Líder do CDS lamenta desfiliações mas diz que algumas "não provocam surpresa". "Lamento-as a todas"
O presidente do CDS-PP lamentou esta terça-feira as desfiliações de personalidades do partido nos últimas dias, como Adolfo Mesquita Nunes ou António Pires de Lima, mas considerou que algumas "estavam pré-anunciadas" e "não provocam surpresa".
Em entrevista à RTP3, Francisco Rodrigues dos Santos, disse não ser "indiferente às saídas de militantes". "Lamento-as a todas, sem exceção", salientou.
No entanto, o presidente do CDS-PP considerou que "algumas delas até estavam pré-anunciadas", referindo uma notícia do semanário Sol que indicava que alguns militantes ligados a Paulo Portas, os "portistas", estavam preparados para sair caso Nuno Melo perdesse o congresso e Francisco Rodrigues dos Santos continuasse na liderança.
"Algumas não me provocam surpresa, porque desde que eu fui eleito as manifestações públicas acerca do CDS foram muito agressivas para comigo", lamentou, apontando que estas saídas não causam "nenhuma estupefação, embora lamente".
Salientando que "o partido não se confunde com a história destas pessoas, por mais relevante que tenha sido o seu papel no passado", Francisco Rodrigues dos Santos salientou que "a vida dos partidos é dinâmica" e recordou que já houve "fundadores a sair e ex-presidentes".
"Ficar para obstaculizar a liderança do CDS, estar constantemente a ridicularizá-la na opinião pública creio que também não prestam um bom serviço", defendeu.
O líder centrista destacou depois que este ano o partido admitiu "mais de 900 filiados" e esta semana, por altura do aniversário da Juventude Popular, "está organizado um movimento de refiliações no partido", afirmando que "o saldo é claramente positivo".
"E é importante que as pessoas compreendam que os partidos têm ciclos políticos internos que obedecem a transições democráticas dentro do seu edifício e muitas vezes obrigam a que haja saídas", acrescentou, apontando que defende um partido em que são "todos iguais" e "cada militante tem um peso significativo".
Na sequência do adiamento do congresso eletivo do CDS-PP, marcado para 27 e 28 de novembro, o ex-ministro da Economia António Pires de Lima, o antigo vice-presidente do partido Adolfo Mesquita Nunes, a antiga deputada Inês Teotónio Pereira ou o ex-dirigente nacional centrista João Maria Condeixa anunciaram a desfiliação do CDS-PP.
O presidente do CDS-PP defendeu que o partido está "preparado para ir a votos sozinho" nas eleições legislativas e indicou que ainda não falou com o líder do PSD, Rui Rio, sobre uma possível coligação.
"O CDS estará preparado para ir a votos sozinho se for o caso", afirmou Francisco Rodrigues dos Santos, salientando que "não é uma questão de vida ou de morte" o CDS apresentar-se a eleições legislativas em coligação ou não.
Questionado se já abordou com Rui Rio o tema de uma possível coligação pré-eleitoral, o líder do CDS-PP respondeu negativamente.
Sobre este tema, Francisco Rodrigues dos Santos defendeu que "os dois partidos juntos muitas vezes são maiores do que a soma das partes e permitem ganhar eleições à esquerda, quando separados muitas vezes isso não acontece", uma vez que o método de distribuição de mandatos, o método de Hondt, "favorece os grandes números, os somatórios de voto, e hoje em dia decide-se quem governa pelo número de mandatos na Assembleia da República".
"E juntos acho que os dois partidos conseguem chegar mais perto da maioria absoluta para poder governar", considerou.
No entanto, salientou que "uma coligação só fará sentido se for assente num programa" e se "o CDS tiver bandeiras para levar para esse programa que vinque a sua marca no quadro da governação".
Portanto, "tudo depende dos termos, das condições e do programa", indicou o presidente democrata-cristão.
O líder referiu também que "essa é uma questão que também tem de ficar resolvida e só pode ficar resolvida se for discutida", alertando que "o partido se estiver a debater-se internamente por um congresso não pode definir uma política de coligações".
Francisco Rodrigues dos Santos afirmou ainda que "ficaria satisfeito" de chegar ao Governo, apontando que "só falta levar a marca do CDS ao governo de Portugal", uma vez que o partido integra executivos em coligação com o PSD na Madeira, nos Açores e em cerca de 50 câmaras.
O presidente do CDS considerou ainda estar mandatado pelos militantes para decidir sobre coligações, mas apontou que é uma decisão que tem de ser "ratificada sempre em Conselho Nacional", o órgão máximo do partido entre congressos.
Os líderes de PSD e CDS-PP tiveram um encontro anunciado na semana passada, em Aveiro, que se destinava a "discutir a atual situação política, na sequência do chumbo do Orçamento do Estado", mas acabou por ser adiado.
Notícia atualizada às 23:03