O Chega vai propor a audição no parlamento da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), da Endesa e do secretário de Estado da Energia, e acusou o primeiro-ministro de "ameaçar" uma empresa privada.."O Chega vai ainda hoje chamar de urgência ao parlamento o presidente da ERSE, o presidente da Endesa, Nuno Ribeiro da Silva, e o secretário de Estado João Galamba para darem explicações tão urgentes quanto possível desta situação", anunciou o presidente do Chega..Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, André Ventura afirmou que quando o mecanismo ibérico foi anunciado, foi dito que "seria uma grande vantagem para os consumidores portugueses, e de facto, o mecanismo ibérico permitiu durante algum tempo um certo travão no crescimento dos preços, só que este mecanismo ibérico tem um custo e esse custo será repercutido para o futuro"..O partido quer que a ERSE explique "como e de que forma é que o mecanismo ibérico está ou vai provocar aumento dos preços", que o presidente da Endesa justifique porque falou num aumento dos preços "quando a empresa veio contradizer o próprio presidente" e que o secretário de Estado do Ambiente e da Energia diga "efetivamente quanto é que vai ser o aumento ou o custo desse mecanismo ibérico"..Com os trabalhos da Assembleia da República suspensos para férias, retomando em setembro, o líder do partido de extrema-direita indicou que "comunicará ainda hoje com o presidente da Assembleia da República para lhe dar nota deste pedido de urgência de uma reunião parlamentar sobre esta situação"..Este requerimento terá ainda de ser votado e, se for aprovado, a audição destas entidades deverá acontecer quando os deputados voltarem ao parlamento..Sobre o despacho do primeiro-ministro que determina que os serviços do Estado não podem pagar faturas da Endesa sem validação prévia do secretário de Estado do Ambiente e da Energia, Ventura considerou que constitui "uma ameaça" a uma empresa privada e uma "atitude abusiva".."Esta atitude venezuelana de António Costa e do Governo socialista mostra bem o tipo de Governo com que estamos a lidar", criticou..Na ótica do Chega, a "única solução" para contornar o aumento de preços da energia passa pela diminuição do IVA para a taxa mínima, de 6%, "para todos os consumidores e em todas as fases".."O Governo não quer fazer isso porque está a lucrar com a crise e com o aumento da inflação e do custo", acusou o líder partidário..André Ventura pediu também a intervenção do Presidente da República, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa "não pode deixar passar em claro esta situação"..O líder do Chega afirmou ainda que ouviu "vários especialistas nesta área e entidades governativas e não governativas", e que estas pessoas, que não identificou, lhe transmitiram que o mecanismo ibérico "vai transportar custos para o futuro em termos de energia que serão repercutidos nos consumidores e nas empresas"..O primeiro-ministro determinou, num despacho assinado na segunda-feira, que os serviços do Estado não podem pagar faturas da Endesa sem validação prévia pelo secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, depois de o presidente da empresa ter admitido aumentos de 40% na eletricidade..Nuno Ribeiro da Silva disse no domingo, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, que a eletricidade iria sofrer um aumento de cerca de 40% já nas faturas de julho, e que esse aumento era justificado pelo mecanismo ibérico para controlar o preço do gás na produção elétrica..O Ministério do Ambiente e da Ação Climática divulgou depois um comunicado no qual rejeitava declarações de Nuno Ribeiro da Silva, classificando-as como "alarmistas"..Depois da polémica, a Endesa acabou por emitir na segunda-feira um comunicado comprometendo-se a manter os preços contratuais até dezembro e a cumprir os compromissos estabelecidos no mecanismo ibérico.