Costa evoca perigo da extrema-direita. "Vai ficar a falar sozinho", diz Rio 

Ao segundo dia de campanha, PS e PSD mantiveram pingue-pongue de acusações. CDS atirou ao PAN e diz que não há governo onde caibam os dois partidos.
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António Costa voltou ontem a apontar o perigo de normalização das propostas da extrema-direita, defendendo que o "maior perigo" é que consigam condicionar os partidos tradicionais. Uma alusão ao PSD, retomando um argumento que o líder socialista já usou durante os debates eleitorais, e que ontem repetiu num encontro organizado pelas Mulheres Socialistas.

"Quando se começa a achar que a prisão perpétua pode não ser bem uma prisão perpétua, é o primeiro passo para começar a achar que o racismo não é bem racismo, que a xenofobia não é bem xenofobia e que a desigualdade de género não é bem a desigualdade de género", afirmou António Costa. "Esses movimentos de extrema-direita, o maior perigo que representam é quando conseguem condicionar os partidos tradicionais, os chamados partidos do sistema", disse o secretário-geral socialista, defendendo que quando estes partidos "começam a mitigar e a normalizar as propostas com uma raiz profundamente não igualitária e de desrespeito da dignidade da pessoa humana, então começa a abrir-se uma brecha que não se sabe se irá desenvolver".

António Costa não ficou sem resposta. No final de uma arruada na Avenida da Igreja, em Lisboa, Rui Rio apelou ao PS e ao seu líder para que defendam as suas ideias, em vez de "procurar incutir medo às pessoas e deturpar as propostas do PSD". "Hoje recuperou a ladainha da prisão perpétua, se for assim vai ficar naturalmente a falar sozinho", avisou o líder social-democrata, acusando António Costa de "tentar incutir medo nos portugueses" com "o papão da direita". " O que o PS tem feito não é apresentar as suas propostas, é procurar dizer que nós propomos o que não propomos", sustentou Rio, apontando a Segurança Social ou o Serviço Nacional de Saúde (SNS) como exemplos - "O que queremos é um serviço de saúde melhor e não que os portugueses paguem a saúde em dobro, pelos impostos e quando vão ao hospital, e muito menos queremos a privatização da Segurança Social. Queremos uma Segurança Social pública, que garanta não só as pensões atuais como futuras." Rio contou ontem com o apoio de Carlos Moedas. O presidente da Câmara de Lisboa - presente na arruada na condição de "militante" social-democrata - disse sentir na "rua o que já sentia como candidato à Câmara de Lisboa: que as pessoas querem essa mudança e sobretudo o projeto para o país que o PSD tem".

Num dia marcado pelo único debate televisivo entre todos os líderes dos partidos (ver páginas 6 e 7) com assento parlamentar, o BE visitou o mercado semanal do Fundão, em Castelo Branco, com Catarina Martins a desvalorizar o posicionamento assumido por António Costa, que tem fechado a porta a um acordo à esquerda na próxima legislatura. Já foi assim em 2015, disse a líder bloquista: "Dizendo maioria absoluta ou não dizendo maioria absoluta, foi assim que fez campanha em 2015, foi assim que fez campanha em 2019. Não há aqui nenhuma novidade." "O BE reforçado como terceira força política será solução de governo neste país", defendeu Catarina Martins, acrescentando que é isso que determinará o que acontece no dia seguinte às eleições.

No dia em que Jerónimo de Sousa teve alta do hospital, a comitiva da CDU começou o dia em Lisboa e rumou depois ao Couço (Coruche), onde João Ferreira acusou o PS de estar a fazer "uma espécie de chantagem com os reformados e os pensionistas" para influenciar o voto, dado que podia ter avançado com o aumento das pensões no início do ano.

À direita, Francisco Rodrigues dos Santos também atirou ao PS, mas guardou críticas para PSD e Iniciativa Liberal, por admitirem negociar com o PAN, avisando desde já que os centristas não admitem "nenhum entendimento" com um "partido animalista radical que tem uma agenda ditatorial que quer destruir o mundo rural", um "partido terrorista". "Pelos vistos" para o PSD "já vale tudo para chegar ao governo", criticou o líder do CDS, que falava num almoço com apoiantes em Évora.

Pela IL, Cotrim de Figueiredo acusou também o PS de andar a "agitar fantasmas do medo e cenários absolutamente irrealistas". "Tem feito um apelo ao voto útil e uma dramatização e instrumentalização do medo que me parece inaceitável", apontou o líder da IL no final de um almoço com a comissão de honra do partido, em Lisboa, desafiando Costa a dizer "exatamente" o que fará no cenário de não ter maioria absoluta ou não ser o partido mais votado. Por sua vez o líder do Chega, André Ventura, esteve na Sertã, onde defendeu que 2,5% do Orçamento do Estado deve ser dedicado ao interior do país. No dia em que o Expresso noticiou que a sede do partido em Évora está a ser alvo de despejo por falta de pagamento da renda, Ventura disse que o partido irá cumprir as suas obrigações. Com Lusa

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