Mariana avança sem oposição interna para a liderança do Bloco

Deputada apresenta-se na continuidade face a Catarina Martins. "Contamos com ela no futuro", disse Mariana Mortágua sobre a ainda coordenadora dos bloquistas.

Mariana Mortágua confirmou ontem que é candidata à sucessão de Catarina Martins na liderança do Bloco de Esquerda (BE), tendo também ficado claro que a oposição interna reunida na moção E não deverá no entanto personalizar a contestação numa candidatura concorrente.

Mortágua, 36 anos e deputada desde os 26, doutorada em Economia, apresentou a candidatura numa conferência de imprensa na sede do BE em Lisboa. Sendo uma candidatura de continuidade, foi de imediato apoia por Catarina Martins. "Não há quem duvide da preparação, capacidade de trabalho e competência da Mariana. Sei que agora provará ao país o que eu já conheço tão bem: a generosidade e entrega em cada um dos combates por um país mais justo. Força, Mariana Mortágua", escreveu a ainda líder bloquista, na sua conta oficial na rede social Twitter.

Mortágua, pelo seu lado, também elogiou Catarina. "Este percurso de consistência e este impulso renovado do Bloco de Esquerda têm a marca de Catarina Martins. O tempo dela como coordenadora do Bloco abriu novos caminhos, criou confiança popular, ela foi a melhor porta-voz em tempos tumultuosos e tenho a certeza que agora que decidiu terminar o seu mandato como coordenadora do Bloco, a Catarina vai continuar a marcar-nos com a sua consistência, com a sua força e nós contamos com ela para isso", disse. "O que posso dizer - e acho que falo em nome de todos os bloquistas - é que contamos com ela no futuro, para todas as funções do BE, para todo o trabalho que temos pela frente", disse ainda.

Mariana Mortágua disse também ao que vem: "Mostraremos ao país - e eu espero que António Costa oiça bem - que a política do medo não pode vencer e que não basta pôr um espantalho à porta para poder governar contra as pessoas. É preciso fazer muito mais que isso e essa é a tarefa do BE."

Segundo disse, "a tranquilidade do PS é de achar que perante um PSD perdido e sem programa pode usar o medo da extrema-direita para lhe garantir uma maioria absoluta perpétua". "É por isso que vemos o PS a dedicar-se a promover um despique com o Chega mesmo sabendo que assim está a alimentar a extrema-direita em Portugal", criticou.

Assim, "a responsabilidade do BE é a de mostrar que só uma alternativa à esquerda pode criar respostas para as pessoas que estão exasperadas com a inflação, para as pessoas que estão exasperadas com a decadência das coisas importantes da democracia como a educação, como a saúde ou como a justiça".

O principal grupo interno opositor à direção bloquista, corporizado na moção E ("Um Bloco plural para uma alternativa de Esquerda - um desafio que podemos vencer"), parece descartar uma candidatura à liderança do partido. Será apresentada candidatura à Mesa Nacional do partido, lembrando o ex-deputado Pedro Soares que "a figura do coordenador não existe nos estatutos". Segundo disse, a moção E representa "um E de esperança também na possibilidade de esta convenção trazer uma mudança de rumo para o Bloco". "Tem-se ouvido falar bastante em continuidade. Nós queremos descontinuar este caminho de perda de influência política, social, eleitoral do Bloco. Achamos essencial que haja uma mudança de rumo."

A XIII convenção do BE decorrerá em Lisboa nos dias 27 e 28 de maio.

joao.p.henriques@dn.pt

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