Marcelo sobre Bolsonaro: "Respeito se quem convida deixa de convidar"

Presidente da República diz que "ninguém morre" se não for possível almoçar com o Presidente do Brasil. "Os povos continuam, os almoços podem mudar", fez questão de dizer.
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Marcelo Rebelo de Sousa reagiu esta sexta-feira à noite ao cancelamento por parte de Jair Bolsonaro do almoço que tinha previsto e de toda a programação agendada para ambos, para segunda-feira, devido ao Presidente da República Portuguesa ir encontrar-se com o ex-presidente brasileiro Lula da Silva na véspera.

"A vida é feita de coisas simples, vou ao Rio [de Janeiro] celebrar o centenário da travessia aérea do Atlântico Sul [por Gago Coutinho e Sacadura Cabral], vou à 26.ª Bienal Internacional do Livro em que o país convidado é Portugal. Esta era a minha agenda. Mas não houve hipótese de o presidente ir à Bienal", começou por dizer Marcelo, para acrescentar: "Quem convida para almoçar é que sabe em que termos. Se o senhor presidente entende que não pode, não é oportuno, entendo. Ele saberá se quer ou não manter o convite. Em Portugal temos a frase de não nos fazermos convidados onde não somos convidados".

Marcelo garante que parte para o Brasil "com a mesma disposição para reunir", e não respondeu se se sente desconvidado. "Eu respeito se quem convida deixa de convidar. Há questões políticas, como a Ucrânia, que Portugal e Brasil devem falar. Se é possível o almoço, muito bem, se não é possível, ninguém morre. Parto para o Brasil com o mesmo programa que tinha em mente. Independentemente do que acontecer, não melindra as relações de Portugal", acrescentou, reconhecendo que quer falar sobre as relações entre os dois países com Lula da Silva.

"Os povos é que tem de manter uma relação duradoura, perduram para além de ciclos bons e maus. Não vamos perder um segundo com um almoço quando há a importância da amizade dos povos. Os povos continuam, os almoços podem mudar", concluiu.

As eleições brasileiras é que não farão parte da agenda de Marcelo porque, disse o Presidente, esse é "um tema interno do Brasil" e "não é função do Presidente da República de Portugal falar da vida eleitoral brasileira".

Em relação ao voo especial da TAP de Lisboa para o Rio de Janeiro para assinalar o centenário da travessia aérea do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, no qual vai viajar na noite desta sexta-feira, Marcelo considera que a companhia aérea "está a cumprir uma missão nacional com este voo".

"O que explica que os portugueses aceitam contribuir para a TAP é que de vez em quando tem de cumprir missões como estas, cumprir missões nacionais que outras companhias não têm. Enquanto a TAP cumprir estas missões em arranjo maneira de explicar aos portugueses que têm de ir contribuindo. Uma das missões da TAP é levar as comunidades portuguesas pelo mundo", afirmou, antes de embarcar, no Aeroporto de Lisboa, dirigindo-se aos passageiros.

Após o discurso, Marcelo Rebelo de Sousa ficou à conversa com a comunidade brasileira que estava prestes a partir para o Brasil.

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