Política
16 novembro 2023 às 18h22

Deputada Rita Matias vai apresentar queixa-crime por agressões na Universidade Nova de Lisboa

Agentes da PSP identificaram vários jovens que terão rodeado elementos da Juventude do Chega que se queixam de "pontapés e empurrões" na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas.

Leonardo Ralha

A deputada Rita Matias vai apresentar queixa contra jovens que diz terem-na agredido, bem como a uma dezena de elementos da Juventude do Chega, nas instalações da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa.

As alegadas agressões terão ocorrido no final da manhã desta quinta-feira, envolvendo participantes na greve climática estudantil que está a decorrer em diversos estabelecimentos de ensino portugueses, tendo sido identificados "cinco ou seis jovens" por agentes da PSP chamados ao local pela eleita do partido de André Ventura.

Segundo Rita Matias disse ao Diário de Notícias, a comitiva do seu partido, que se dirigira ao estabelecimento de ensino superior para contestar os fundamentos da greve climática estudantil, defendendo que as universidades sejam "desocupadas da doutrinação", viu-se "cercada" por vários jovens que desferiram "pontapés e empurrões", atiraram água e insultaram os membros da Juventude do Chega.

Segundo a deputada, após o vice-diretor da FCSH ter pedido à comitiva da juventude partidária para distribuir os seus flyers, com mensagens como "desmontar a crise climática para totós", à porta do estabelecimento, na Avenida de Berna, em Lisboa, os elementos da Juventude do Chega voltaram a entrar para dentro das instalações. Terão voltado a ouvir palavras de ordem como "saiam daqui, fascistas", e aquilo que

Rita Matias descreve como "escalada de agressão verbal" culminou com "um cerco" e "algumas nódoas negras".

Rita Matias divulgou os incidentes na sua conta de Facebook, dizendo que a ação política da juventude partidária "corria manifestamente bem, com novos militantes e boa adesão", quando foram "cercados, insultados, ameaçados e agredidos" por ativistas climáticos. "Os que se diziam donos da democracia foram incapazes de respeitas um grupo de jovens que estava pacificamente a defender aquilo em que acredita", escreveu a deputada.

Em declarações ao DN, Catarina Bio, porta-voz da Greve Climática de Lisboa explica o sucedido: "Os estudantes estavam reunidos, com membros do Fim Ao Fóssil, e com alguns membros de outros núcleos da faculdade". Segundo diz, "estavam a discutir o acontecimento da polícia ter sido chamada à faculdade [na madrugada de terça-feira] e a preparar-se para fazer alguma pressão à direção para se certificar que não voltaria a acontecer".

Foi aí que Rita Matias e outros membros do partido chegaram à FCSH. "Começaram a distribuir panfletos de propaganda negacionista e contra o movimento climático". Por isso, juntaram-se "os estudantes do Fim ao Fóssil, a associação de estudantes, vários núcleos da faculdade" e os membros do Chega. Os estudantes estavam a assistir e manifestaram-se contra o partido fascista que acha que tem a legitimidade de entrar em faculdades e que está a tentar apropriar-se também da ideia que sim, que o sistema nos está a falhar", acusa a ativista.

E deixa uma garantia: "Nem os estudantes pelo Fio Ao Fóssil, nem o resto da faculdade ia permitir que esta propaganda negacionista fosse disseminada."

Com Rui Miguel Godinho