O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda requereu, esta terça-feira, uma audição com caráter de urgência do presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Fernando Gomes, justificada pela eventual fuga ao fisco e à Segurança Social em contratos celebrados com o antigo selecionador nacional, Fernando Santos..O Ministério Público está a investigar suspeitas de crime fiscal na forma como a FPF pagou os salários a Fernando Santos e à equipa técnica. Em setembro de 2014 terá sido celebrado um contrato de prestação de serviços com a empresa do selecionador, a Femacosa, criada nesse mesmo ano. "Segundo o jornal Expresso, o selecionador terá recebido, em 2016 e 2017, através desta empresa, 10 milhões de euros (tendo 25% sido transferido para sociedades entretanto criadas pelos Adjuntos). Mas apenas declarou e pagou IRS sobre o salário anual de 70 mil", explica o Bloco de Esquerda.."Essa forma de pagamento dos salários esteve na origem da liquidação de 4,5 milhões de euros de impostos feita pela Autoridade Tributária, que considerou que, com esta fórmula, o selecionador terá tentado fugir ao pagamento de impostos mais elevados por via do IRS. Fernando Santos terá perdido o processo contra a Autoridade Tributária a propósito deste tipo de contrato. Existe ainda outra vertente deste tipo de pagamentos: a contribuição para a Segurança Social", lê-se no requerimento do BE..Em outubro de 2022, Fernando Santos perdeu o processo contra o Fisco sobre o contrato celebrado com a FPF. O antigo selecionador nacional tinha pedido uma clarificação sobre o regime fiscal aplicado ao contrato firmado pela sua empresa com a FPF em 2014. Fernando Santos considerou que ficou claro que nem ele nem a Federação tentaram criar um esquema para iludir a Autoridade Tributária..O Bloco de Esquerda lembra ainda que a FPF não revelou quanto vai pagar ao novo selecionador, Roberto Martínez, e que tipo de contrato vai celebrar com a equipa técnica do treinador espanhol, "se continua a querer contratar tudo em pacote, a uma empresa que coordena a equipa técnica, ou se celebrará contratos individuais".."O carácter de utilidade pública desta entidade e a importância que esta modalidade desportiva assume impõem à FPF uma obrigação de transparência e rigor. As suspeitas de fuga aos impostos e à segurança social são contrárias essa obrigação. Por tudo isto, é essencial o cabal esclarecimento sobre os mecanismos de pagamento e os contratos celebrados pela FPF", considera o Bloco de Esquerda.