O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou este sábado que nada justificaria um aumento de 10% no preço das portagens e prometeu intervir para que não haja um "aproveitamento" da inflação.."O que é que justificaria que as portagens subissem 10% no próximo mês de janeiro? Nada", afirmou..António Costa falava na Covilhã, no XX Congresso Federativo do PS/Castelo Branco, numa intervenção que também foi acompanhada via 'online' nos congressos federativos socialistas de outras regiões, que também estão a decorrer este sábado..Na intervenção, o líder socialista e primeiro-ministro apontou a inflação como uma das questões a que será preciso dar resposta e assumiu que há setores em que o aumento se reflete no custo final, mas não no caso das portagens..António Costa frisou que no caso concreto "não há aumentos de custos de energia", nem qualquer aumento do fator de produção que justificasse que as concessionárias das autoestradas aumentassem 10% o custo das portagens..O chefe do executivo considerou não ser pelo facto de os contratos preverem um aumento indexado à taxa da inflação que se deve aproveitar uma circunstância "absolutamente excecional" de um ano em que este indicador sobe como não acontecia "há 30 anos"..Costa prometeu que vai tomar medidas, mas não especificou quais.."Não há aumentos de custos de energia, não há nenhum aumento de fator de produção que justifique que os concessionários das autoestradas aumentassem 10% o custo das portagens, e é por isso que iremos intervir. Para que não aproveitem essa circunstância para terem um aumento injustificado que penalizaria muito o funcionamento da economia e o conjunto dos portugueses", vincou..Na terça-feira, a Ascendi propôs ao Governo um aumento das portagens de 10,44% em 2023, o valor da inflação homóloga de outubro sem habitação, mas a concessionária admitiu que cabe ao Estado determinar o valor final..Na mesma linha, a Brisa referiu na passada sexta-feira ao jornal Eco que, "de acordo com o estipulado no contrato de concessão com o Estado, o preço das portagens para o próximo ano é calculado em função da inflação registada em outubro deste ano (retirando o efeito da habitação)"..As concessionárias de autoestradas tinham até ao dia 15 de novembro para comunicar ao Governo as suas propostas de preços para 2023, tendo depois o Estado 30 dias para se pronunciar..António Costa defendeu ainda que é preciso acabar com a situação dos professores com a "casa às costas" e mostrou-se confiante num acordo com os sindicatos do setor.."Esperamos chegar a acordo com os sindicatos para que seja possível acabar, de uma vez por todas, com dos professores com a casa às costas e que possam, assim que sejam contratados, vincular-se na escola onde estão e só saírem de lá se um dia o desejarem", disse..O líder socialista e primeiro-ministro reiterou o compromisso com a execução de "reformas estruturais" e apontou a questão da escola pública, destacando a situação dos professores e a necessidade de mudar o modelo de vinculação..Costa lembrou que já foi aberto um processo de negociação sindical para alteração do modelo de vinculação dos professores e assumiu que "não há nenhuma razão" para que esta seja "a única carreira em todo o Estado" que tem de se apresentar a concurso de três em três anos..António Costa reconheceu o problema que representa para os professores não saberem se vão ficar perto ou longe de casa e se vão ter de andar com a casa às costas, "sem saber onde é que se podem vincular". "Não há nenhuma razão para que isto aconteça", vincou..Apontando que a estabilidade do corpo docente reforça a qualidade da educação, destacou que este é um ganho fundamental que tem que se conseguir..António Costa garantiu ainda que o reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS) também é para manter e frisou que é necessário "melhorar a eficiência da gestão", tendo vincado que a criação da Direção Executiva do SNS é fundamental para conseguir essa melhoria..O secretário-geral do PS garantiu que a atribuição dos serviços regionais às Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) não significa acabar com esses serviços, mas pô-los a trabalhar juntos.."Se queremos ter desenvolvimento regional a sério, se acreditamos mesmo que precisamos de regiões, então nós temos de pôr estes serviços todos a trabalhar em conjunto. Não é acabar com os serviços. É pôr os serviços juntos, a trabalharem em conjunto para o bem das regiões, para o desenvolvimento de cada uma das regiões", disse..O Governo aprovou, na quinta-feira, em Conselho de Ministros a resolução que dá início à transferência e partilha de competências de serviços regionais do Estado para as CCDR, em nove áreas, mas entretanto foram veiculados receios de que tal possa traduzir-se no encerramento de serviços em algumas localidades. O Governo estima que a reforma esteja concluída até ao final do primeiro trimestre de 2024..O líder socialista e primeiro-ministro abordou o tema para garantir que este é mais um passo no processo de descentralização que está em curso e que o mesmo visa o desenvolvimento de cada uma das regiões..António Costa reiterou que o compromisso socialista passa por "descentralizar", de forma a conseguir-se "uma administração mais próxima, mais eficiente e que sirva melhor o desenvolvimento das regiões"..Sublinhando que a estratégia de descentralização tem sido "cumprida paulatinamente", frisou que "não é possível conceber uma estratégia de desenvolvimento regional, se cada um dos serviços regionais do Estado estiver separado entre si"..Para António Costa é preciso que os diferentes serviços tenham "uma estratégia comum" para estes não deve estar "cada um para seu lado"..Na sessão, o secretário-geral do PS reiterou ainda a ambição de que o país atinja a neutralidade carbónica em 2050, bem como o objetivo de que, até ao final da legislatura, 80% da produção de eletricidade tenha origem em energias renováveis..As reformas da floresta foi outro dos aspetos que vincou, salientando a importância de promover o cadastro nacional..Segundo disse, atualmente, 58% do país já está cadastrado nesta área, sendo que o objetivo é chegar ao fim do Plano de Recuperação e Resiliência com o cadastro totalmente concluído em todo o país..O secretário-geral do PS acusou os adversários políticos de não perdoarem a maioria absoluta dos socialistas nas últimas legislativas e avisou que "tudo farão para comprometer essa estabilidade", voltando a pedir "nervos de aço" ao partido.."Às vezes parece que a oposição acha que fomos nós que decretámos a maioria absoluta, mas ela resultou única e exclusivamente da vontade livre dos portugueses no ato eleitoral de 30 de janeiro", afirmou António Costa..António Costa avisou que os adversários do partido, que "não perdoam aos portugueses terem garantido a estabilidade necessária para fazer essas reformas, tudo fazem e tudo farão para comprometer a estabilidade que os portugueses decidiram que era necessária para responder à crise e construir um futuro sólido de confiança".."A nossa missão é manter nervos de aços, respeitar os nossos adversários, perceber que a maioria significa respeito e diálogo (...) mas também o respeito pela vontade de quem nos elegeu", disse, apontando como exemplos de diálogo da atual maioria o acordo alcançado em sede de concertação social, com os municípios portugueses e com o PSD na metodologia para o futuro aeroporto..O líder do PS e primeiro-ministro admitiu que os tempos "são mais difíceis" do que se antecipava à data das últimas legislativas e que não depende do Governo "que a Rússia acabe com a guerra" ou "fixar por decreto o preço do gás e do petróleo no mercado internacional".."Mas tudo o que depender de nós para enfrentarmos esta crise, ai isso podem contar connosco, que o faremos sem desistir dos grandes objetivos estratégicos da governação, podem ter a certeza de que não nos vamos distrair. Temos de estar mobilizados a 100% para vencer esta crise e cumprir esta legislatura, honrando os nossos compromissos", salientou..Ao usar da palavra, o presidente da Federação Distrital do PS de Castelo Branco, Vítor Pereira, fez questão de sublinhar o apoio a António Costa perante os "ataques baixos e rasteiros" que, segundo disse, o secretário-geral do PS está a ser alvo.."É porque a direita sabe que tu tens estes predicados, esta qualidade, essa garra, essa energia e essa determinação para enfrentares os problemas que vivemos, e é porque sabem que tu os vais debelar, que estás a ser alvo de ataques que não têm precedentes", disse, dirigindo-se diretamente a António Costa..Vítor Pereira, que também é presidente da Câmara da Covilhã, classificou ainda como "absolutamente deplorável" ver "pessoas e personalidades" que se esperava que prestigiassem as instituições a que presidiram dirigir "ataques vis, baixos e rasteiros" a António Costa.."Quero dizer-te que os socialistas de Castelo Branco, bem como todos os socialistas, e, estou convicto, a maioria dos portugueses condenam com veemência os ataques vis de que tu e os membros do teu Governo estão a ser alvo", sublinhou..Na sua intervenção na Covilhã, o secretário-geral do PS disse que o próximo ano será "muito importante" para o partido, que irá assinalar os 50 anos da fundação do PS, em abril de 1973.."Fizeram-no em boa hora, quando chegou o 25 de Abril, o PS estava cá (...) foi crescendo e tornou-se como grande partido nacional e popular que é o PS. Foi essa força que permitiu ao PS travar na rua a batalha para garantir que a liberdade e democracia conquistadas pelo 25 de Abril não eram desvirtuadas por nenhuma tentação totalitária", salientou..Entre as marcas do PS, Costa elegeu, além da liberdade e democracia, a integração europeia, a paz no mundo, o desenvolvimento do país ou um "Estado social forte com oportunidades para todos".."Esse é um combate que não tem fim. Vamos celebrar os 50 anos de vida do PS não só para homenagearmos os que nos antecederam, não só para recordar o trabalho que fizemos por Portugal e os portugueses, mas sobretudo como uma grande fonte de inspiração para o trabalho que o PS continuará a fazer, não só nesta legislatura, mas em muitas que se sucederão, pelo menos nos próximos 50 anos", disse.."Quem cá estiver que dê continuidade a esse trabalho, mas até lá vamos com unhas e dentes cumprir o que é necessário cumprir: vencer esta crise e construir o futuro de Portugal, lado a lado com os portugueses", afirmou..António Costa vai marcar presença entre hoje e domingo em vários congressos federativos que decorrem por todo o país.