Gouveia e Melo discursa na Gare Marítima de Alcântara perante cerca de 400 pessoas.
Gouveia e Melo discursa na Gare Marítima de Alcântara perante cerca de 400 pessoas.FOTO: Reinaldo Rodrigues

Gouveia e Melo: "Mais do que nunca, precisamos de um Presidente da República diferente"

Antigo chefe do Estado-Maior da Armada e coordenador da taskforce para a vacinação contra a covid-19 apresentou a sua candidatura presidencial na Gare Marítima de Alcântara.
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Henrique Gouveia e Melo defendeu, na apresentação da sua candidatura ao Palácio de Belém, que "agora, mais do que nunca, precisamos de um Presidente da República diferente". Num discurso sem direito a perguntas, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa, o almirante que já foi chefe do Estado-Maior da Armada e coordenador da vacinação contra a covid-19 enumerou características como ser "capaz de unir, motivar e dar sentido à esperança", mas também "estável, confiável e atento, acima de disputas partidárias e fiel ao povo que o elegeu".

Naquilo que aparentou ser uma crítica implícita a Marcelo Rebelo de Sousa, atual titular do cargo que irá disputar nas urnas em janeiro de 2026, Gouveia e Melo comprometeu-se a ser "um Presidente que não seja um mero espectador da vida política" e garantiu que usará a palavra "com contenção, substância e propriedade".

"Serei um Presidente que respeitará os partido políticos, pilares fundamentais da democracia, tendo sempre em mente que o Presidente da República não governa", disse ainda o candidato presidencial que tem aparecido à frente em todas as sondagens, não obstante só ter confirmado oficialmente essa intenção nesta quinta-feira.

Henrique Gouveia e Melo confirmara minutos a entrada na corrida à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa, dizendo que nos últimos três anos sentiu "de forma crescente" apoio para que se candidatasse. Sobre esse apoio, disse que foi "espontâneo, genuíno e persistente". E que teve dois efeitos: "Muito me honra, mas também muito me responsabiliza".

Sobre o que sucedeu nesses últimos três anos, começou por dizer que "o Mundo também mudou muito". E não para melhor, pois vê "nuvens carregadas de incerteza e de perigo no horizonte", visto que a guerra voltou à Europa, "destruindo a ilusão de uma paz garantida", e o Ocidente "vacila, divide-se e perde o rumo". Não se coibiu de criticar a Administração Trump, dizendo que os Estados Unidos "já não garantem segurança e lançam incerteza", e advertiu para uma economia global que se retrai e vai "esmorecer a esperança".

Também houve um recado para a situação nacional. Após advertir que "as democracias são atacadas por fora e corroídas por dentro", Gouveia e Melo disse que "Portugal não está imune nem isolado numa redoma protetora" e que deteta "sinais de desânimo na nossa juventude".

"Estou aqui porque não consegui ficar de braços cruzados", disse Gouveia e Melo, que prometeu a mesma entrega com que serviu Portugal durante 45 anos e a mesma coragem com que jurou dar a vida pela pátria se fosse necessário. Mas sem deixar de realçar a "experiência de quem liderou em momento difíceis" e a "confiança de quem acredita de verdade que juntos conseguiremos ultrapassar grandes desafios".

Entre outras referências ao seu percurso, destacou ter estado "no meio das cinzas e da dor", em Pedrógão Grande, ou o seu papel durante a pandemia, "quando Portugal mais precisava de organização e de liderança".

Também falou dos problemas de Portugal, detendo-se em áreas da governação, como a Saúde, a Educação e a Habitação, e defendeu que o pior perigo que o país enfrenta é a "falta de coragem para fazer o que tem de ser feito". Mas a nota dominante foi a necessidade de haver reformismo e, em simultâneo, estabilidade política. "Não estamos condenados a uma lógica de ciclos curtos quando o país pede transformação e quando os portugueses exigem ação", disse.

O início da intervenção de Gouveia e Melo começou com uma declaração pouco surpreendente, mas nem por isso pouco aplaudida pelos apoiantes que encheram o recinto: "Portugueses, apresento-me diante de vós como candidato à Presidência da República."

A todos eles dirigiu uma série de desafios com que terminou a sua intervenção, intercalada apenas por aplausos das centenas que o escutavam e o consumo de dois copos de água, convocando-os "para um futuro com esperança, para um país que não se resigna, para um país com vontade e ambição, e para uma democracia que não fraqueja".

Apresentando o futuro de Portugal como "causa comum", num discurso que terminou com três vivas (à esperança, à democracia e a Portugal), o agora candidato presidencial disse contar sobretudo com os jovens, pela sua "energia, irreverência e vontade de mudar o mundo". E no final foi rodeado por uns quantos, que subiram ao palanque, enquanto o almirante, de 64 anos, levava a mão ao coração antes de cantar o hino nacional.

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