O presidente da comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas, Rui Paulo Sousa
O presidente da comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas, Rui Paulo SousaANTÓNIO COTRIM/LUSA

Caso gémeas. Comissão pondera apresentar queixa contra filho de Marcelo por desobediência

O filho do Presidente da República comunicou à comissão parlamentar de inquérito sobre o caso das gémeas que recusa prestar esclarecimentos, admitindo estar presente em audição "em momentos futuros".
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A comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas poderá avançar com uma queixa por desobediência no Ministério Público contra o filho do Presidente da República, caso se recuse a ser ouvido, disse esta quarta-feira o presidente da comissão.

Rui Paulo Sousa indicou que na sexta-feira os partidos vão votar que resposta será dada ao advogado de Nuno Rebelo de Sousa.

"Na reunião de sexta-feira, antes de se iniciarem as audições, a audição da mãe das gémeas, (...) vão ser votados esses pontos. Qual a resposta a dar ao advogado de Nuno Rebelo de Sousa e qual a informação que pode ser repescada ao Ministério Público", afirmou.

Caso a comissão tenha uma resposta negativa de Nuno Rebelo de Sousa, o presidente da comissão disse que poderá ser ponderada uma queixa por desobediência.

A mesa e coordenadores da comissão parlamentar de inquérito estiveram hoje à tarde reunidos para analisar a situação.

De acordo com o presidente da comissão de inquérito, a audição de Nuno Rebelo de Sousa estava prevista para 3 ou 4 de julho.

As audições da comissão parlamentar de inquérito sobre o caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com um medicamento que tem um custo de dois milhões de euros por pessoa, arrancaram segunda-feira, com o depoimento do ex-secretário de Estado Adjunto e da Saúde António Lacerda Sales.

Em declarações aos jornalistas, a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Joana Mortágua criticou a decisão do filho do Presidente da República, Nuno Rebelo de Sousa, que comunicou à comissão parlamentar de inquérito que recusa prestar esclarecimentos, apesar de admitir estar presente em audição "em momentos futuros".

Joana Mortágua recordou que "de acordo com a lei, uma pessoa que é convocada a depor numa comissão de inquérito não pode rejeitar fazê-lo e pode apenas, na sua qualidade de arguido, invocar direitos enquanto tal para não responder a algumas perguntas".

A deputada indicou que na reunião de mesa e coordenadores que se realizou esta tarde o BE pediu que o parlamento "comunique ao doutor Nuno Rebelo de Sousa e aos seus advogados que, de acordo com a lei que rege as comissões de inquérito, todas as pessoas convocadas são obrigadas a estar presentes, tendo ou não sido constituídas arguidas".

"Quem rejeitar fazê-lo, incorre num crime de desobediência", avisou.

Antes, o deputado do CDS-PP João Almeida disse que o grupo parlamentar democrata-cristão requereu à comissão que pedisse ao Ministério Público o acesso às "declarações que já foram feitas" por Nuno Rebelo de Sousa.

"Nós queremos que seja aproveitada esta oportunidade de termos acesso a documentação que já existe no processo e que o próprio [Nuno Rebelo de Sousa] se disponibilizou a enviar à comissão de inquérito", salientou, lembrando que a comissão parlamentar de inquérito "está obrigada a manter o segredo de justiça".

"Um inquérito parlamentar tem um regime jurídico próprio. Os inquéritos parlamentares são essenciais, porque permite aos cidadãos, através dos deputados -- que são os seus representantes --, saber o que efetivamente se passou em casos como estes. Como grupo parlamentar do CDS-PP, não abdicaremos de todos os direitos e de todos poderes que os inquéritos parlamentares têm", concluiu.

O filho do Presidente da República comunicou à comissão parlamentar de inquérito sobre o caso das gémeas que recusa prestar esclarecimentos, admitindo estar presente em audição "em momentos futuros".

A notícia foi confirmada hoje pela agência Lusa junto de fontes parlamentares depois de ter sido avançada na terça-feira pela CNN Portugal.

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