estado timorense, notando que "a normalização das relações com o antigo poder colonial foi imediata, a reconciliação foi natural e o processo foi célere"..Na intervenção, Ramos-Horta fez a distinção entre o Portugal antes da revolução, "asfixiado e isolado", com o país que se seguiu, exclamando: "Quanto mudou para melhor, para muito melhor, em todas as vertentes!"..Criticando as guerras que ocupam as primeiras páginas dos jornais "e as outras em todo o mundo que não chegam à comunicação social", Ramos-Horta disse que a cerimónia de hoje em Lisboa "honra a coragem de quem lutou pela liberdade e renova os compromissos com valores democráticos que definem as nossas nações"..Na intervenção feita esta tarde em Lisboa, o Presidente timorense disse ter "orgulho nos PALOP" (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e disse que os timorenses são "eternamente gratos pela fraterna solidariedade durante os anos negros da jornada pela independência"..O Presidente da República celebrou hoje "as pátrias e os povos irmãos" das antigas colónias de Portugal "que o 25 de Abril uniu", considerando que o futuro será guiado pelas memórias e lições do passado colonial..Marcelo Rebelo de Sousa falava numa sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril, no grande auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, para a qual convidou os chefes de Estado de Angola, Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste, que discursaram antes..Num curto discurso, de menos de quatro minutos, o chefe de Estado descreveu esta sessão como um encontro "de futuro" e fez breves referências ao passado colonial.."Do passado colonial guardamos todos as memórias e as lições que nos hão de guiar no futuro", afirmou.."Do passado livre dos últimos 50 anos retiramos a inspiração para irmos mais longe na afirmação da força do nosso futuro, na língua, na cultura, na ciência, no Estado de direito, na sociedade, na economia, na diplomacia da paz, do desenvolvimento sustentável, da luta contra a pobreza, da ação climática, do respeito pelo direito internacional e os direitos humanos, do multilateralismo, do universalismo", acrescentou..Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "foi assim há 50 anos, com os capitães de Abril, culminando tantos sonhos e tantos heroísmos da resistência", e "assim será para sempre".."Nós o prometemos, neste encontro do futuro. Viva o 25 de Abril, vivam as pátrias e os povos irmãos que o 25 de Abril uniu há 50 anos. Viva Angola, viva Cabo Verde, viva a Guiné-Bissau, viva Moçambique, viva São Tomé e Príncipe, viva Timor-Leste, viva o precursor Brasil, viva a CPLP, viva Portugal, livre e democrático, 50 anos depois", exclamou..Cerimónias do 25 de abril no Centro Cultural de Belém. O Presidente da República de Angola, João Lourenço (E), acompanhado pelo Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, intervém na sessão comemorativa do 50º aniversário do 25 de abril MIGUEL A. LOPES / Lusa.O presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, congratulou hoje Portugal pelo "espírito corajoso" com que fez a Revolução dos Cravos, há 50 anos, que permitiu o regresso da democracia.."Congratulo o Presidente e o povo de Portugal pelos 50 anos do retorno da democracia e celebro o espírito corajoso alimentado pela Revolução dos Cravos e o triunfo sobre o autoritarismo. Este marco sublinha o duradouro compromisso de liberdade e democracia partilhado pelos nossos países", escreve Joe Biden numa carta enviada ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa..Na missiva, o Presidente norte-americano diz que Portugal "está entre os primeiros países que reconheceu os Estados Unidos" da América, após a revolução e lembrou que os fundadores americanos "brindaram a celebração da independência com vinho da Madeira"..O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, manifestou hoje o "orgulho" do povo guineense de ter dado "o contributo original" para a transformação histórica que culminou na Revolução de Abril, na descolonização, e na democracia nos PALOP..Sissoco Embaló recordou que há 50 anos, quando se deu o 25 de Abril, o "povo guineense em luta - dirigido pelo Partido Africano para a Independência da Guin+é e Cabo Verde (PAIGC) de Amílcar Cabral - já tinha proclamado unilateralmente a sua própria independência nacional, o seu próprio Estado" e este "evento histórico relevante" em 24 de Setembro de 1973, foi reconhecido "por uma larga maioria" dos membros da ONU.."A evocação da Revolução portuguesa do 25 de Abril convoca imediatamente para uma reflexão conjunta das lutas de libertação nacional dos nossos povos", disse Embaló, sublinhando a ocorrência de "dois processos históricos que se cruzavam"..Estes dois processos, disse, "tinham em comum uma mesma aspiração", liberdade e libertação nacional, pelo que não foi "de estranhar que uma convergência estratégica -- entre os combatentes contra o Império e os combatentes contra a ditadura - começasse a ganhar, pouco a pouco, maior densidade, maior força"..O líder parlamentar do Chega insistiu que o Presidente da República deve retratar-se pelas declarações sobre colonialismo e esperava que o tivesse feito no seu discurso do 25 de Abril em vez de uma "resenha histórica".."O discurso do senhor Presidente República nesta cerimónia dos 50 anos do 20 de Abril foi praticamente uma resenha histórica" sem "muito conteúdo, apenas com conteúdo histórico", afirmou Pedro Pinto..O deputado falava aos jornalistas no final da cerimónia solene que assinala os 50 anos 25 de Abril, na Assembleia da República..O líder parlamentar do Chega assinalou que Marcelo Rebelo de Sousa "não tocou no tema que tinha tocado ontem", das "supostas dívidas" de Portugal "com as nossas ex-colónias ou com o passado colonial", indicando que o partido esperava que o fizesse..Pedro Pinto disse ter "muito, muito orgulho" na História de Portugal e pediu ao chefe de Estado "que se retrate" por na terça-feira ter reconhecido responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial e sugerido o pagamento de reparações pelos erros do passado.."Se não o fez hoje, terá de se retratar perante os portugueses noutra ocasião, disse, indicando que o partido vai "outra vez insistir na questão durante a próxima semana"..Questionado como é que o Chega fará isso concretamente, Pedro Pinto disse que pedir para ser recebidos pelo Presidente da República "é uma das coisas que está em cima da mesa".."Durante as próximas horas vão ter novidades sobre isso, vamos unir a liderança do grupo parlamentar e vamos falar sobre isso", afirmou..O secretário-geral do PCP considerou hoje que o Presidente da República, no seu discurso do 25 de Abril, "passou por cima" das dificuldades que as pessoas atravessam e também "das opções políticas" que conduziram à situação..Em declarações aos jornalistas no final da sessão solene comemorativa dos 50 anos da Revolução dos Cravos, o comunista afirmou que Marcelo Rebelo de Sousa fez "uma intervenção circunscrita a figuras, nomes, passando por cima de dois aspetos fundamentais, desde logo, das opções políticas que conduziram a estes diferentes momentos que o Presidente caracterizou, e passando por cima de uma realidade concreta da vida das pessoas e das soluções que se abriram com este Abril de 50 anos e que é preciso concretizar"..Paulo Raimundo disse acompanhar o chefe de Estado na "ideia de que a democracia exige que se dê respostas à maioria das pessoas" e defendeu que "isso tem de ser acompanhado de medidas concretas", como "mais salários, acesso ao Serviço Nacional de Saúde, acesso à educação, menos precariedade, menos horários desregulados, menos aquilo que pressiona a vida da maioria da população".."Nós achamos que o senhor Presidente da República, fazendo uma afirmação genérica sobre as dificuldades em que as pessoas vivem, esqueceu-se de ir ao concreto, passou ao lado do concreto da vida", criticou..O presidente da Câmara Municipal de Lisboa disse hoje que, com a "polarização dos extremos, à esquerda e à direita", o mais difícil é ser "um político moderado"..Carlos Moedas falava aos jornalistas durante a sua participação no desfile do 25 de Abril, em Lisboa, que juntou milhares de pessoas na Avenida da Liberdade, numa demonstração do que o autarca classificou de "uma festa de união" dos portugueses.."É preciso estarmos unidos. O 25 de abril não é de uns nem de outros, é de todos, de todos os portugueses e é preciso que essa união seja real", disse..E recordou que deve à revolução o que hoje é: "Não seria presidente da câmara, não teria feito a carreira que fiz, porque era um miúdo de uma família pobre do Alentejo e aqui estou e ver esta união entre os portugueses"..Carlos Moedas referiu que a sociedade se polarizou, "não só em Portugal, mas também na Europa" e que "essa polarização é má para a democracia, esse distanciamento, esse ódio que muitas vezes é criado".."O problema de hoje não é só a extrema-direita, é também a extrema-esquerda; há uma polarização dos extremos, à esquerda e à direita, que é perigosa para a sociedade e para a democracia", observou..Nuno Brites / Global Imagens.Nuno Brites / Global Imagens.Nuno Brites / Global Imagens.Nuno Brites / Global Imagens.Nuno Brites / Global Imagens.Em Santarém, prestou-se tributo a Salgueiro Maia, no Jardim dos Cravos. Entre os presentes, estiveram, a esposa, Natércia Salgueiro Maia, e a filha, Catarina Salgueiro Maia; João Andrade da Silva, da associação Salgueiro Maia; João Luíz Madeira Lopes, presidente da comissão das comemorações populares do 25 abril- Associação Cultura e o presidente da câmara municipal, Ricardo Gonçalves..O Presidente da República cabo-verdiano afirmou hoje que a "manifesta incapacidade" dos governos em responder às exigências dos cidadãos conduz a fenómenos como o populismo nos países desenvolvidos e à tomada do poder pelos militares nos estados pobres..José Maria Neves discursava em Lisboa durante a sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, que contou com a participação de chefes de Estado das antigas colónias portuguesas.."No dealbar do século XXI, surgem sinais que despertam, naturalmente, muita preocupação. Há um sentimento de que a democracia está a ser carcomida, assiste-se a um recuo efetivo e a fortes ameaças", disse..Para José Maria Neves, "a globalização tem conduzido ao empobrecimento e compressão da classe média, nos países desenvolvidos, e ao aumento das desigualdades entre e nos diferentes países".."Tem havido, por outro lado, um aumento da polarização social e política -- os consensos são cada vez mais difíceis -, a fragilização das instituições que são importantes instrumentos de intermediação entre o Estado e a sociedade e participantes destacados na formação de políticas públicas", disse..E acrescentou que se constata ainda "uma manifesta incapacidade dos governos em responder à complexidade da ecologia política e às demandas e exigências dos cidadãos e da sociedade civil"..O Presidente de Angola, João Lourenço, defendeu hoje em Lisboa que o desafio que as ex-colónias têm atualmente é "o da consolidação da democracia, da diversificação e fortalecimento" das suas economias..João Lourenço, que intervinha na sessão comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, com os chefes de Estado de Portugal e das antigas colónias portuguesas, cuja independência esteve ligada ao 25 de Abril, iniciou a sua intervenção com uma saudação ao derrube "da ditadura salazarista, responsável pela opressão não só do povo português como também dos povos das então colónias portuguesas"..A sessão comemorativa do 50.º aniversário decorre no Centro Cultural de Belém e é presidido pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, com as presenças também do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e dos chefes de Estado de Cabo Verde, José Maria Neves, da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, de Moçambique, Filipe Nyusi, de São Tomé e Príncipe, Carlos Vila Nova, e de Timor-Leste, José Ramos-Horta..Os líderes de PS, BE, PCP e IL enalteceram a participação cívica massiva no desfile popular que assinalou os 50 anos do 25 de Abril de 1974, em Lisboa, apesar das visões distintas para o futuro do país.."É um ótimo sinal, é extraordinária esta participação massiva do povo português neste desfile, a celebrar os 50 anos do 25 de Abril com uma força, um entusiasmo de quem não quer andar para trás, de quem vai travar e dar combate a qualquer retrocesso social, económico ou cultural. O povo está cá para salvaguardar, proteger os valores de Abril, a nossa democracia política, mas social e cultural também", defendeu o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos..Mais atrás, na reta final do desfile, como tem sido habitual, uma comitiva da Iniciativa Liberal também se juntou à manifestação popular, com Rui Rocha a lembrar que o seu partido participa neste momento desde que foi fundado, "mesmo quando quiseram tentar que não" estivessem..O liberal saudou a participação cidadã no desfile, considerando-a "um bom sinal"..À esquerda, a coordenadora do BE Mariana Mortágua, rejeitou estar perante uma manifestação mas sim "uma ocupação pela liberdade", falando num "país inteiro que saiu à rua".."Há uma maioria de gente que sai à rua nos 50 anos e não é só para celebrar o 25 de Abril, para marcar um dia simbólico, é para marcar uma posição: para dizer que em Portugal a democracia não se negoceia, a democracia não está em causa, há uma maioria de pessoas que apoia a democracia, que defende a democracia, que acha que é o melhor sistema para Portugal", considerou..Também o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, enalteceu a participação massiva, expressiva" e até "emotiva" manifestada pelos cidadãos, classificando-a como "uma grande afirmação de Abril".."Há aqui uma afirmação de Abril e, simultaneamente, da exigência que se cumpra Abril na vida das pessoas", afirmou..O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não respondeu, na intervenção com que encerrou a sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, aos ataques que lhe foram desferidos por André Ventura, Rui Rocha e Paulo Núncio nos minutos anteriores. Sem qualquer menção às reparações que defendeu na terça-feira deverem ser pagas por Portugal às suas antigas colónias, Marcelo falou apenas do “fim do Império que durou cinco séculos” como uma das consequência da revolução que está a ser celebrada na Assembleia da República. Num longo discurso, em que enumerou os três ciclos “muito diversos” que marcaram as últimas cinco décadas, o Chefe de Estado homenageou alguns dos presentes na cerimónia, como os ex-Presidentes da República Ramalho Eanes e Cavaco Silva, mas também muitos dos que já não estão vivos, desde Mário Soares a Sá Carneiro, Álvaro Cunhal, Freitas do Amaral e Jorge Sampaio. Sobre o 25 de Abril de 1974, disse que “nenhuma outra revolução ou golpe militar são comparáveis” na História de Portugal e que “nenhum outro império europeu moderno” enfrentou o mesmo tipo de circunstâncias em tão pouco tempo. “A Revolução só existiu porque a ditadura não soube ou não quis fazer uma transição como a da vizinha Espanha”, disse o Chefe de Estado, sublinhando que “preferimos sempre a democracia, mesmo que imperfeita, à ditadura”.E o dia? O Presidente foi alvo de críticas pela IL, Chega e CDS. PSD e PS preferiram o silêncio. A esquerda ignorou. .E governo? "Este assunto é tóxico (...) Não podemos deixar perturbar toda a cooperação que temos vindo a fazer com os PALOP (...) Nada disto foi articulado nem connosco nem com o anterior Governo", referem fontes do Governo ao Expresso..Na sequência das declarações de Marcelo, a ministra da Igualdade Racial do Brasil já veio pedir "acções concretas" por parte de Portugal..Desde manhã cedo, com a cerimónia militar na Praça do Comércio, em Lisboa, onde desfilaram, em viaturas da época, militares que fizeram o golpe do Movimento das Forças Armadas (MFA que derrubou a ditadura em 1974, milhares de pessoas passaram também no Largo do Carmo e, à tarde, encheram a avenida da Liberdade, na capital, como há muitos anos não se via. Manifestações e desfiles repetiram-se no Porto, Coimbra, Faro e noutras cidades..Depois do desfile militar, as cerimónias oficiais passaram para dentro da Assembleia da República, para os tradicionais discursos políticos, marcados pelas críticas do CDS-PP, Iniciativa Liberal e o Chega, que acusou Marcelo de traição aos portugueses por ter reconhecido a responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial, sugerindo o pagamento de reparações pelos erros do passado.."Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto", afirmou Marcelo, citado pela agência Reuters, na terça-feira, num jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal..A frase foi gatilho para um ataque por parte da direita, a começar por Paulo Núncio, líder parlamentar do CDS, que rejeitou "revisitar heranças coloniais" e "deveres de reparação": "Não queremos controvérsias históricas nem deveres de reparação que parecem importados de outros contextos fora do quadro lusófono.".Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal (IL), considerou que, quem declara ser obrigação de Portugal "indemnizar terceiros" pelo passado, está a atentar "contra os interesses do país" e disse a Marcelo: "E não, senhor Presidente, História não é dívida. E História não obriga a penitência.".O mais violento nas críticas foi André Ventura, do Chega. "O senhor Presidente da República traiu os portugueses quando diz que temos de ser culpados e responsabilizados pela nossa História, que temos de indemnizar outros países pela História que temos connosco", criticou..Pelos partidos de esquerda, a questão foi secundarizada, nos discursos e nas declarações após o discurso de Marcelo, embora Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, tenha dito ser importante que Portugal, tal como acontece noutros países, faça um debate sobre o seu passado colonial e rejeitou a narrativa da direita que "culpa a democracia por tudo o que de mal aconteceu"..O PS, através de Alexandra Leitão, líder parlamentar, sublinhou que o discurso do Presidente foi de "união em torno destes 50 anos", concordando que "por mais imperfeita que seja a democracia é sempre melhor do que qualquer ditadura"..Marcelo, disse, fez um discurso de "um percurso histórico, de forma analítica destes 50 anos, referindo personalidades de vários quadrantes políticos" e "nesse sentido foi um discurso de união"..E o que o Chefe do Estado defendeu foi isso mesmo, depois de revisitar as origens, os acontecimentos do 25 de Abril. Sem responder à polémica que o envolve, afirmou: "Tenhamos a humildade e a inteligência de preferir sempre a democracia, mesmo imperfeita, à ditadura.".Dos discursos ficam a defesa da democracia, e com balanços diferentes dos últimos 50 anos. Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, prometeu defender a democracia política, social e cultural "dos ataques dos novos e velhos inimigos", considerando que Abril é uma vitória dos portugueses cujos problemas "não se resolvem com o populismo"..Pelo PSD, a deputada independente Ana Gabriela Cabilhas alertou que "os políticos estão ao serviço do povo" e devem trabalhar para resolver os seus problemas, criticando os que querem "dividir o país"..Ainda à esquerda, Maria Mortágua, do BE, criticou as "carpideiras do salazarismo", avisou que "os saudosistas são perigosos porque vivem para a mentira" e pediu um "manifesto pelo futuro" com alertas sobre o capitalismo..Já Rui Tavares, do Livre, improvisou, lembrou o 25 de Abril como a "mais bela revolução do século XX", uma data única, apelando a um país "cheio de desejos de objeto político" contra os inimigos da revolução..Pelo PCP, o novo secretário-geral, Paulo Raimundo, criticou uma minoria "que tudo fez e faz para destruir conquistas e recuperar o poder perdido", procurando "falsificar e reescrever a história", e pediu que se retome "a esperança em Abril"..A deputada do PAN Inês Corte Real alertou que os direitos humanos estão a ser postos em causa e defendeu que é hora de o país se "erguer contra aqueles que procuram silenciar a voz de Abril"..De cravo vermelho ao peito, na mão, na mochila ou atrás da orelha, miúdos e graúdos arrancaram da Praça da República, por volta das 15:30, gritando "25 de Abril Sempre, fascismo nunca mais"..Entre os manifestantes despontava um cravo vermelho com 1,60 de altura, que Carla Dionísio construiu com papel Eva, com 50 pétalas, uma por cada um dos 50 anos que a revolução assinala..A comissão organizadora das comemorações populares dos 50 anos do 25 de Abril, em Coimbra, convocou toda a cidade a participar na manifestação popular, que rumou até ao Pátio da Inquisição, "com tanta gente como nunca se viu"..Mais de oito mil pessoas saíram à rua em Coimbra, participando numa manifestação popular que desfilou pelo coração da cidade, para "não deixar adormecer a democracia" e "continuar a regar a liberdade" conquistada há 50 anos..O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que desceu hoje a Avenida da Liberdade, em Lisboa, alertou que "a democracia é de uma magnífica fragilidade" e é necessário "cuidar dela", através da participação cívica..A segunda figura da hierarquia do Estado falava aos jornalistas no tradicional desfile do 25 de Abril, que hoje assinala o cinquentenário da Revolução dos Cravos, numa presença inédita, uma vez que é a primeira vez que um presidente do parlamento representa a instituição nesta comemoração popular.."A democracia é de uma magnífica fragilidade e, por isso, temos de cuidar dela todos os dias. Depende de nós, só de nós, a construção de uma democracia mais sólida e mais forte. E esta é a mensagem que temos que passar: ninguém fará por nós aquilo que nós não estivermos disponíveis para fazer", defendeu José Pedro Aguiar-Branco.. O líder parlamentar do PSD elogiou hoje o discurso do Presidente da República no parlamento por evocar as principais figuras da história democrática nacional e salientou os apelos ao diálogo e à construção de políticas públicas..Hugo Soares falava aos jornalistas no parlamento, no final da sessão solene comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril, depois de questionado sobre o teor do discurso proferido pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.."Creio que o Presidente da República fez um discurso muito abrangente, em que saudou as principais figuras da história democrática portuguesa. Creio que fez bem, porque celebrar os 50 anos do 25 de Abril é também celebrar a História e honrar aqueles que a construíram. Fê-lo de uma forma muito genuína, expressando o sentimento de todos os portugueses", sustentou o presidente da bancada social-democrata..Hugo Soares apontou também que o Presidente da República "tem repetidamente deixado uma mensagem com apelo ao diálogo e à construção de políticas públicas que possam melhorar a vida dos portugueses"..Interrogado sobre a posição de Marcelo Rebelo de Sousa a favor de reparações pelo passado colonial de Portugal, o líder da bancada social-democrata recusou-se a comentá-las..A líder parlamentar da Iniciativa Liberal considerou que o discurso do Presidente da República na sessão solene do 25 de Abril se caracterizou por revisitar o passado para contornar o presente e ignorar o futuro..Esta posição sobre o teor do discurso proferido por Marcelo Rebelo de Sousa foi defendida por Mariana Leitão em declarações aos jornalistas no parlamento, em que também criticou declarações recentes do chefe de Estado sobre o período colonial da História de Portugal.."O discurso do Presidente da República revisitou o passado, contornou o presente e ignorou o futuro. Consideramos que revisitar e celebrar o passado é importante, mas também o é para garantir que existe continuidade em relação ao futuro e que há compromissos em relação ao futuro", afirmou..Na perspetiva da presidente da bancada da Iniciativa Liberal, no discurso do chefe de Estado, faltou "a parte sobre o que é preciso fazer para futuro, porque Portugal continua a ser um país com fragilidades".."Precisamos de um compromisso dos agentes políticos sobre esse futuro", completou..Mariana Leitão foi depois questionada sobre a posição de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o período colonial de Portugal e sobre eventuais reparações a fazer às antigas colónias.."A posição do Presidente da República foi além disse e acabou por alimentar sectarismos que não fazem sentido. A História não se resume a uma conta corrente entre os diferentes países. Não nos revemos em algumas das considerações que foram feitas pelo Presidente da República", acentuou a líder parlamentar da Iniciativa Liberal..O PS considerou hoje que o discurso do 25 de Abril do Presidente da República foi de "união em torno destes 50 anos", concordando que "por mais imperfeita que seja a democracia é sempre melhor do que qualquer ditadura".."O 25 de Abril tem que ser uma data de união, a cerimónia aqui na Assembleia da República representa essa união da democracia e do regime em que vivemos. É este o regime felizmente em que vivemos e que 25 de Abril criou. Quem quer outro regime está no sítio errado", defendeu a líder parlamentar do PS, Alexandra Leitão, em declarações aos jornalistas no final da sessão solene de comemoração dos 50 anos da Revolução dos Cravos..De acordo com a socialista, foi nessa linha que Marcelo Rebelo de Sousa fez um discurso de "um percurso histórico, de forma analítica destes 50 anos, referindo personalidades de vários quadrantes políticos".."E nesse sentido foi um discurso de união em torno destes 50 anos", considerou..Alexandra Leitão salientou uma frase do Presidente da República neste discurso: "por mais imperfeita que seja a democracia é sempre melhor do que qualquer ditadura"..O presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, dirigiu-se aos “portugueses desiludidos” na sua intervenção na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril de 1974. Perante uma conjuntura de “radicalização, polarização e populismo”, o social-democrata recusou que se deva “culpar os portugueses pelas suas escolhas nas urnas” e disse que “a desilusão de uns resolve-se com boa governação” e não com “palavras e discursos mais ou menos inflamados”, numa crítica implícita à forma como os seus antecessores Ferro Rodrigues e Augusto Santos Silva lidaram com o Chega. Também no seu discurso, em que fez uma homenagem aos quatro mortos pela polícia política a 25 de Abril de 1974, cujas famílias foram convidadas para a sessão pela primeira vez, Aguiar-Branco mencionou Mário Soares, e a forma como tanto combateu o PCP como lutou para que este não pudesse ser ilegalizado no final do PREC..A deputada Ana Gabriela Cabilhas, eleita enquanto independente nas listas da Aliança Democrática, e escolhida pelo PSD para fazer a intervenção dos sociais-democratas na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, deixou “um compromisso com o futuro”, recusando que a data celebrada na Assembleia da República seja o melhor que a democracia terá para dar a Portugal. Referindo-se à Revolução como um evento que “abriu um futuro de sonhos e possibilidades”, Cabilhas disse que a Assembleia da República , enquanto Casa da Democracia “deve escutar o povo para lhe devolver a concretização das suas legítimas aspirações”, mas também criticou a bancada do Chega, “recusando que os extremistas radicalizem a sociedade, dividindo-a entre os políticos e o povo”. A deputada protagonizou um momento de humor ao chegar à tribuna, pois enganou-se nas escadas e preparava-se para subir para junto dos presidentes da República e da Assembleia da República..O líder do Chega, André Ventura, fez uma intervenção na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril em que criticou “aqueles que prometeram uma manhã gloriosa para depois entrarmos numa noite ainda mais profunda”, com salários baixos e emigração forcada. respondendo a Rui Tavares, perguntou “como é que a manhã mais bela da Europa força a sair de casa e ir procurar o futuro fora de Portugal”. No que disse ter sido uma declaração improvisada, Ventura terminou a dizer que Marcelo Rebelo de Sousa “traiu os portugueses” ao defender reparações aos países que foram colónias portuguesas no passado. “Tenho orgulho na nossa História”, disse Ventura, recordando a Marcelo que “não foi eleito pelos guineenses, pelos angolanos ou pelos brasileiros”..O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, disse na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril de 1974 que a “História não obriga à penitência”, referindo-se à admissão, por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, do pagamento de reparações por parte de Portugal às suas ex-colónias. Dizendo que o Presidente da República “atenta contra os interesses do país”, o líder partidário disse que Marcelo se afastou da “representação da esmagadora maioria dos portugueses”. Rui Rocha também anunciou que a Iniciativa Libetal vai apresentar uma iniciativa parlamentar para que as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República incluam uma sessão solene dos 50 anos do 25 de Novembro de 1975..A coordenadora do Bloco de Esquerda dirigiu-se às “carpideiras do salazarismo”, considerando que “os saudosistas são perigosos” por culparem a revolução e a democracia pela pobreza e pela corrupção. Referindo-se ao Estado Novo como um regime caracterizado “pela tristeza, pela emigração forçada, pela maldita Guerra e pela secundarização das mulheres”, Mortágua orientou a mira para o capitalismo enquanto nova forma de opressão e de criação de desigualdades. “Todos temos direito a uma vida boa”, disse a líder bloquista, apelando a uma “comunidade de homens e mulheres livres, onde todos são necessários”..Os 50 anos do 25 de Abril foram também assinalados hoje no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), com eurodeputados portugueses a distribuírem cravos e a entoarem o «Grândola Vila Morena», em defesa dos valores da revolução em tempos "cinzentos"..Bem cedo pela manhã, numa iniciativa do Grupo da Esquerda do Parlamento Europeu, deputados desta família política, designadamente do Bloco de Esquerda e do PCP, distribuíram perto de um milhar de cravos no exterior da assembleia, aos deputados, assistentes e visitantes que marcaram presença naquele que é o último dia de sessão plenária da atual legislatura (2019-2024)..Já no interior do Parlamento, antes da última votação da legislatura, à entrada para o hemiciclo, o grupo dos Socialistas europeus também promoveu um momento de celebração, com uma foto de família, à qual se juntaram deputados de várias forças políticas e nacionalidades, que cantaram por mais de uma vez a canção emblemática da revolução e gritaram "fascismo nunca mais"..Com as eleições europeias no horizonte (06 a 09 de junho), e quando se antecipa uma forte subida da extrema-direita, que 'ameaça' aumentar significativamente a sua representação no Parlamento Europeu, os deputados do grupo da Esquerda sublinharam a importância de defender os valores de Abril, face ao risco de retrocessos..O secretario-geral do PCP, Paulo Raimundo, defendeu que nos 50 anos do 25 de Abril se mantém o desafio de “por fim ao ciclo de políticas de direita” que tem conduzido Portugal a um aprofundamento de desigualdades. Num discurso que terminou com o apelo “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”, Raimundo disse que “podem decretar o fim de Abril, pois isso é como decretar o fim da esperança”, contrapondo que o dia de “sonho e de realização” ainda se vai cumprir..Festa da Liberdade no jardim 1º de maio em Grandola.Paulo Spranger/Global Imagens.Festa da Liberdade no jardim 1º de maio em Grandola.Paulo Spranger/Global Imagens.Festa da Liberdade no jardim 1º de maio em Grandola.Paulo Spranger/Global Imagens.O Mural alusivo aos 50 anos do 25 de Abril de 1974 na Maia foi vandalizado durante a noite com pichagens de louvor a Salazar, anunciou a autarquia, que garantiu que a obra será na mesma hoje inaugurada..Numa publicação na sua página pessoal da rede Facebook, o vereador da Cultura daquela autarquia, Mário Nuno Neves, descreveu que foram feitas pichagens "de louvor ao ditador António Oliveira Salazar e com outras frases fascistas"..No entanto, a autarquia garantiu que "esse facto não impede" nem a inauguração, marcada para esta tarde, nem os trabalhos necessários de restauro da obra.."Quando a Liberdade que Abril nos concedeu é usada com inteligência, os portugueses elevam-se. Quando a mesma é usada com estupidez, com foi neste ato de vandalismo, todos nós nos apoucamos", escreveu Mário Nunes Neves..O vereador reforçou ainda o convite à pulação para que compareça à inauguração do Mural: "Que a presença de todos signifique um claro repúdio a atos praticados por quem com a História nada aprendeu".. O presidente do parlamento dos Açores apelou às gerações mais jovens para que perpetuem o legado conquistado no 25 de Abril de 1974, destacando o momento "marcante e determinante" para o país.."Essa convocatória dirige-se a todos, mas sobretudo às camadas mais jovens porque ninguém defende aquilo que não conhece e, portanto, temos que lhes ensinar qual foi o significado e a importância do 25 de Abril", afirmou Luís Garcia, citado numa nota de imprensa divulgada pelo gabinete da presidência da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores (ALRAA)..Para o presidente do parlamento açoriano, que participou hoje na sessão solene comemorativa do 50.º aniversário do 25 de Abril de 1974, na Assembleia da República, em Lisboa, "a Revolução de Abril foi um momento marcante e determinante para a vida dos portugueses porque abriu as portas do país à Democracia e, nos Açores, à nossa Autonomia"..Do Largo do Carmo até ao Quartel da Pontinha (Regimento de Engenharia 1), a recriação histórica da "Operação Fim de Regime" encena o transporte do Presidente do Conselho deposto, Marcelo Caetano, até ao Posto de Comando do MFA..Na frente segue o Jeep que transportou Salgueiro Maia, logo a seguir a Berlier Tramagal onde está o jornalista do DN. .À medida que o desfile passa, as pessoas que estão nas ruas sorriem, aplaudem os militares e agradecem. "Obrigado", gritam, talvez a agradecer por meio século de liberdade..Ninguém fica indiferente ao desfile. Há sempre reações, quase todas sob a forma de aplausos..Com cravos vermelhos, bombos, bandeiras de Portugal e muitos cartazes, o Desfile da Liberdade junta hoje, no Porto, milhares de pessoas que aproveitam as celebrações dos 50 anos do 25 de Abril para partilhar memórias e fazer apelos..Há pessoas de todas as idades no Desfile da Liberdade do Porto. Um cortejo que, partindo do largo onde hoje o Museu Militar ocupa as instalações da antiga PIDE, passa pela Avenida Rodrigues de Freitas, Rua D. João IV, Rua de Santo Ildefonso, Rua Passos Manuel, Rua Sá da Bandeira, Praça D. João I, Rua de Rodrigues Sampaio para terminar na Avenida dos Aliados..O som dos microfones da organização começou a soar às 14:15 com "Quis saber quem sou" de Paulo de Carvalho, musica ouvida ainda a 24 de abril de 1974, às 22:55, que foi exatamente a primeira frase de pendor revolucionário do 25 de Abril de há 50 anos. E o cortejo começou cerca de meia hora depois com "Grândola Vila Morena" a dar o mote..A música "Sexta-feira" de Boss AC e os versos "É Sexta-feira / Suei a semana inteira / No bolso não trago um tostão / Alguém me arranje emprego / Bom bom bom bom / Já já já já" fazem Andreia Trevisan, que tinha 16 dias de vida quando se deu, há 50 anos, a Revolução dos Cravos dançar..A parada de veículos militares do 25 de Abril também já acontece na Avenida da Liberdade..Com a polícia a abrir caminho, as chaimites desfilam por entre aplausos e ao som de um dos hinos da Revolução, Grândola, Vila Morena. .Um destes veículos traz, inclusive, uma criança a bordo. Muitos populares comentam e aplaudem a presença do rapaz..Cerimónias do 25 de abril no Palácio de S. BentoANTÓNIO COTRIM | Lusa.Um protesto contra Umaro Sissoco Embaló, presidente da Guiné-Bissau, acontece em paralelo ao desfile do 25 de Abril..Em frente a um dos hotéis da Avenida da Liberdade, algumas dezenas de guineenses envergam cartazes contra a presença de Sissoco em Lisboa (estará na sessão comemorativa com os PALOP a partir das 18h00, no CCB)..“Sissoco, rua. Assassino”, ouve-se enquanto a polícia tenta conter os manifestantes..De manhã concentraram-se diante da Assembleia da República, em Lisboa..Munidos de cravos brancos, cartazes onde se lia "Sissoco Embaló Ditador" ou "Marcelo lado a lado com um ditador -- valores de Abril oprimidos na Guiné-Bissau" e t-shirts pretas a denunciar mortes, prisões e raptos com cariz político, os ativistas começaram a juntar-se a meio da manhã para alertar para o que consideram ser uma degradação da democracia guineense e um convite português que vem "branquear" a atual realidade política do país..O primeiro-ministro manifestou hoje a convicção de que os 50 anos do 25 de Abril serão "um ponto de viragem" para quebrar "um ciclo negativo" dos últimos anos, de "incapacidade de reter em Portugal" o talento dos jovens..Luís Montenegro assinalou hoje os 50 anos do 25 de Abril com um almoço com 50 jovens na residência oficial do primeiro-ministro, entre os quais o tenista João Sousa, o escritor Afonso Reis Cabral, o cantor Buba Espinho, a comentadora na SIC Maria Castello Branco e elementos das Forças Armadas e forças de segurança.."Estou convencido de que este 25 de Abril, estes 50 anos, serão um ponto de viragem se nós quebrarmos um ciclo negativo que foi a marca dos últimos anos: a incapacidade de retermos em Portugal o nosso talento", afirmou..O primeiro-ministro defendeu que, "mais do que contemplar os 50 anos" que passaram desde Abril de 1974, o Governo está focado "nos anos que vêm aí".."Precisamos desta geração dos filhos de Abril mais do que nunca para o futuro de Portugal, precisamos de travar a fuga de capital humano para o estrangeiro", defendeu, retomando aquela que foi uma das suas principais "bandeiras" de campanha..A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) defendeu hoje a necessidade de se "trabalhar ainda mais pela consolidação da democracia", alertando que "os tempos podem voltar a ser sombrios"..Na mensagem, a ANMP considera que o país não se pode "distrair com a espuma dos dias", caso contrário "os ideais do 25 de Abril de 1974 podem ser varridos para debaixo de um qualquer tapete e os tempos podem voltar a ser sombrios", salientando que "permiti-lo seria uma traição"..A ANMP garante ainda que vai "continuar a defender, junto do Governo, um conjunto de matérias essenciais para o poder local e para o país", como uma nova lei das finanças locais que "resolva os constrangimentos atuais e responda aos novos desafios demográficos, climáticos e digitais que se colocam às autarquias"..A porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, primeira deputada a intervir na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, defendeu que é necessária “uma nova música” que entende o que disse ser a “ascensão de forças populistas que põem em causa dos Direitos Humanos”, nomeadamente os das mulheres, dos animais e da Natureza. “Os direitos conquistados estão a ser postos em causa”, disse..O líder parlamentar do CDS-PP, Paulo Núncio, iniciou a sua intervenção na sessão solene do 50.° aniversário do 25 de Abril com uma crítica direta ao Presidente da República, que na terça-feira admitiu que Portugal poderá ter de pagar reparações às suas ex-colónias. Com Marcelo Rebelo de Sousa a olhar para o lado enquanto o deputado falava de “famílias abandonadas à sua sorte devido a um desastroso processo de descolonização” , Núncio disse que não mudámos de regime em Portugal “para ser um Estado insolvente”, com bancarrotas recorrentes, para ser um dos países “comparativamente mais pobres da União Europeia” e com uma taxa de emigração dos jovens entre as mais altas do mundo. E terminou com uma defesa do 25 de Novembro de 1975, que “trouxe a democracia e a liberdade plenas”, enumerando tudo o que aconteceu durante o PREC..O porta-voz do Livre, Rui Tavares, referiu-se ao 25 de Abril de 1974 como “a mais bela revolução do século XX”. “E é nossa”, disse o também historiador, falando da “mais bela das datas” ao longo da História de Portugal. Recorrendo a histórias da sua própria familia, como a sua mãe que veio trabalhar como criada para Lisboa e tinha o seu patrão a dizer-lhe que “se tivesse mais estudos já estava presa”. O porta-voz do Livre teve direito a uma grande ovação ao evocar o 25 de Abril de 1975, “quando as mulheres puderam finalmente votar”, nas eleições para a Assembleia Constituinte. E terminou sugerindo que passe a haver uma estátua na Assembleia da República que simbolize as mulheres comuns que na manhã da Revolução deram cravos aos soldados que derrubaram a ditadura do Estado Novo..Tinha o 25 de Abril dois anos quando se fez a primeira sessão solene no Parlamento, e só em quatro anos não se realizaram. Ao DN, dois dos primeiros a intervir (Manuel Alegre e Helena Roseta) recordam a experiência e quais as grandes lições que se devem retirar da história. Leia aqui..De acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, há uma maioria insatisfeita com o estado da democracia (51%) e em particular com os políticos, que não se preocupam com os interesses das pessoas (67%)..Veja aqui a sondagem..Desde as 06:00 são vários os constrangimentos ao trânsito no centro de Lisboa, que começam na zona da Praça do Comércio e vão alargando para outras zonas da cidade, nomeadamente junto à Assembleia da República, Palácio de São Bento, Marquês do Pombal, Avenida da Liberdade e Belém..Um forte dispositivo policial vai garantir a segurança das várias manifestações e eventos que hoje assinalam os 50 anos do 25 de Abril em Lisboa, segundo a PSP, que estará também atenta aos possíveis protestos não marcados..Os constrangimentos ao trânsito na zona da Praça do Comércio serão a partir das 06:00, junto a São Bento a partir das 07:00, nas ruas próximas ao Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade a partir das 12:30 e no Centro Cultural de Belém e no Palácio Nacional da Ajuda a partir das 16:00..É a polémica que marca o dia depois de ontem se saber que o Presidente da República sugeriu o pagamento de reparações pelos erros do passado colonial..O Presidente da República falava, na terça-feira, durante um jantar com correspondentes estrangeiros em Portugal e afirmou que "Temos de pagar os custos. Há ações que não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Há bens que foram saqueados e não foram devolvidos? Vamos ver como podemos reparar isto"..Esta manhã, o Expresso revela a supresa e o desconforto do Governo. ."Este assunto é tóxico (...) Não podemos deixar perturbar toda a cooperação que temos vindo a fazer com os PALOP (...) Nada disto foi articulado nem connosco nem com o anterior Governo", referem fontes do Governo ao Expresso..Na sequência das declarações de Marcelo, a ministra da Igualdade Racial do Brasil já veio pedir "acções concretas" por parte de Portugal. .Vìtor Moita Cordeiro.Daqui a menos de meia-hora prossegue a recriação histórica da "Operação Fim de Regime"..Uma coluna militar fará o percurso desde o Largo do Carmo até ao Quartel da Pontinha (Regimento de Engenharia 1), encenando o transporte do Presidente do Conselho deposto, Marcelo Caetano, até ao Posto de Comando do MFA, na Pontinha. Ficarão aí expostas até às 18h00..O PAN considerou hoje que o chefe de Estado esqueceu desafios como o combate às alterações climáticas ou as ameaças à comunicação social e elogiou o discurso proferido pelo presidente da Assembleia da República..Esta posição foi transmitida por Inês de Sousa Real no final da sessão solene comemorativa dos 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República, ocasião em que também se manifestou apreensiva com a ascensão de forças contrárias à democracia e aos direitos humanos.."São forças que querem repor um regime que dá passos atrás nos direitos humanos, mais concretamente nos direitos das mulheres, na igualdade e na inclusão", especificou..Em relação a recentes posições de Marcelo Rebelo de Sousa, a deputada do PAN diz que, quando falou da dívida em relação às antigas colónias, "esqueceu-se da dívida em relação a todas as pessoas que construíram o 25 de Abril".."Essa dívida materializa-se na importância de se abraçar novos desafios como o combate às alterações climáticas, a morte medicamente assistida ou a comunicação social, que tem estado ameaçada no que respeita à sua estabilidade e independência", disse..Inês Sousa Real elogiou depois a intervenção hoje proferida pelo presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, considerando que fez "um discurso aberto e plural", envolvendo as diferentes forças políticas.."Saudamos o discurso do presidente da Assembleia da República", salientou..O secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos, já se encontra no desfile da Avenida da Liberdade, em Lisboa..Ainda com o cortejo muito parado e concentrado no topo da Avenida da Liberdade, o líder do PS, sorridente, vai atendendo aos muitos pedidos de fotografias que os populares lhe fazem. .Outros deputados do PS, como Isabel Moreira e Jamila Madeira também já estão na Avenida,.O BE considera importante que Portugal, tal como acontece noutros países, faça um debate sobre o seu passado colonial e rejeitou a narrativa da direita que "culpa a democracia por tudo o que de mal aconteceu"..No final da sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, destacou do discurso de Marcelo Revelo de Sousa e da sua "visão enquanto parlamentar, académico e Presidente da República" a homenagem aos capitães de Abril, o facto de a democracia se fazer com várias vozes e protagonistas e o facto desta se construir todos os dias..Questionada sobre as declarações, conhecidas na véspera, nas quais Marcelo Rebelo de Sousa reconheceu responsabilidades de Portugal por crimes cometidos durante a era colonial e sugeriu o pagamento de reparações pelos erros do passado, a líder do BE defendeu que "uma democracia a sério, verdadeira, inteira, moderna, que se fez de uma revolução, não tem medo de repensar a sua história, de discutir a sua história, de questionar os traumas do passado".."É nesse momento, quando a sociedade for capaz de fazer estes debates difíceis - e nós sabemos que são difíceis pela polémica que esta proposta gerou - é nesse momento que a democracia se afirma como ela é", apontou..Para Mortágua, é preciso abrir em Portugal um debate que está a ser feito em muitos países, ou seja, "sobre arte, sobre cultura, sobre apropriação de objetos de outros países e de outros povos que entretanto ganharam autonomia e independência"..Milhares de pessoas já enchem a Avenida da Liberdade. E este ano há uma novidade: pela primeira vez um presidente da Assembleia da República vai estar presente..O social-democrata José Pedro Aguiar-Branco vai participar institucionalmente no tradicional desfile das comemorações do 25 de Abril..João Lopes, 31 anos, está no Largo do Carmo. O cravo ao peito denuncia o que veio fazer ao centro nevrálgico do 25 de Abril. Ainda assim, a pergunta impõe-se: falta cumprir Abril? João nasceu duas décadas depois da revolução dos cravos, mas não tem dúvidas: "Acho que Abril está sempre a ser cumprido, e agora com mais desafios".."É uma luta constante", continua o jovem, explicando que os desafios que refere foram revelados pelas recentes eleições legislativas. "Os novos movimentos de extrema-direita e os desafios a algumas liberdades já conquistadas", conclui.. Para Pedro Silva, de 26 anos e com um cravo na mão, a democracia é uma construção constante. "É um projeto a longo prazo que necessita de continuidade no tempo", afirma. Sobre o que mudou neste meio século, tem consciência , mas só através das fontes históricas". E "Abril também é memória", sublinha.EPA/ANTONIO PEDRO SANTOS.O desfile popular pela Avenida da Liberdade, marcado para as 15h00, organizado pela Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril, segue pela Avenida da Liberdade e termina na Praça D. Pedro IV (Rossio), onde terão lugar intervenções e momentos culturais. O acesso é livre..A recriação histórica da "Operação Fim de Regime" é retomada ás 16h00. Uma coluna militar fará o percurso desde o Largo do Carmo até ao Quartel da Pontinha (Regimento de Engenharia 1), encenando o transporte do Presidente do Conselho deposto, Marcelo Caetano, até ao Posto de Comando do MFA, na Pontinha. Ficarão aí expostas até às 18h00..A essa hora, está agendada uma sessão evocativa no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, que reunirá todos os chefes de Estado de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, países cuja independência ocorreu após o 25 de abril de 1974 ou foi reconhecida por Portugal nesse contexto..O hino nacional poderá ter encerrado oficialmente a sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, mas a sala de sessões da Assembleia da Republcia ouviu ainda “Grândola, Vila Morena”, entoado pelos convidados preze rés nas galerias e por muitos deputados, sobretudo de esquerda, enquanto outros iam abandonando o local, nomeadamente os do Chega. Terminados os últimos versos da canção, ouviram-se gritos de “fascistas não passarão” vindos do hemiciclo.Presidente ignorou todas as críticas de que foi alvo desde ontem. Agora canta-se a "Grândola". O Chega abandonou o plenário. .As viaturas militares que participam na recriação histórica do 25 de Abril já estão no Carmo. Uma multidão aguardava este momento. Estarão no local até às 16h00.. Cerca de três dezenas de ativistas guineenses concentraram-se diante da Assembleia da República, em Lisboa, em protesto contra a presença do Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril..Munidos de cravos brancos, cartazes onde se lia "Sissoco Embaló Ditador" ou "Marcelo lado a lado com um ditador - valores de Abril oprimidos na Guiné-Bissau" e t-shirts pretas a denunciar mortes, prisões e raptos com cariz político, os ativistas começaram a juntar-se a meio da manhã para alertar para o que consideram ser uma degradação da democracia guineense e um convite português que vem "branquear" a atual realidade política do país.."Tendo em conta o contexto político na Guiné-Bissau de um desmantelamento das liberdades democráticas que foram conquistadas, achámos que havia necessidade de fazer uma crítica ao Estado português por um convite endereçado ao atual Presidente da Guiné-Bissau, o senhor Umaro Sissoco. Quem está atento à situação política tem noção do caos que está a ser criado neste momento, no sentido de permitir que ele continue no poder", afirmou à Lusa Youssef, ativista guineense na diáspora e porta-voz dos que hoje se concentraram em Lisboa..Homenagem resistentes antifascistasPaulo Spranger/Global Imagens.O Presidente da República entrou de cravo na lapela na Sala das Sessões do parlamento, nas comemorações dos 50 anos da Revolução, que desta vez contaram com a presença de Cavaco Silva e Durão Barroso, sem a flor simbólica..De cravo na lapela, o general Ramalho Eanes marcou presença, como habitualmente, tal como os antigos presidentes da Assembleia da República Ferro Rodrigues, Assunção Esteves e Mota Amaral..Também o antigo primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão esteve na tribuna presidencial, da qual estiveram ausentes o ex-chefe do Governo António Costa e o ex-presidente da Assembleia da República Augusto Santos Silva..Como fez desde que assumiu funções, em 2016, o Presidente da República passou revista às tropas em frente ao parlamento, ainda sem cravo, subiu as escadarias já levando na mão a flor-símbolo da Revolução, que habitualmente depois pousa na bancada..Desta vez, entrou na sala de cravo na lapela, tal como o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, e ao contrário do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que entrou no parlamento sem cravo e, no hemiciclo, levava esta flor na mão..Também no Governo, as opções dividiram-se entre cravo na lapela - casos dos ministros Paulo Rangel, Pedro Duarte, Joaquim Miranda Sarmento, José Manuel Fernandes, Manuel Castro Almeida -- ona mão, como António Leitão Amaro, Miguel Pinto Luz ou Margarida Blasco, ou sem cravo, como o líder do CDS-PP, Nuno Melo..De cravo na mão, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, fez questão de cumprimentar, antes do início da sessão, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos..Entre as bancadas, o cravo foi presença obrigatória à esquerda, enquanto no grupo parlamentar do PSD as opções dividiram-se. Já no Chega, nenhum deputado tinha cravo, enquanto a bancada da IL optou, toda, por cravos brancos, uma alternativa já trazida em 2021 pelo então líder do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos..O vice-presidente da bancada do PS Pedro Delgado Alves distribuiu por todos os lugares dos deputados socialistas a letra da Grândola Vila Morena, deixando antever que a esquerda repetirá a tradição de cantar, no final da sessão solene, uma das músicas que serviu de à Revolução, em 1974..No Largo do Carmo, centenas de pessoas esperam, numa fila única, para entrar no quartel da GNR onde, há 50 anos, Marcello Caetano se refugiou. Hoje, o Quartel do Carmo está aberto ao público. Há cravos na mão, no cabelo, nas mochilas e ouvem-se histórias sobre o que aconteceu há meio século..No Largo do Carmo, não há lugar para muito mais, tendo em conta o número de pessoas que querem celebrar a democracia no local simbólico onde ela começou. O denominador comum é o cravo. Alguns nem são flores verdadeiras mas adereços feitos com vários materiais que recriam a flor que simboliza Abril.."Lembro-me de ver uma chaimite por aí abaixo", diz alguém durante uma conversa. A memória difusa tem cinquenta anos, mas a qualquer momento chegam as chaimites, o icónico carro de combate, a recordar a importância do momento que foi protagonizado por militares.."Isto não é política, é a história da gente", acrescenta outra pessoa, enquanto espera.A chegada ao Largo do Carlos dos veículos que fizeram Abril ficou marcada por vários obstáculos. Cinquenta anos depois, a configuração do trânsito está diferente e as várias centenas de pessoas que se juntaram no local não ajudaram a que os carros de combate fizessem as manobras. Cada esquina demorou vários minutos a dobrar..O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, fez uma defesa da revolução de 25 de Abril de 1974 como responsável da construção de “uma democracia plena”, a nível económico, social e político, “onde os problemas de uns passaram a ser os problemas de todos”. Reconhecendo que a “concretização dos sonhos de Abril é um trabalho imperfeito e inacabado”, Pedro Nuno Santos criticou “políticas fiscais injustas, que desoneram quem mais tem e menos precisa”, e mencionou o “desafio enorme” do acolhimento dos imigrantes e de consolidar os direitos e liberdades de mulheres e de minorias sexuais. “Abril não proíbe qualquer tipo de família. Abril é liberdade”, disse, muito aplaudido pela sua bancada, tal como no início fora aí homenagear os militares de Abril presentes na sessão solene na Assembleia da República..O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, associou-se hoje aos portugueses nas celebrações dos 50 anos do 25 de Abril, sublinhando que a revolução iniciou a transição do país para a democracia..Numa mensagem divulgada na sua conta na rede social X, Michel escreveu, em português e inglês, que "faz hoje 50 anos, uma revolução pacífica abriu caminho à transição de Portugal para a democracia".."Associamo-nos hoje ao povo português na comemoração da Revolução dos Cravos", acrescentou ainda o líder do Conselho Europeu, órgão que reúne os chefes de Estado com poder executivo e de Governo da União Europeia..Portugal celebra hoje o 50.º aniversário do 25 de Abril, quando um grupo de militares do Movimento das Forças Armadas depôs o regime do Estado Novo, iniciando a transição do país para a democracia..A presidente da Assembleia Nacional de Angola enalteceu hoje o 50.º aniversário do 25 de Abril considerando que a data não é apenas património de Portugal, mas um momento revelador de independência, liberdade e autodeterminação de Angola.."Essa efeméride produziu a liberdade política em Portugal e o acesso da independência das ex-colónias em África falantes da língua portuguesa e a autodeterminação dos respetivos povos. Assim, esta comemoração não é apenas um património de Portugal, sendo também um momento revelador de um tempo de independência, liberdade e de autodeterminação de Angola", disse hoje Carolina Cerqueira..Falando na abertura da quinta reunião plenária extraordinária do parlamento angolano, Carolina Cerqueira salientou que meio século volvido e no tempo de novas tecnologias, da inteligência artificial, do imediatismo e do relativismo da história, é necessário não esquecer nem relativizar a importância da democracia.."Importa sublinhar que não esquecemos e nem relativizamos a importância da democracia, dos direitos políticos, sociais, culturais dos angolanos em nome de uma pátria independente e desenvolvida", salientou a líder parlamentar..Perante o plenário da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira salientou a importância do 25 de abril de 1974 em Portugal, referindo que a data é recordada e comemorada, sobretudo pelos "reflexos externos" que a mesma provocou para a independência, liberdade e autodeterminação de Angola..A Embaixada da Ucrânia em Portugal deu hoje os parabéns ao povo português pelos 50 anos da revolução do 25 de Abril que considera ser um exemplo inspirador para o povo português..Numa publicação na rede social X, a embaixada expressa "os mais sinceros parabéns ao povo português pelo 50.º aniversário da "Revolução dos Cravos", que considera ser um marco histórico.."Este marco na história de Portugal é também um exemplo inspirador para o povo ucraniano", refere a embaixada, lembrando que a Ucrânia defende hoje "o seu direito a um futuro livre e democrático e a uma escolha europeia"..A Ucrânia luta contra a invasão pela Rússia desde 2022..A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, assinalou hoje o 50.º aniversário do 25 de Abril em Estrasburgo, França, afirmando que é um "dia inspirador" e que recorda a necessidade de continuar a defender "os valores europeus fundamentais"..Intervindo na abertura daquela que foi a última votação da assembleia europeia na atual legislatura 2019-2024 -- o Parlamento Europeu só voltará a celebrar uma sessão plenária em julho, após as eleições europeias de junho -, Metsola começou por assinalar os 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal, sendo aplaudida pelo hemiciclo, no qual dezenas de deputados de diferentes forças políticas, e não só portugueses, exibiam cravos..Segundo a presidente do Parlamento Europeu, o 25 de Abril constitui "um momento na História europeia que ainda hoje reverbera e inspira, um dia em que a democracia, a liberdade e a dignidade voltaram a ocupar o seu lugar em Portugal, e que nos recorda que nunca devemos dar por garantidos estes valores europeus fundamentais".."Por isso, o simbolismo do dia de hoje é tanto mais significativo quando nos reunimos para a última sessão de votação desta IX legislatura do Parlamento Europeu", completou..Entre os ministros que estão na sessão solene com cravo na lapela destacam-se o titular dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, o da Coesão, Castro Almeida, e os ministros de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, e de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel. Pelo contrário, o líder centrista Nun.o Melo, titular da pasta da Defesa, prescinde de ornamentos simbólicos, tal como os colegas de Executivo Miguel Pinto Luz (Infraestruturas) e Fernando Alexandre (Educação)..Entre as ministras há quem utilize (Margarida Balseiro Lopes e Ana Paula Martins) e quem prescinda (Margarida Blanco e Maria da Graça Carvalho), enquanto o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, vai mantendo o cravo na mão enquanto o primeiro-ministro não chega..Início da recriação histórica da "Operação fim de Regime" em SantarémLUSA.Entre os deputados que se preparam para participar na sessão solene dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril é fácil distinguir as bancadas parlamentares pela presença ou ausência de cravo à lapela. Ausentes entre os parlamentares do Chega, são vistos em alguns sociais-democratas , como Salvador Malheiro, e omnipresentes nos membros dos grupos parlamentares mais à esquerda..A recriação da coluna militar fez parte do espetáculo de teatro "Esta é a madrugada que eu esperava", que reconstituiu, em Santarém, os momentos que antecederam a saída da coluna militar rumo a Lisboa..A peça, com encenação de Rita Lello e texto do Coronel Correia Bernardo, um dos principais responsáveis pelo planeamento e preparação da coluna militar, retrata a fadiga da guerra e da censura e a vontade e determinação em acabar com o regime por parte dos militares, que estavam preparados para sair a qualquer momento, assim que houvesse luz verde.."Isto é a realização de uma coisa que fizemos com um nó na garganta. A construção que fomos fazendo do 25 de Abril reflete-se aqui, na manhã do dia 25", disse Correia Bernardo à Lusa..Quatro caças da Força Aérea sobrevoaram o Terreiro do Paço no momento em que se homenageavam os mortos. Depois de um período de silêncio, as tropas em parada saudaram o Presidente da República. À medida que a cerimónia decorre, juntam-se mais populares e a Praça do Comércio transforma-se num espetáculo que ninguém parece querer perder, apesar de só se ouvirem marchas militares tocadas pela banda do exército. O desfile continua e os ramos das Forças Armadas abandonam o local. Daqui a pouco chegam os chaimites..Os Veículos Militares Antigos iniciam, às 12h00, a recriação da marcha sobre o Quartel do Carmo e o cerco ao local. Será reconstituído o trajeto efetuado em 1974, com a saída do Terreiro do Paço até ao Rossio, subindo a Rua do Carmo e a Rua do Sacramento. As viaturas ficam em exposição no Largo do Carmo até às 16h00..Os heróis anónimos de 1974, que há 50 anos colocaram um ponto final à ditadura, participaram ontem, à noite, na recriação da saída da coluna militar liderada por Salgueiro Maia, numa homenagem aos militares que lutaram pela liberdade..Sob o olhar atento e emocionado da população, que enchia as ruas de Santarém, sete viaturas transportaram os militares da ex-escola prática de Cavalaria (EPC) que, há 50 anos, participaram nas operações que desmantelaram o Estado Novo..Sob o cântico "25 de Abril sempre, fascismo nunca mais", os militares percorreram algumas das ruas mais importantes de Santarém, entre elas o Jardim da Liberdade, onde está patente uma exposição sobre o exército português e o Jardim dos Cravos, um espaço construído em homenagem ao capitão de Abril, Fernando Salgueiro Maia..Foi ao som da marcha do Movimento das Forças Armadas que os militares entraram nas viaturas e percorreram as ruas da cidade, sempre rodeados pela população que, com os cravos na mão, aplaudiam e proferiam cânticos alusivos à revolução..A recriação contou com a presença de vários veículos entre eles as viaturas blindadas Panhard EBR, Panhard AML, Humber MKIV, Chaimite V200, viaturas de transporte de tropas Berliet Tramagal, Unimog 404, Ambulância V, viatura de comando Jeep CJ6 e o Ford Escort civil que seguia, na altura dos acontecimentos, à frente da coluna, em reconhecimento..A coluna militar liderada por Salgueiro Maia integrava 245 militares e foi uma das maiores forças implicadas no golpe de estado de 25 de Abril de 1974..Com um longo caminho para percorrer, os militares da EPC saíram da cidade ribatejana às 03:00, e duas horas e meia depois já estavam no Terreiro do Paço, na altura sede dos principais ministérios e onde se poderia efetivamente neutralizar o Governo..LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS.Encerrou a cerimónia militar com desfile dos "veículos que fizeram Abril". No início desta parada histórica, vinha o Jeep que transportou Salgueiro Maia até ao Largo do Carmo..A família de Otelo Saraiva de Carvalho doou o arquivo do estratego do 25 de Abril ao Arquivo/Biblioteca Ephemera, o que ajudará a compreender "o ambiente de 1974/75"..São "documentos fundamentais porque têm imensos manuscritos" do próprio e de outras pessoas, "notas de reuniões, correspondência", são "milhares de cartas enviadas a Otelo", afirmou José Pacheco Pereira, fundador do Ephemera, maior arquivo privado em Portugal..O espólio de Otelo "é enorme", abrange o período inicial de 1974 em que está no Conselho da Revolução, o tempo do COPCON, e, até agora, foram recebidas no Ephemera duas estantes e muitos dossiês..O historiador e ex-deputado do PSD afirmou que as duas estantes são "uma pequena parte" da documentação e descreve o que viu até agora: "São cartas muito diferentes, vão desde cartas de saudações, de parabéns, cunhas, a ameaças, insultos, informações e denúncias.".Este arquivo, segundo o autor da biografia de Álvaro Cunhal, "é de uma importância enorme", dado que o militar de Abril "tem um papel central na vida politica desde 74 até ao final do século XX"..Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho nasceu em 31 de agosto de 1936 em Lourenço Marques, Moçambique, e teve uma carreira militar desde os anos 1960, fez uma comissão durante a guerra colonial na Guiné-Bissau..No Movimento das Forças das Forças Armadas (MFA), que derrubou a ditadura de Salazar e Caetano, foi ele o encarregado de elaborar o plano de operações militares e, daí, ser conhecido como estratego do 25 de Abril. Foi ele, também, um dos militares que esteve no posto de comando de operações no Regimento de Engenharia n.º 1, na Pontinha, nos arredores de Lisboa..Conotado com a esquerda radical, foi um dos membros do Diretório da revolução, com Costa Gomes, presidente, e Vasco Gonçalves, primeiro-ministro, a partir de maio de 1975..É preso na sequência dos acontecimentos do 25 de Novembro, confronto entre a esquerda militar e os chamados "moderados", que ditou a normalização do país, e foi libertado depois. Concorre às presidenciais de 1976, conseguindo 16,4% dos votos..Preso em 1985, em resultado do processo FP-25, organização que reclamou a autoria de vários atentados que fizeram fez 13 mortos ao longo de sete anos, foi condenado e libertado cinco anos depois, em 1989. Em 1996, o parlamento aprovou uma amnistia para os presos das FP-25..Otelo Saraiva de Carvalho morreu em 21 de julho de 2021..LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS.Veja aqui a primeira página da segunda edição do Diário de Notícias de 25 de Abril de 1974.Para assinalar no parlamento a passagem de meio século sobre o golpe de estado que pôs fim à ditadura de Oliveira Salazar e Marcello Caetano, o PS, Chega, Iniciativa Liberal, BE, PCP e Livre escolheram os seus líderes para discursar..O PSD, partido presidido pelo atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, que assiste mas não discursa na sessão, tomou uma opção diferente e vai colocar na tribuna de oradores a jovem deputada Ana Gabriela Cabilhas, de 27 anos..No caso do CDS-PP, força política liderada pelo ministro da Defesa, Nuno Melo, foi designado o presidente do grupo parlamentar, Paulo Núncio..Como é habitual, as intervenções vão seguir a ordem crescente de representação parlamentar cabendo o primeiro discurso à deputada do PAN, Inês de Sousa Real, seguindo-se Paulo Núncio (CDS), Rui Tavares (Livre), Paulo Raimundo (PCP, Mariana Mortágua (Bloco de Esquerda), Rui Rocha (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Pedro Nuno Santos (PS) e Ana Gabriela Cabilhas e terminando com o presidente do parlamento, José Pedro Aguiar-Branco, e de Marcelo Rebelo de Sousa..No final da sessão solene, o Presidente da República desloca-se ao Salão Nobre do parlamento para uma visita à exposição, intitulada, "A Nós a Liberdade", organizada com a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva e que foi oficialmente inaugurada na terça-feira..À tarde, o parlamento abre portas ao público para um programa gratuito que inclui exposições, teatro e música..Discursos na Assembleia da República serão aproveitados para responder a Marcelo e Montenegro, mas também se falará do 25 de Novembro. Leia aqui..Cinquenta anos depois de ter dado a um soldado o cravo que deu nome à revolução, Celeste Caeiro quer desfilar na avenida se a saúde deixar e alguém lhe emprestar uma cadeira de rodas..Prestes a fazer 91 anos (em 02 de maio), doente e debilitada, a mulher que ficou conhecida por "Celeste dos Cravos" já não quer falar da revolução, passando agora a palavra à neta, Carolina Caeiro Fontela, para "retificar lacunas da história" que anos sucessivos de notícias têm perpetuado.."Há muita gente que ainda pensa que foi uma florista [que deu um cravo a um soldado], mas a minha avó não era florista", disse a neta à agência Lusa, lembrando que Celeste trabalhava num 'self-service' no edifício Franjinhas, na Rua Braamcamp, em Lisboa..Separada do marido, "por razões que nunca quis contar", e à época com a mãe e uma filha de 5 anos a seu cargo, a mulher, que "vivia numa casa humilde, sem rádio e sem televisão", só quando chegou ao emprego, no dia 24 de abril de 1974, soube que estava a haver uma revolução..Nesse dia, contou Carolina, o 'self-service', que completava um ano, não iria abrir portas e o patrão, "que tinha mandado comprar cravos para oferecer aos clientes e decorar o espaço, disse aos funcionários que levassem um ramo cada um"..Celeste pegou no seu ramo de cravos - que, como ainda hoje faz questão de dizer, "eram vermelhos e brancos, que eram poucos, mas também eram brancos" - e decidiu que não iria para casa. Rumou ao Rossio para ver "o que há tanto tempo esperava que acontecesse"..Foi aí que perguntou a um soldado o que estavam ali a fazer e se precisava de alguma coisa..O soldado, "de quem nunca soube a identidade, fez sinal de que queria um cigarro" e Celeste, que sofria dos pulmões e nunca fumou, deu-lhe antes um cravo, que o militar colocou no cano da arma e que acabaria por ser o símbolo da revolução..A "Celeste dos Cravos" foi também a Celeste que em 1988 "perdeu tudo no incêndio do Chiado, ficou sem casa, sem fotografias, sem as recordações de uma vida", que se viu obrigada a mudar para uma casa onde "há mais de um ano está impedida de entrar porque o senhorio mudou a fechadura do prédio por querer aumentar as rendas", e que há 25 anos voltou a ter a sua história ligada ao 25 de Abril..O jornalista leu aos microfones do Rádio Clube Português os primeiros comunicados do Movimento das Forças Armadas..O Presidente francês, Emmanuel Macron, enalteceu a importância da revolução do 25 de abril no caminho democrático europeu, recordando que "a Europa de hoje deve muito" à coragem dos então jovens capitães de abril..Numa mensagem em vídeo, o Presidente francês elogiou os jovens capitães de abril que "manifestaram a esperança de um povo inteiro na paz e na democracia". "Nem trinta anos tinham e já eram heróis. A Europa de hoje deve muito à sua coragem", afirma Macron..A França orgulha-se de ter acolhido no seu território centenas de milhares de portuguesas e portugueses nos anos 50 e 60, desterrados pela pobreza, pela violação sistemática dos seus direitos, pela repressão política arbitrária e cruel, e por recusarem-se em participar neste sistema e nestas guerras injustas", disse o Presidente francês..A Assembleia da República e a Casa do Parlamento - Centro Interpretativo vão estar abertas ao público durante a tarde, para assinalar o cinquentenário da revolução, com um programa inclui exposições, teatro e música..O Palácio de São Bento e o novo centro interpretativo, localizado a poucos metros, estarão abertos para visitas gratuitas entre as 15:30 e as 19:00..O Presidente da República condecorou ontem o Movimento das Forças Armadas (MFA), a título póstumo, com o grau de membro honorário da Ordem da Liberdade durante um jantar comemorativo do 25 de Abril..As insígnias foram atribuídas por Marcelo Rebelo de Sousa ao presidente da Associação 25 de Abril, coronel Vasco Lourenço..O MFA conduziu a revolução de 25 de Abril de 1974 que pôs fim a mais de 48 anos de ditadura do Estado Novo, marcando o início do período democrático em Portugal..O Terreiro do Paço está cheio, com milhares de pessoas que rodeiam os representantes dos ramos das Forças Armadas. Neste exato momento, aguardam todos o Presidente da República. Primeiro-ministro e Presidente da Assembleia da República já chegaram, mas é o chefe de Estado a figura mais aguardada. No altifalante ou vê-se a indicação de Marcelo Rebelo de Sousa está a chegar e os militares preparem-se. Entre os populares que assistem ao início da cerimónia, ouvem-se comentários sobre as declarações do dia anterior do Presidente da República sobre o anterior e o atual primeiro-ministro.uma mensagem dos 50 anos do 25 de Abril gravada em vídeo, o presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), António Lima Coelho, diz que, entre outras razões, "foi também o desejo de alcançar a paz que trouxe a revolução da liberdade" e que, para proteger a liberdade deve ser cuidada a Defesa Nacional, que têm o seu "grande pilar" nas Forças Armadas.."Quando as condições dos homens e mulheres que servem o país nas Forças Armadas estão tão degradadas, e continuam a ser desrespeitadas, quando a liberdade está a ser questionada, quando a paz está tão ameaçada, é dever e obrigação de todos nós guarnecermos a trincheira da defesa das condições para continuar a servir o país, da defesa dos valores da democracia e da liberdade, e , principalmente, dos valores da paz", afirmou..No vídeo, Lima Coelho apela ainda para a participação na manifestação popular na Avenida da Liberdade e nos eventos que se realizam por todo o país..Dentro de minutos, uma coluna de Veículos Militares Antigos chegará ao Terreiro do Paço para desfilar perante o Presidente da República e as restantes entidades presentes. Os veículos ficam depois, e até às 12h00, estacionados no local. Estará também exposto um carro de combate M47 Patton, representando as forças militares leais ao Governo de Marcelo Caetano..Bom dia..Tal como há 50 anos, e também numa quinta-feira, também hoje as previsões são praticamente iguais. .Cinco décadas depois do golpe militar que depôs o antigo regime, aguarda-se uma (nova) quinta-feira com muita nebulosidade no norte e centro de Portugal continental e pouca no sul, o vento será forte na faixa costeira ocidental e nas terras altas, enquanto se aguarda uma descida da temperatura máxima, em especial no litoral oeste, e uma subida da mínima no interior norte e centro..Pode cair uma chuva fraca nas regiões do norte e centro, a partir da tarde, em especial no litoral, indica o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que, desde 74, já se chamou Serviço Meteorológico Nacional (SMN), Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG) e Instituto de Meteorologia (IP)..As nuvens vão também estar presentes na Madeira e nos Açores, mas só estão previstos aguaceiros e fracos nos grupos central e oriental do arquipélago açoriano.