Medina: "Comportamento de Sócrates corrói o funcionamento da nossa vida democrática"

Presidente da Câmara de Lisboa rompe silêncio socialista em relação à decisão de Ivo Rosa em ilibar o ex-primeiro-ministro de 25 crimes
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Fernando Medina quebrou esta terça-feira o silêncio socialista sobre José Sócrates e a decisão do juiz Ivo Rosa de levar o ex-primeiro-ministro a julgamento por seis crimes cometidos enquanto líder do Governo, em vez dos 31 de que estava inicialmente acusado.

Para o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, a justiça é que vai avaliar se Sócrates é ou não culpado, mas que a nível "ético e moral" há um "facto da maior gravidade e singularidade" que é o de "pela primeira vez na nossa história conhecida teremos em julgamento por um crime no exercício de funções um ex-primeiro-ministro".

No seu espaço de comentário na TVI24, o autarca lisboeta diz que o facto de os crimes terem sido cometido enquanto Sócrates era primeiro-ministro é o "facto mais importante e o facto fundador de um profundo sentimento de desconfiança na sociedade portuguesa e descrença na relação entre eleitores e eleitos".

Medina, que foi secretário de Estado nos governos de Sócrates, criticou o antigo governante por ter "recebido avultadas quantias financeiras que, ao contrário do que era dito, não resultavam de fortuna e herança familiar, sem qualquer justificação aparente que o próprio não dá e entendeu não dar", algo que "marca de forma profundamente negativa o sentimento de bem-estar e confiança na sociedade portuguesa".

Este é um comportamento que "corrói o funcionamento da nossa vida democrática", crê o edil da capital, que lembrou que "independentemente da natureza mais ou menos extensa do crime, sabemos que é um crime em exercício de funções com uma moldura penal" grave.

Medina considera que este caso "é todo um manual do que está profundamente errado no sistema de Justiça" e que, por isso, a Justiça tem de pensar no seu funcionamento.

Desde a decisão de juiz Ivo Rosa, na sexta-feira, que pessoas ligadas ao Partido Socialista têm rejeitado comentar o caso, nomeadamente a líder parlamentar Ana Catarina Mendes e o primeiro-ministro António Costa.

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