Nuno Melo defendeu papel do CDS-PP e incitou a que “nunca se sintam parceiros menores”.
Nuno Melo defendeu papel do CDS-PP e incitou a que “nunca se sintam parceiros menores”.Paulo Novais / Lusa

CDS-PP adota superação como palavra de ordem

Sem obstáculos à reeleição, Nuno Melo quer partido moderno e para jovens. Com ataques ao Chega e recados ao PSD.
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O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, será reeleito neste domingo para um segundo mandato, mas em circunstâncias bem diferentes daquelas que enfrentou em 2022, ao assumir a liderança dos centristas, após o partido ficar sem representação parlamentar.

Sem oposição e de regresso ao Governo e à Assembleia da República, embora só com um ministro, dois secretários de Estado e dois deputados, Melo recorreu várias vezes à palavra “superação” no primeiro dia do 31.º Congresso do CDS-PP, que termina neste domingo em Viseu.

Ao apresentar a moção de estratégia global, que visa um partido mais moderno na comunicação e dirigido aos jovens, o que se traduzirá em renovação nos órgãos dirigentes, cujas listas ainda estavam a ser definidas na noite de sábado, o ministro da Defesa Nacional recordou “as superações quando era mais difícil”. Isto é, durante os dois anos em que o partido esteve fora da Assembleia da República e “a maior parte dos comentadores diziam que tinha acabado”.

“O que nos define são as superações. Sabemos que ninguém tem sucesso na descrença”, disse, sendo ovacionado ao referir-se à placa do grupo parlamentar, retirada há dois anos e agora aparafusada pelo próprio Melo. “Está lá, onde faremos por a merecer todos os dias”, prometeu.

Certo de que o CDS “não se mede por dois anos de ausência da Assembleia da República” e sim “por 50 anos de pertença”, diise, reafirmando que o partido “nunca foi substituído por ninguém”. E dedicou ataques às forças políticas que lhe retiraram eleitores, de forma subtil com a Iniciativa Liberal, sobre a entrega da saúde a privados, e ostensiva com o Chega. Aplaudido de pé ao dizer que Paulo Núncio e João Almeida são só dois deputados, “mas valerão por 50”, recordou que “outro tipo de extremistas anunciaram que seriam donos do Caldas”, quando André Ventura admitiu comprar o prédio arrendado ao CDS-PP pelo Patriarcado de Lisboa.

Mas Nuno Melo também deixou recados ao PSD, defendendo que os centristas foram essenciais para a vitória da Aliança Democrática nas legislativas, encerrando o ciclo de governação socialista. “O CDS não foi muleta e o PSD não foi barriga de aluguer”, disse, incitando os que o ouviam a que “nunca se sintam parceiros menores desta coligação”.

Num primeiro dia em que a nova declaração de princípios do CDS-PP - que “não revoga a outra”, subscrita pelos fundadores em 1974, e “só a complementa e atualiza” - foi aprovada com apenas oito abstenções, viu-se um vídeo de Paulo Portas, que agradeceu a Melo por  “superar um tempo difícil” e apontou como caminho para o partido demonstrar utilidade e competência. Mas a figura mais destacada foi outro ex-presidente: Manuel Monteiro disse que “não temos de pedir desculpa por sermos contra o aborto”. Por seu lado, Paulo Núncio apontou o combate à corrupção, a dignificação das forças de segurança e a defesa dos valores centristas como prioridades imediatas.

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