"Corredor verde". À direita só Marcelo apoia. Costa furioso com o PSD

Primeiro-ministro "absolutamente perplexo" com declarações vindas do PSD, em particular de Paulo Rangel, "que não sabe nada sobre energia". Parlamento discute pedido de debate de urgência
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A conferência de líderes vai discutir esta terça-feira ao final da tarde o pedido do PSD para um debate de urgência no Parlamento sobre o "Acordo de interconexões ibéricas de energia" (vulgo "Corredor Verde") alcançado na semana passada entre Portugal, Espanha e França. Os sociais-democratas querem que a discussão se faça quinta-feira, com o primeiro-ministro presente, logo depois da votação na generalidade do OE2023.

A iniciativa "laranja" surge como sequência lógica das duras críticas que o PSD tem feito ao acordo celebrado entre Costa, o Presidente francês Macron e o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, na semana passada. O acordo determina a ligação energética de Portugal e Espanha a França e daqui ao resto da Europa. Será desenvolvido um gasoduto marítimo entre Barcelona e Marselha (designado BarMar), em detrimento de uma travessia através dos Pirenéus. O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do BarMar serão debatidos num novo encontro a três, agendado para 9 de dezembro, em Alicante (Espanha).

Citaçãocitacao "Ele não sabe nada sobre energia, ele ignora totalmente tudo o que tenha a ver com este acordo e, ao longo dos anos, caso se for rever o que já disse sobre tudo e mais alguma coisa, verificar-se-á que a taxa de reprovação de Paulo Rangel é muito elevada."

No campo parlamentar, tem sido o PSD o partido mais crítico do acordo. Logo no dia em que foi anunciado, o ex-ministro do Ambiente Jorge Moreira da Silva - afastado da política desde que foi derrotado por Montenegro na disputa pela liderança do PSD em maio passado - escreveu no Twitter que "apresenta-se como vitória histórica aquilo que é um embaraço". "Deixaram cair duas das três interligações que estavam previstas entre Espanha e França. Manteve-se Golfo da Biscaia e desapareceu o compromisso de construção das duas interligações nos Pirenéus", afirmou ainda.

Citaçãocitacao"A França aceitou que se contornasse o obstáculo dos Pirenéus e chegássemos a Marselha. Do ponto de vista de Portugal, o fundamental é chegar a Espanha e que a Espanha chegue a França. Se vai pelos Pirenéus ou se vai entre Barcelona e Marselha isso não é decisivo para nós."

No domingo, o eurodeputado Paulo Rangel, agora vice-presidente do PSD, disse estar-se perante uma "questão de interesse estratégico nacional", pelo que o seu partido "não se conforma com um acordo que prejudica [o país] e prejudica a Europa". O PSD, acrescentou, "não aceita nem a propaganda do Governo e do PS, nem a arrogância de quem se acha dono e senhor do interesse nacional".

O primeiro-ministro afirmou-se esta segunda-feira "absolutamente perplexo" com o que ouviu do PSD e de "outras pessoas", "que tinham a obrigação" de estar "minimamente informadas sobre este acordo". Rangel foi um dos alvos da perplexidade de Costa: "Ele não sabe nada sobre energia, ele ignora totalmente tudo o que tenha a ver com este acordo e, ao longo dos anos, caso se for rever o que já disse sobre tudo e mais alguma coisa, verificar-se-á que a taxa de reprovação de Paulo Rangel é muito elevada."

Citaçãocitacao"A política não é feita propriamente do ideal, é feita daquilo que é possível e aqui o possível é ou nada ou uma realidade como esta."

Salientando que agora há um acordo, acrescentou: "A França aceitou que se contornasse o obstáculo dos Pirenéus e chegássemos a Marselha. Do ponto de vista de Portugal, o fundamental é chegar a Espanha e que a Espanha chegue a França. Se vai pelos Pirenéus ou se vai entre Barcelona e Marselha isso não é decisivo para nós."

O Chega também criticou o acordo e a Iniciativa Liberal idem. Já o Presidente da República enalteceu que é melhor que nada: "A política não é feita propriamente do ideal, é feita daquilo que é possível e aqui o possível é ou nada ou uma realidade como esta."

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