"Ausência" de diretor geral das prisões na conferência de ministra é "sinal" de saída
Paulo Spranger

"Ausência" de diretor geral das prisões na conferência de ministra é "sinal" de saída

Rui Abrunhosa Gonçalves não estará presente na conferência de imprensa desta tarde. Ministra da Justiça vai anunciar "decisões políticas" e explicar "o que falhou".
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Foi chamado a dar explicações públicas, no sábado, e causou “perplexidade” no Governo pelo que disse – nomeadamente ter remetido “culpas” para um juiz que autorizou transferências Monsanto para Alcoentre e por ter “desvalorizado” a falta “evidente” de guardas e chefias. Ontem, recusou assumir responsabilidades e “pressionou” publicamente a ministra da Justiça ao dizer que se mantinha no “posto enquanto a tutela assim o entender”.

“Inexplicável”, refere fonte do Governo ao DN, é a “demora de horas”, em alertar GNR, PSP e PJ.

Esta tarde Rui Abrunhosa Gonçalves, diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), estará, “por isso”, ausente da conferência de imprensa da ministra da Justiça, marcada para as 17:30, que vai ter a seu lado Maria Clara Figueiredo, secretária de Estado Adjunta e da Justiça - que tem a tutela das prisões, e o inspetor-geral dos Serviços de Justiça, Gonçalo Cunha Pires.

Ao DN, fonte do Governo já tinha revelado ao DN que esta tarde a ministra “já tem uma visão nítida do que aconteceu, o que falhou, que conclusões políticas vai tirar e que decisões vai tomar” em função da informação do relatório preliminar que pediu à divisão de segurança da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais.

Apesar de ainda haver “perguntas sem resposta” - está em curso outro inquérito interno dirigido por um magistrado do Ministério Público no âmbito do Serviço de Auditoria e Inspeção da DGRSP e também a investigação da Polícia Judiciária – a “decisão política” de reestruturar a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais é “clara”.

A “ausência” de Rui Abrunhosa Gonçalves na conferência de imprensa desta tarde é, dizem as fontes contactadas pelo DN, o sinal “evidente” de que o diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais será “convidado” a assumir as “suas responsabilidades” apesar de publicamente as “recusar”.

Para além da estrutura de topo da DGRSP é admitido como “natural” que outras responsabilidades sejam imputadas aos que no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, tinham o “dever” de zelar pela organização e funcionamento.

Cinco reclusos fugiram no sábado do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre, no concelho de Azambuja, distrito de Lisboa. A fuga foi registada pelos sistemas de videovigilância pelas 09:56, mas só foi detetada 40 minutos depois, quando os reclusos regressavam às suas celas.

Os evadidos são dois cidadãos portugueses, Fernando Ribeiro Ferreira e Fábio Fernandes Santos Loureiro, um cidadão da Geórgia, Shergili Farjiani, um da Argentina, Rodolf José Lohrmann, e um do Reino Unido, Mark Cameron Roscaleer, com idades entre os 33 e os 61 anos.

Foram condenados a penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por vários crimes, entre os quais tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento de capitais.

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