Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, classificou-o como um debate que foi “um embuste”, uma “tática” feita por quem “anunciou que o tempo das táticas tinha acabado [PS]”..A oposição, por sua vez, deixou críticas ao Governo. Tendo direito à primeira intervenção do dia (por ter sido o partido proponente do debate de urgência sobre o IRS), o PS, pela voz de Alexandra Leitão, apontou baterias ao Governo, como já tinha feito no sábado passado. Para os socialistas, o executivo de Luís Montenegro é arrogante e usa a “arrogância” para disfarçar a “incompetência”..Na primeira vez que o Governo foi chamado ao Parlamento a explicar as suas medidas para o IRS (que previam uma descida de 1,5 mil milhões mas que, afinal, já incluíam os 1327 milhões do Orçamento do Estado em vigor), a deputada socialista quis desmanchar o pacote fiscal. Afinal, “a grande medida eleitoral da AD” representa 173 milhões de euros e não 1,5 mil milhões. Ou explicado de outra maneira: “Feitas as contas, 88% da medida do PSD são, afinal, do PS.” E, tal como na vida, disse Alexandra Leitão, “é grave mentir”. Este Governo em “menos de duas semanas depois de tomar posse já perdeu a credibilidade e minou a sua relação de confiança com os portugueses”, atirou..Então, questionou o ministro das Finanças: “Diga qual é o valor real desta medida? Em que se traduzem os 2 mil milhões que a AD propunha entre 2024 e 2026?” Mas a resposta não chegou. Porque Joaquim Miranda Sarmento não esteve no Parlamento, por estar numa reunião já agendada do Fundo Monetário Internacional, em Washington. As honras do Governo foram defendidas pela secretária de Estado dos Assuntos Fiscais (Cláudia Reis Duarte) e pelo ministro dos Assuntos Parlamentares (Pedro Duarte) e pelo seu secretário de Estado (Carlos Abreu Amorim)..Defendendo sempre que “é cristalino” que o Governo “não mentiu”, Pedro Duarte reiterou que foi prometida “uma redução de 1,5 mil milhões de euros” e que o executivo não se enganou - “não mentimos, não fizemos de conta”. E foi mais longe: “Nunca falámos em choque fiscal, porque respeitamos o equilíbrio orçamental.”.Esta sexta-feira, em Conselho de Ministros, o Governo aprovará uma redução de IRS, admitiu o ministro. De quanto, ao certo, não foi revelado, e o próprio ministro nunca o disse..Durante o debate, criticou o ministro, a oposição quis transformar “uma boa notícia numa má notícia”. Mas, argumentou, haverá “uma descida de IRS de 1.500 milhões de euros” e as pessoas “terão, em muitos casos, a segunda descida de IRS do ano”..A reação “mansinha” e os “truques” do Governo.Durante o debate, a esquerda uniu-se nas críticas à proposta do Governo e, com maior ou menor agressividade, todos acusaram o executivo de ter operado “um embuste”..Mas, na oposição, houve quem fosse mais “mansinho” nas reações, como disse Marcos Perestrello, deputado do PS, nas declarações políticas pós-debate, para criticar a “aproximação disfarçada” entre PSD e Chega. Também nessas declarações, a ex-ministra da Habitação (agora deputada), Marina Gonçalves, criticou a postura do Governo e disse ser impossível “dialogar sem diálogo”. “Exige-se a humildade que tanto anunciam, mas não praticam” e os “truques” de “dar o dito por não dito” devem chegar ao fim..Sobre as medidas de redução do IRS, André Ventura pediu mais ambição ao Governo: “O PSD tem no seu programa a maior redução fiscal em tempo de crescimento económico. Ora, a maior redução fiscal de que há memória não pode ser 170 milhões de IRS. Não podemos estar a propor descidas que aqueles senhores [PS] já fizeram. Se querem desamarrar o socialismo, não podemos governar ao lado deles.”.Durante o debate propriamente dito, Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, fez a defesa natural ao Governo. Como Pedro Duarte, insistiu que o executivo não mentiu e lamentou que a oposição continue a utilizar esse argumento, o líder parlamentar social-democrata apontou a Fernando Medina, que “ainda não se pronunciou” sobre o assunto. Isto revela, disse, que o ex-ministro das Finanças “talvez tenha sido o único que estudou”. E questionou também a líder parlamentar do PS (“Consegue dizer se o primeiro-ministro mentiu?”), ao que Alexandra Leitão disse que o discurso de Montenegro tem sido “ambíguo” e com “a mesma dissimulação” da campanha eleitoral. “Faz com que até agora não estejamos esclarecidos”, atirou.