Paulo Carmona foi um dos primeiros a falar na Conferência por Portugal, da Aliança Democrática.
Paulo Carmona foi um dos primeiros a falar na Conferência por Portugal, da Aliança Democrática.D.R.

Carmona será “a andorinha que faz a primavera” de voto útil da IL na AD?

Podia ter sido vice-presidente dos liberais, mas agora quer ver Luís Montenegro no poder. E, mesmo negando ser “assim tão influencer”, admite que haja transferência de votos.
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Precisamente um ano após a convenção da Iniciativa Liberal (IL) em que foi candidato a vice-presidente desse partido na lista de Carla Castro, que obteve 44% dos votos, Paulo Carmona foi um dos primeiros oradores da Convenção por Portugal, realizada neste domingo pela Aliança Democrática (AD). Uma coligação de centro-direita que o presidente do Fórum de Administradores e Gestores de Empresas descreveu como o “único projeto real de transformação e de competência” que os portugueses podem escolher nas legislativas de 10 de março para evitar que o “incompetente esforçado” Pedro Nuno Santos seja o próximo primeiro-ministro de Portugal.

Mais do que a distância entre o Centro de Congressos do Estoril, onde foi agora aplaudido por Luís Montenegro e Nuno Melo, e o Centro de Congressos de Lisboa, que testemunhou a derrota da sua lista, com Rui Rocha a suceder a João Cotrim Figueiredo, a distância de um ano leva a que Carmona encare a IL, de onde se desfiliou há oito meses, como “um sonho bonito que acabou para mim, e para outros também”.

Quando se lhe pergunta se a sua participação no evento da AD, onde falou do “propósito comum de resolver os enormes problemas de Portugal e devolver a ambição aos portugueses”, terá tido o propósito de alavancar o voto útil de descontentes da IL, Carmona opta por relativizar a sua capacidade de contribuir para o objetivo da coligação que quer derrotar o PS. “Não sou assim tão influencer para arrastar multidões”, diz ao DN, admitindo que haverá “muito maior transferência de votos entre a IL e a AD, e entre a AD e a IL, do que entre outros partidos”. Sem deixar de realçar que “há tantos ou mais liberais na AD do que na IL”, diz que não será “a andorinha que faz a primavera” apesar de realçar o quanto acredita que a coligação entre PSD, CDS, PPM e independentes “é a melhor forma de derrotar o socialismo que nos tem desgovernado”.

A IL reuniu este sábado o Conselho Nacional, tendo Rui Rocha assumido a meta de obter 7,5% dos votos e eleger 12 deputados (mais quatro do que em 2022). Acusado, neste encontro, de ter atuado como “infiltrado do PSD”, Carmona omitiu o seu antigo partido na intervenção que fez no Estoril. Em vez disso, criticando André Ventura e Pedro Nuno Santos, disse que “entre um líder à direita que na economia diz uma quantidade enorme de disparates, e um líder à esquerda que os faz, o único espaço de moderação é a AD”.

O antigo membro da Comissão Executiva e adjunto do grupo parlamentar da IL prevê que a maior parte dos eleitores liberais insatisfeitos com o partido irão votar na AD. É o que acontece com Vicente Ferreira da Silva, que tal como Carmona integrou a equipa de Cotrim Figueiredo e esteve no núcleo duro de Carla Castro. Em declarações ao DN, o fundador da IL diz que “não tem a menor dúvida” de que irá votar na coligação, pois “é preciso dar força aos moderados” numa altura em que “Portugal caminha cada vez mais para os extremos”.

“Não me identifico com tudo o que a AD defende, nem me identifiquei a 100% com a IL de Carlos Guimarães Pinto e João Cotrim Figueiredo”, explica Vicente Ferreira da Silva, que vê o antigo partido como o “mais suscetível ao voto útil”. Mas não coloca a hipótese de aderir a qualquer um dos partidos da AD. Até agora, entre os muitos desfiliados, Nuno Simões de Melo, Diogo Prates, Mariana Nina e Paulo Silvestre juntaram-se ao Chega. 

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