Política
13 janeiro 2021 às 23h30

Marcelo fora da campanha de rua, adversários pelo país

O recandidato a Belém fica em vigilância passiva e deve evitar aglomerados. Os adversários andam já em lufa-lufa.

Paula Sá

Marcelo Rebelo de Sousa não poderá participar em ações de campanha, embora se mantenha ativo na Presidência da República. Quem o determinou foi o delegado de saúde regional de Lisboa e Vale do Tejo que confirmou na terça-feira à noite que o Chefe do Estado, "após avaliação de risco, foi considerado como tendo tido exposição de baixo risco", podendo retomar a sua atividade. Mas ficará em "vigilância passiva" durante 14 dias, o que significa que, entre outras coisas, não deverá "frequentar locais com aglomeração de pessoas". Ou seja, Marcelo fica arredado da campanha eleitoral de rua.

Segundo nota oficial publicada no site da Presidência da República, "esta avaliação refere-se tanto à situação resultante do teste positivo da passada segunda-feira, seguido de dois testes negativos realizados pelo Instituto Ricardo Jorge, que é o laboratório nacional de referência, quer ao contacto com o elemento da sua segurança pessoal, cujo resultado positivo do teste foi conhecido ontem ao fim da tarde".

Depois de se ter submetido a um teste PCR, que deu positivo, Marcelo fez mais quatro que deram resultado negativo. Mesmo assim, participou à distância no último debate televisivo na RTP por videoconferência, com todos os candidatos a Belém.

Marcelo Rebelo de Sousa voltou ontem ao Palácio de Belém retomando a atividade com essa restrição nos contactos. A vigilância passiva, segundo as indicações da Direção-Geral da Saúde, obriga ao registo de temperatura duas vezes por dia, restringir os contactos sociais e contactar a linha SNS24 em caso de sintomas.

Esta automonitorização, segundo a norma da DGS, deve ser registada pelo próprio Marcelo no Registo de Saúde Eletrónico ou no portal Covid-19.

Ontem, o Presidente da República no ativo publicou já uma nota no site em que justifica os motivos pelos quais assinou a renovação do estado de emergência até as 23h59 do dia 30 de janeiro.

"Face à gravidade da situação, por mais de 90% dos deputados, tem um fim muito urgente e preciso: tentar conter e inverter o crescimento acelerado da pandemia, visível, nos últimos dias, em casos, internamentos, cuidados intensivos e, ainda mais, em mortos. Essa contenção e inversão impõe-se e é muito urgente", escreveu Marcelo.

Os 14 dias de vigilância passiva, que contam desde a data da última exposição a um infetado com covid-19, vão cair em cima da data da ida às urnas, mas como o Presidente não está impedido de sair, deverá votar presencialmente. Certo é que não o fará em Celorico de Basto e é provável que venha a depositar o voto na sua secção de voto em Cascais.

O recandidato a Belém tem mais dois debates para as presidenciais em que deverá participar, um no Porto Canal, no dia 20, com Vitorino Silva, o Tino de Rans, e no dia 18 com todos os candidatos nas rádios, TSF, Renascença e Antena 1.

Enquanto Marcelo está em Belém, os restantes seis opositores na corrida à Presidência estão já no terreno, depois da ronda de debates televisivos. E o tema que dominou ontem as declarações de quase todos os candidatos foi o caso dos jornalistas vigiados pela PSP, a mando de uma procuradora, no âmbito do processo e-toupeira e com censura generalizada.

Ana Gomes, em campanha em Santarém, manifestou-se "muito preocupada" e Vitorino Silva, em Coimbra, declarou: "Há uma coisa chamada liberdade. Ninguém pode entrar na nossa liberdade e na liberdade de imprensa."

Marisa Matias também criticou o caso, mas já na Madeira, onde defendeu também que o papel do Presidente da República é garantir que "nenhuma parte do país fica para trás".

João Ferreira, em Lisboa, teve a seu lado uma apoiante socialista, no caso a deputada Isabel Moreira, que defendeu que é o candidato mais bem posicionado para combater o "populismo".