O BE quer o projeto da semana de quatro dias de trabalho alargado a mais empresas, aumentar para 25 o número de dias de férias por ano e criar uma nova licença para pais com crianças até oito anos..Estas três propostas foram apresentadas esta manhã pela coordenadora do BE, Mariana Mortágua, em conferência de imprensa na Assembleia da República, com a bloquista a desafiar os restantes partidos a aprovar as iniciativas que visam reduzir o tempo laboral num país no qual existe "excesso de horário de trabalho e pouco salário"..Mariana Mortágua começou por afirmar que os resultados da primeira reunião da concertação social com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, que decorreu terça-feira, "são uma mão cheia de nada".."Um compromisso vazio sobre uma suposta revisão do acordo de rendimentos sem qualquer compromisso sobre horário de trabalho, regulação do trabalho, melhorias das condições de trabalho, sobre o aumento do salário", criticou Mariana Mortágua..A bloquista considerou que "não há qualquer caminho que possa ser vislumbrado por parte do Governo" minoritário PSD/CDS-PP para resolver o excesso de carga de trabalho em Portugal e os baixos salários, avançando com um pacote de propostas..Na ótica do BE, o país já "produz o suficiente para reduzir o horário de trabalho", propondo o alargamento da experiência de trabalho de quatro dias e a criação, por parte do IEFP, de um "mecanismo permanente para apoiar as empresas para cada vez mais adotarem este modelo de trabalho que é desejado pelas empresas e também pelos trabalhadores"..O grupo parlamentar bloquista quer ainda criar uma nova licença de cinco dias por ano, "sem qualquer justificação ou atestado", para pais com filhos até aos oito anos e o regresso dos 25 dias de férias anuais, retirados pela "intervenção da 'troika'"..Além disto, o BE propõe que seja dado ao trabalhador uma dispensa no dia do seu aniversário, sem perda de remuneração, prática já adotada por algumas empresas mas que os bloquistas querem ver alargada a todas as empresas do setor público..O BE vai agendar o debate destes projetos para o dia 22 de maio, juntamente com os seus projetos que visam combater a crise da habitação, considerando que são duas matérias que fazem parte do mesmo problema: "quem não tem tempo para viver, e quem não tem onde morar não tem uma vida digna, não tem uma vida boa".."O trabalho não pode ser uma prisão. E está mais do que provado que mais horas de trabalho não quer dizer mais produção, nem maior produtividade. No século XXI não podemos ter horários de trabalho do sec XX ou XIX", defendeu. .A coordenadora do BE foi também questionada sobre o anúncio de que o Chega vai propor que o parlamento avance com uma ação criminal contra o Presidente da República por traição ao país e à Constituição, na sequência das declarações sobre eventuais reparações a ex-colónias.."Eu acho que o parlamento se poderia dedicar a discutir a redução do tempo de trabalho para todas as pessoas que não têm tempo para viver e o direito à habitação. Essas são as questões que importam e que preocupam as pessoas. O resto são disparates sem nome e era importante que a Assembleia da República não se perdesse com este tipo de jogadas e se pudesse focar no essencial", respondeu. .BE vê "jogo de poder e ajuste de contas" político entre PSD e PS. A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, considerou esta quarta-feira que existe um "jogo de poder e de ajuste de contas" político e não financeiro entre PSD e PS, garantindo que os bloquistas vão continuar atentos ao escrutínio da execução orçamental..Mariana Mortágua falava aos jornalistas na Assembleia da República, altura em que foi questionada sobre a troca de acusações entre o Governo minoritário PSD/CDS-PP e os socialistas sobre a situação orçamental deixada pelo anterior executivo.."Parece-nos que neste momento se trata muito mais de um jogo de poder e de um ajuste de contas entre PSD e PS que se verifica agora nesta luta sobre as contas, nesta guerra sobre a narrativa das contas, como se verifica no rolar de cabeças sucessivo que temos vindo a assistir em várias instituições, com as direções nomeadas pelo PS a serem demitidas sumariamente para poderem entrar direções próximas do PSD e do CDS-PP", acusou..Mariana Mortágua salientou que o BE tem sido crítico, nos últimos anos, "da gestão orçamental do PS e à falta de transparência das opções orçamentais" e acrescentou que a Assembleia da República "tem o dever de escrutinar as contas públicas" mas que para tal é necessário ter acesso a elas.."O governo do PSD não deu um contributo para esse escrutínio quando, por exemplo, no Programa de Estabilidade apresenta cenários macroeconómicos e orçamentais que são os cenários do anterior governo em vez de apresentar as suas contas. Até que o PSD apresente ao parlamento a suas contas, tudo o que sabemos é que há um jogo de ajustes de contas político e não de contas financeiras entre PS e PSD", considerou..Interrogada sobre se faz sentido ouvir no parlamento o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, audição já pedida pelo PS com caráter de urgência, Mariana Mortágua respondeu que "faz sempre sentido".."Quanto mais informação e transparência, melhor. Devemos é ouvir sabendo qual o objetivo político do que está em causa", salientou..Na terça-feira, Joaquim Miranda Sarmento contabilizou hoje em 2,5 mil milhões de euros o total de despesa levada a cabo pelo anterior governo no arranque do ano, que não constava do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024)..O governante afirmou que o anterior governo aprovou despesas extraordinárias no valor de 1.080 milhões de euros, sendo 960 milhões de euros depois das eleições legislativas de 10 de março..Miranda Sarmento voltou a defender que a situação orçamental que o atual executivo encontrou é "diferente daquela que tinha sido anunciada".