O presidente do PSD defendeu esta quarta-feira que apagar intervenções de deputados "é próprio de ditaduras" e considerou que "o PS não tem emenda", a propósito da deputada socialista que pediu para que fosse apagada uma intervenção da IL.."Apagar intervenções de deputados no parlamento? Isso é próprio das ditaduras. Este PS não tem emenda. Em 6 meses já mostrou que não é digno da maioria que o povo lhe concedeu", defendeu Luís Montenegro na rede social Twitter, acerca de um incidente sobre o qual o grupo parlamentar do PS já pediu desculpa..A deputada do PS Isabel Guerreiro pediu esta quarta-feira para que fossem retiradas das atas e da gravação da comissão parlamentar de Poder Local o momento em que o deputado Carlos Guimarães Pinto, da IL, pediu a demissão da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, caso o marido da governante não devolvesse fundos comunitários de que empresas suas beneficiaram..Em causa, está a notícia avançada pelo Observador que dá conta de que duas empresas do marido de Ana Abrunhosa receberam fundos comunitários da área por si tutelada..O PS pediu formalmente desculpa pelo ato da deputada, através do vice-presidente da bancada, Pedro Delgado Alves.."O PS pede desculpa à instituição parlamentar, à Iniciativa Liberal em particular e aos demais partidos que estiveram presentes na comissão [de Poder Local] pela forma infeliz como a senhora deputada do PS [Isabel Guerreiro] tinha solicitado a remoção de elementos da ata e da gravação da reunião que tinha decorrido", declarou Delgado Alves..O deputado liberal questionou esta manhã a governante sobre a "questão ética" subjacente ao facto de só uma das empresas detidas pelo cônjuge, a Thermalvet, ter recebido 133 mil euros da União Europeia (UE). Carlos Guimarães Pinto defendeu que ou o marido da ministra devolve esse dinheiro proveniente de fundos comunitários ou a ministra tem de demitir-se..Na sequência desta intervenção de Carlos Guimarães Pinto, a deputada socialista Isabel Guerreiro, eleita pelo circulo de Faro, pediu que a gravação desta parte da reunião fosse apagada e também removida da ata da reunião, alegando que o tema não fazia parte da ordem de trabalhos da reunião..Perante este episódio, Pedro Delgado Alves falou aos jornalistas, demarcou-se totalmente da atitude da sua colega de bancada e pediu desculpa.."Obviamente, não nos parece ter havido uma intenção censória da parte da senhora deputada, mas, efetivamente, aquilo que foi declarado não acompanha a prática de várias décadas do PS na Assembleia da República, não corresponde à forma de registar não só historicamente aquilo que acontece aqui, mas também para garantir o escrutínio parlamentar", declarou..Carlos Guimarães Ponto voltou a questionar a ministra sobre o assunto, numa segunda audição, regimental: "Não considera, como pessoa séria e ética que acredito que seja, que existe um claro conflito de interesses quando o seu marido recebe fundos europeus atribuídos por organismos que a senhora ministra tutela?"..Segundo o deputado, não se trata de uma questão de legalidade, mas sim de "um conflito ético", pelo que, até ao final do dia, ou a ministra se demite, ou o marido deve devolver os fundos que recebeu..A todos os apelos, Ana Abrunhosa alegou que não tinha mais nada a acrescentar ao que já tinha revelado sobre as áreas que tutela..No entanto, sobre a retirada das declarações da IL das atas da comissão, a ministra considerou que não deveriam ser apagadas..De acordo com o Observador, a Thermalvet, detida a 40% pelo marido de Ana Abrunhosa, recebeu 133 mil euros de um total de 303.275 euros, o que corresponde a mais de um terço dos fundos comunitários recebidos pelo país. Esta empresa foi fundada em outubro de 2020, 15 dias antes do arranque do projeto..Já a Xiapu, empresa que conta com uma participação indireta do conjugue da ministra, recebeu 66.015 euros no quadro do programa Compete 2020.