Marcelo insufla expectativa sobre discurso na posse de Costa: "Não me vão ouvir até dia 23" 

Presidente da República promete que nas duas próximas semanas não dirá uma palavra sobre o novo ciclo político. António Costa inicia esta quarta-feira ronda de audições que começará pela sociedade civil e acabará nos partidos
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O Presidente da República quer que o país - e o PS em particular - oiçam com atenção o discurso que fará na tomada de posse do próximo Governo de António Costa e já começou a criar expectativa sobre o conteúdo dessa intervenção. Anunciando a data da tomada de posse do novo Executivo, assegurou, numa conversa com jornalistas no Palácio de Belém: "Não me vão ouvir até ao dia 23, que é quando eu farei o discurso de posse do novo Governo. Não me vou pronunciar sobre nada, nada, nada posterior às eleições de dia 30 de janeiro. O que tiver a dizer direi no discurso de posse do primeiro-ministro e do Governo."

Criando assim uma espécie de tabu, e prometendo silêncio sobre este tema nas próximas duas semanas, Marcelo Rebelo de Sousa faz aumentar a expectativa face ao discurso que pronunciará. Um discurso que já irá refletir o facto de, tendo agora o PS maioria absoluta no Parlamento, passar para a responsabilidade do inquilino do Palácio de Belém o papel de principal fiscalizador da ação governativa. Nos dias 21 ou 22 deverá ser conhecida a composição completa do novo Governo. Dias antes, deverá ser instalada a nova Assembleia da República, com eleição do(a) respetivo(a) presidente (provavelmente Edite Estrela, do PS).

Esta quarta-feira, procurando dar passos no cumprimento da promessa de "reabilitar" aos olhos dos portugueses o exercício do poder em maioria absoluta, António Costa iniciará a auscultação a várias associações da sociedade civil e de partidos políticos com assento parlamentar. Serão audiências, segundo explicou o seu gabinete em nota à imprensa, que se irão realizar "no âmbito da preparação do próximo ciclo político".

Esta quarta-feira o primeiro-ministro - a quem o Presidente já comunicou que o iria indigitar para formar Governo - irá ouvir a presidente do Conselho das Finanças Públicas, Nazaré da Costa Cabral, reunindo depois, por videoconferência, com o Conselho Nacional de Saúde.

Para quinta-feira estão marcadas audiências com o Conselho Nacional de Educação, com o Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, com o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e com Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos. Depois, na sexta, dia 11, o primeiro-ministro terá reuniões com o Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável e com o Conselho Nacional da Juventude.

Depois do fim de semana (dias 12 e 13), o chefe do Governo voltará a esta ronda de audições ouvindo em São Bento, segunda-feira, representantes do setor social e solidário, nomeadamente a União das Misericórdias Portuguesas, a União das Mutualidades Portuguesas, a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e a Confederação Cooperativa Portuguesa. Para o mesmo dia, estão marcadas reuniões com o Conselho Nacional das Confederações Patronais, a UGT, a CGTP e com o presidente do CES (Francisco Assis, do PS).

Este processo terminará com o chefe do Governo a ouvir os partidos com assento parlamentar. Mas isso, como de resto Costa já tinha anunciado na noite eleitoral, não incluirá o Chega, com quem os socialistas não querem qualquer comunicação, ainda para mais dispensável tendo maioria.

Mais do que ouvir opiniões sobre a composição do Executivo - matéria de sua exclusiva responsabilidade -, António Costa vai procurar na ronda de audições que esta quarta-feira se inicia recolher possíveis contributos para o Programa de Governo que terá de apresentar na Assembleia da República.

Quanto à composição do Governo, as certezas são poucas ou nenhumas. Francisca Van Dunem (Justiça), Graça Fonseca (Cultura), Manuel Heitor (Ciência), Ana Abrunhosa (Coesão), Maria do Céu Antunes (Agricultura) e Ricardo Serrão (Mar) parecem ter saída garantida.

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