PSD lamenta o silêncio cúmplice e submisso dos autarcas do PS.
PSD lamenta o silêncio cúmplice e submisso dos autarcas do PS.FILIPE AMORIM / AFP

“Inverdades”, “silêncios cúmplices” e o repúdio de um Porto “esquecido”

Proposta socialista de abolir portagens está causar divergências entre estruturais locais de PS e PSD. Pedro Nuno Santos acusado de “virar costas” ao distrito do Porto.
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O xadrez parlamentar das votações no dia 2, na última quinta-feira, começa a tornar visível as fraturas que o projeto do PS, que a então ministra Ana Abrunhosa só em parte defendia por ser necessário “repensar todo o sistema de portagens do país”  - até apontou o momento ideal “que é quando acabarem as concessões” - e que era uma promessa de Costa [de 2015] nunca cumprida.

Em janeiro, Pedro Nuno Santos retomou a promessa e apontou cinco alvos: a A22 no Algarve, a A4 que liga Amarante ao Matosinhos, a A23 (Torres Novas-Guarda), a A 24 (Viseu a Chaves) e a A25 (Aveiro-Vilar Formoso). Depois das criticas, das portagens que tinha esquecido, apresentou uma reformulação: A4 - Transmontana e Túnel do Marão, A13 e A13-1 - Pinhal Interior, A22 - Algarve, A23 - Beira Interior, A24 - Interior Norte, A25 - Beiras Litoral e Alta e A28 - Minho nos troços entre Esposende e Antas e entre Neiva e Darque (ver mais noticiário na página 18). Enquanto que o projeto de lei do PS foi aprovado com os votos a favor dos socialistas, Chega, BE, PCP, Livre e PAN,  os projetos de lei do BE e PCP - que seguiam a mesma linha de abolição de portagens dos socialistas, mas abrangendo mais vias  - foram chumbados.

Após as acusações do PSD de “conluio político” entre PS e Chega que “terá um custo de 180 milhões de euros em 2025, atingindo um valor acumulado de 1,5 mil milhões de euros no final dos prazos de concessão em 2024”, começaram a surgir as divergências internas nos dois maiores partidos.

Um sinal de discórdia veio já da Guarda. As 14 concelhias social-democratas do distrito consideram que o comunicado divulgado pela JSD Distrital no dia 02 de maio é “injurioso, cheio de inverdades e com fortes ataques pessoais infundados” e uma falta de respeito para com a deputada Dulcineia Catarina Moura. 

A JSD lembrou que a deputada do PSD eleita pelo círculo da Guarda “defendeu ao longo dos anos uma coisa e agora, de maneira a puxar lustro aos seus donos em Lisboa, está pronta para votar contra a abolição das portagens (...) É atitude de quem está apenas para se servir e levar um ordenado para casa, sem fazer nada. Aqui está a prova de que esta deputada do PSD é uma fraude”.

No Porto, a Distrital e as 18 concelhias do PSD repudiam a exclusão do distrito do fim das portagens nas ex-SCUT (A41, A42, A29 e pórticos da A4 e A28), lamentando  “ silêncio comprometido e submisso” dos autarcas socialistas perante uma proposta “que vira costas” à região. 

“Nenhum dos municípios [do distrito] é contemplado com a medida votada favoravelmente pelo PS e Chega” e os presidentes das câmaras  socialistas foram incapazes de “levantar a sua voz em defesa da população que neles confiou”.

O que PSD ontem repudiou, já o PCP, no dia 3, tinha criticado: “É possível concluir que, neste processo, só as concessionárias, às quais o Estado entrega mais de mil milhões de euros líquidos por ano, ficaram a ganhar”.

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