Madeira. Albuquerque começa a perder controlo da sucessão
Miguel Albuquerque (PSD) formalizou ontem perante o Representante da República na Madeira, Irineu Barreto, o pedido de demissão do cargo de presidente do Governo Regional.
Para a reunião levou um nome que lhe sucederia na liderança do Executivo madeirense, Eduardo Jesus, atual secretário regional do Turismo, mas Irineu Barreto, a quem compete a indigitação, tê-lo-á recusado, segundo avançou a SIC-Notícias.
E assim, por causa desta recusa, foi desconvocada a reunião do Conselho Regional do PSD-Madeira que esteve marcada para decorrer ontem ao fim da tarde no Funchal , reunião da qual sairia, precisamente, a formalização do nome para suceder a Albuquerque na presidência do Governo Regional (e a queda do presidente implica a queda do Executivo todo).
Assim, parece estar a acontecer um braço de ferro entre Albuquerque e Irineu Barreto sobre quem se seguirá na presidência do Governo Regional. E nos bastidores movimenta-se o Presidente da República, que quer um(a) novo(a) líder do Executivo madeirense com um currículo à prova de bala em termos de suspeitas judiciais, de preferência recrutado fora do atual elenco governativo.
Ontem, no final da reunião com o Representante da República, Albuquerque recusou-se a dizer quem será indicado para o substituir, adiantando que agora acontecerão “reuniões informais com as cúpulas do partido” para se encontrar “uma solução que esteja em consonância” tanto com os “interesses da maioria” que governa a ilha (PSD+CDS, com apoio parlamentar do PAN) como com “os interesses da população”. Uma coisa é certa: Albuquerque demitiu-se da liderança do Governo Regional mas não se demitiu da liderança do PSD regional - sinal de que não quer ser alheio à sua sucessão.
Irineu Barreto, pelo seu lado, aceitou a demissão mas tornou de imediato claro que ela não se efetivará imediatamente. O problema é que, se isso acontecesse, ficaria suspenso o processo de aprovação final do Orçamento regional para este ano (votação final marcada para 9 de fevereiro): “Estou a ponderar a melhor altura para que produza efeitos. Pode ser que seja ainda esta semana, pode ser que seja só depois do Orçamento aprovado. A data está em aberto”.
Aqui, neste compasso de espera, também há sinais de braço de ferro entre a maioria no poder e o Representante da República. O PSD não disse nada mas o CDS fez saber, através do seu líder regional, Rui Barreto, que recusa a tal espera até 9 de fevereiro. Exige antes a substituição “imediata” de Albuquerque, apresentando depois o novo executivo o Orçamento.
Ao mesmo tempo, Barreto fez saber ao Presidente da República que se opõe a que este dissolva o Parlamento madeirense. Isso só poderá acontecer a partir de 24 de março mas Marcelo está fortemente pressionado a fazê-lo devido às analogias que o caso tem com o da demissão de Costa (também envolvido num processo judicial): dissolveu o Parlamento apesar de a maioria PS garantir que estava em condições de prosseguir na governação, com um novo primeiro-ministro.
Em Lisboa, os arguidos detidos da investigação judicial que deu origem à tempestade política em curso na ilha, ainda não começaram a ser ouvidos. Pedro Calado (PSD), presidente da Câmara do Funchal, renunciou ao cargo e ontem foi formalmente substituído pela sua vice-presidente, Cristina Pedra.