André Ventura: "Há mínimos em democracia. Santos Silva não quis condenar agressões a deputados do Chega"

Líder do Chega diz que Santos Silva referir-se à presença de deputados do partido na manifestação de sábado como um "ato de provocação" "é como dizer que uma mulher foi violada porque usava minissaia".
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André Ventura considerou esta terça-feira que o presidente da Assembleia da República não cumpriu os "mínimos em democracia", que era condenar as agressões de que os deputados do Chega terão sido alvo numa manifestação em Lisboa.

"Achei que havia um limite, que era a condenação de um ato de simples violência. Tivemos deputados com mais de 60 anos agredidos e outros que não têm mais de 60 anos mas foram esmurrados. Sabemos que o presidente da Assembleia da República não gosta muito de nós, mas nós também não gostamos muito dele. Já passaram dois dias, e Augusto Santos Silva não quis condenar, disse que fomos lá provocar, quando fomos convidados. É como dizer que uma mulher foi violada porque usava minissaia", afirmou, já no exterior do parlamento, depois de os deputados do Chega terem abandonou o plenário em protesto por declarações do presidente do parlamento, ao sugerir que a presença de deputados do partido na manifestação pró-habitação no sábado foi um "ato de provocação".

André Ventura reforçou que o Chega foi convidado para a manifestação. "Quem nos convidou foi a plataforma que organizou as várias manifestações. Mas os outros partidos já foram a manifestações sem serem convidados. Mesmo se esse convite não existisse, acham bem sermos agredidos. O Chega é o terceiro maior partido do país", acrescentou.

"Parece que aos deputados do Chega pode-se bater, agredir, matar. Aos outros é que não", rematou.

No sábado, os deputados do Chega Rui Paulo Sousa, Filipe Melo e Jorge Galveias, chegaram à Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa, pelas 15:00, onde decorria a manifestação pelo direito à habitação, e pouco depois foram recebidos por várias pessoas a gritar "racistas, fascistas, não passarão", a apupar os deputados e a exigir para que se fossem embora.

Os manifestantes juntaram-se em torno dos deputados, o que levou a equipa de intervenção rápida da PSP a rodear os parlamentares, formando um cordão de segurança no qual foram escoltados para fora do local da manifestação.

André Ventura considerou que Santos Silva tinha esta terça-feira a oportunidade de "emendar a mão" e "dizer ao país e ao parlamento que a violência nunca, em caso algum, é aceitável".

Na resposta, o presidente da Assembleia da Repúblcia reiterou que "a violência é sempre condenável" e, num regime democrático, "é ilegal", mas ressalvou que, "para que a convivência democrática se possa estabelecer e decorrer com a normalidade que a Constituição e a lei requerem", é também necessário que não haja "atos de provocação".

Esta ausência dos deputados do Chega fez com que não participassem num debate que os próprios tinham agendado, e no qual iria ser discutido um projeto de resolução apresentado pelo partido sobre habitação.

A iniciativa em questão não foi apresentada, tendo sido discutido um outro projeto de resolução apresentado pelo PAN, que tinha sido arrastado para o agendamento do Chega.

Enquanto decorria o debate, vários deputados do Chega que se ausentaram do plenário encontravam-se numa iniciativa em Campo de Ourique, que estava agendada desde segunda-feira, e na qual estão previstas declarações à imprensa.

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