Após ter negado, Lacerda Sales diz que não se lembra se marcou consultas no caso das gémeas luso-brasileiras

SIC Noticia diz que Inspeção-Geral das Atividades em Saúde terá na sua posse um documento enviado por uma secretária do ex-governante a solicitar a marcação de uma consulta para as gémeas no Santa Maria.
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António Lacerda Sales havia afirmado esta terça-feira que nenhum secretário de Estado tem poder para marcar consultas e influenciar ou violar a consciência e a autonomia de qualquer médico, referindo-se ao caso das gémeas luso-brasileiras, mas um dia depois o ex-secretário de Estado da Saúde diz, afinal, que não se lembra de ter se marcou uma consulta para as irmãs no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Confrontado pela SIC Notícias, que disse ter apurado que a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), que está a averiguar o caso, terá na sua posse um documento enviado por uma secretária do ex-governante a solicitar a marcação de uma consulta para as gémeas naquela unidade hospital, Lacerda Sales afirmou não se recordar de ter agido pessoalmente ou através de terceiros. Contudo, prometeu solicitar os referidos documentos à IGAS.

Segundo uma reportagem da TVI, a primeira consulta das gémeas terá sido solicitada por um secretário de Estado à diretora do Departamento de Pediatria do Hospital Santa Maria.

Questionado sobre esta situação, António Lacerda Sales disse esta terça-feira que "nenhum secretário de Estado, nem ninguém, tem poder para marcar consultas, nem para influenciar ou violar quer a consciência quer a autonomia de qualquer médico". Sublinhou ainda que "seria muito mau até que qualquer médico, no seu compromisso ético, se deixasse influenciar por alguém exterior à instituição ou por qualquer entidade exterior à instituição".

O caso das gémeas foi revelado numa reportagem da TVI, transmitida no início de novembro, segundo a qual duas crianças luso-brasileiras vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma, - um dos mais caros do mundo - para a atrofia muscular espinhal, que totalizou no conjunto quatro milhões de euros.

Segundo a TVI, havia suspeitas de que isso tivesse acontecido por influência do Presidente da República, que negou qualquer interferência no caso.

O caso está a ser investigado pela Procuradoria-Geral da República, pela IGAS e é também objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.

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