Governo e PS acusam Bloco de "intransigências" e "chantagens"

Bloco de Esquerda avisa que chumba Orçamento se governo "insistir em impor recusas". Marcelo pede "bom senso", mas admite que dissolução da AR não implica demissão do governo.
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A ameaça do Bloco de Esquerda recebeu resposta imediata do governo. E o tom da retórica subiu. Duarte Cordeiro, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e Marta Temido, ministra da Saúde, menos de uma hora depois de Catarina Martins acusar o governo de "insistir em impor recusas", refutaram toda a argumentação bloquista, quase ponto por ponto, falando em "intransigência" e "imposições" do BE.

Quase à mesma hora, Ana Catarina Mendes, líder parlamentar socialista, pressionava BE e PCP. "Este é um momento que não é compatível com chantagens" e quem votar contra o Orçamento do Estado mais não faz do que empurrar o país para "as mãos da direita" deitando "por terra o reforço do Estado social".

"É estarmos a dizer aos trabalhadores (...) que deixam de ser valorizados nos seus salários, que deixa de haver um aumento do salário mínimo nacional ou que deixa de ser possível (...), por exemplo, a indemnização compensatória por despedimento, sobretudo, no combate à precariedade e nos contratos de trabalho a termo", especificou.

Catarina Martins tinha ameaçado com um chumbo ao OE 2022 "se o governo insistir em impor recusas onde a esquerda podia ter avanços", sustentando que o BE "responderá pela sua gente - pelo povo que trabalha e pelo SNS que nos orgulha - e votará contra o Orçamento do Estado para 2022". Mantendo, no entanto, assegurou a coordenadora bloquista , disponibilidade negocial porque "ainda há tempo".

"Disponibilidade e clareza para as soluções que aumentam os salários, que protegem o SNS e que garantem justiça para quem trabalhou toda a vida", explicou.

"Seria uma irresponsabilidade se o governo não quisesse um acordo", até porque, diz Catarina Martins, "não há no Bloco de Esquerda nada de chantagem", mas "tudo de disponibilidade e de determinação".

Duarte Cordeiro, que foi o primeiro dos membros do governo a desmontar a argumentação do BE, garantiu que o executivo não tem ignorado as propostas dos vários partidos, que tem estado a fazer tudo o que é possível, é antes o Bloco que se "fechou" em nove propostas.
"Se nos limitarmos às nove questões, torna-se difícil resolver este impasse, não vale a pena estarmos aqui com retórica", afirmou, considerando que é o Bloco que pode fazer "uma reavaliação". Por outras palavras: "Não precisamos de ficar com a ansiedade de resolver tudo até quarta-feira (...) o BE pode sempre tomar uma posição no fim", ou seja, na votação final global.

Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, foi a mais veemente e não poupou nas palavras acusando o BE de "intransigência" e de "imposições".

"Às vezes parece que é preciso exigir tudo e de nada prescindir para que tudo fique na mesma (...) São opções políticas que estamos a fazer em conjunto como sociedade e que têm de resultar de compromissos e não de imposições", justificou.

Marta Temido, ministra da Saúde, rejeitou qualquer acusação de que o OE "seja pouco ambicioso" garantindo que, pelo contrário, o que existe é um aprofundar do "investimento no SNS, desde logo, em termos estritamente orçamentais".

"O OE 2022 é, de facto, um Orçamento que reforça o SNS. Reforça em muitas escolhas que constam também do Estatuto do SNS, não apenas nas condições de trabalho, que são muito importantes, mas também nas respostas aos utentes", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa voltou, logo depois, e mais uma vez, a pedir "bom senso", alertando que se o OE for chumbado "a alternativa é a dissolução" do parlamento.

E, desta vez, deixou claro: dissolverá a assembleia para convocar eleições antecipadas, mas o governo ficará em funções. "Uma coisa é o governo não se demitir outra coisa é dissolver o parlamento", lembrou.

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