Chega quer ensinar jovens “a não desperdiçar maioria de direita”
A Academia da Juventude Chega, que decorre entre esta sexta-feira e domingo, está a ser encarada pelos organizadores como a oportunidade de dar ferramentas aos 80 participantes para saírem de São Pedro do Sul com um “compromisso com o seu espetro político” que permita reforçar a militância na sociedade portuguesa e encontrar caminhos para não “desperdiçar a maioria de direita”.
Segundo a deputada Rita Matias, coordenadora nacional da Juventude Chega, o quarto evento de formação, neste ano com o mote “Contra Tudo e Contra Todos - Como Pode a Direita Vencer Eleições”, pretende “tirar ilações daquilo que está a acontecer lá fora” para a estratégia política e partidiária em Portugal, tendo para tal convidado especialistas em relações internacionais e ciência política sem ligações ao partido, como Vasco Rato.
Aos 80 participantes, quase todos da Juventude Chega, embora “curiosos” sem ligações a partidos e militantes da Juventude Social Democrata e Iniciativa Liberal, será recordado que “eleições não se ganham só partidariamente”, sendo preciso seguir o exemplo dos movimentos sociais e culturais ligados à esquerda. Para a deputada, é crucial mobilizar jovens de direita para criarem podcasts, associações culturais e núcleos de estudo.
A Academia terá um exercício, no sábado e no domingo, que replicará a apresentação e discussão do Programa de Governo. Numa “representação fiel” dos partidos na Assembleia da República, no que defendem e no peso relativo, pretende-se apurar “se os jovens conseguem novas soluções governativas”, com maior capacidade negocial do que em São Bento, “onde estamos a desperdiçar uma maioria de direita”.
Do programa constam ainda palestras de académicos que “fazem uma leitura do espetro político sem complexos”, naquilo a que a deputada chama “uma reflexão menos sensacionalista” sobre a atualidade. Na noite de sexta-feira, Riccardo Marchi fala sobre “O iliberalismo político”, centrando-se no húngaro Viktor Orbán, que Rita Matias admite ser “uma figura controversa”, e com quem o Chega “tem pontos em comum e outros em que podemos divergir”. No sábado, pela manhã, seguem-se Eleanor Witt-Dorring (“Os Desafios da Imigração Islâmica para as Sociedades Ocidentais”) e Teresa Nogueira Pinto (“Como é que a Direita pode Chegar ao Poder”).
Na noite de sábado, véspera do discurso de encerramento de André Ventura, Rita Matias conduz o workshop “Como organizar a militância à direita”, mas antes Miguel Granja fala de “Destruição da democracia em nome da salvação da democracia”, sobre o “bloqueio” no Parlamento Europeu aos Patriotas pela Europa. E Vasco Rato explicará “A Importância das Próximas Eleições Americanas para o Ocidente”.
Ao DN, o comentador político, que foi dirigente e é militante do PSD, realçou que não é a primeira vez que vai a um evento da Juventude Chega. “Não acho que os miúdos que lá vão tenham lepra”, diz Vasco Rato, que “não quer saber” das “linhas vermelhas” defendidas pelo líder do seu partido e não atribui “significado político excecional” ao facto de não ver o Chega como um partido antidemocrático ou fascista.