Política
01 outubro 2022 às 11h40

BE alerta para aumento de preços e defende subida de salários e pensões

Catarina Martins defende que são necessárias "medidas já, antes do Orçamento do Estado para 2023", sustentando que "o mês de outubro que vai começar agora, é o mês de todos os aumentos".

DN/Lusa

O BE quis este sábado "fazer um desenho para ver se o Governo percebe" que os bens essenciais estão mais caros, utilizando para isso carrinhos de compras cada vez mais vazios, e defendeu a subida de salários e pensões.

O partido organizou este sábado ações em vários pontos do país com o mote "combater a inflação", uma das quais em Lisboa, junto a um supermercado Pingo Doce, na qual participou a coordenadora, Catarina Martins.

Foram colocados três carrinhos de compras à porta da loja, para representar o que era possível comprar em 2020 (o carrinho mais cheio), em 2021 (um pouco mais vazio) e este ano (ainda mais vazio). Atrás desses carrinhos, uma faixa onde se lia "demais é demais"; "taxar lucros abusivos, controlar preços, aumentar salários".

A líder do Bloco de Esquerda distribuiu panfletos em forma de jornal e falou com algumas pessoas que ora se preparavam para entrar na loja, ora já vinham com sacos de compras na mão, e ouviu alguns testemunhos que dava conta de que os preços dos artigos estão "cada vez mais altos" e alguns bens já nem são trazidos para casa porque "mesmo em promoção, ainda são caros".

"Nós temos ouvido o Governo dizer que não pode aumentar salários e pensões por causa do risco da inflação, então decidimos fazer um desenho para ver se o Governo percebe. É que inflação nós já temos, aliás a maior dos últimos 30 anos, e os salários e as pensões não aumentaram", afirmou Catarina Martins.

A coordenadora do Bloco apontou que "no carrinho de supermercado vem cada vez menos, e é por isso que é cada vez mais difícil chegar ao fim do mês".

"E esperamos que este desenho sirva para explicar que demais é demais, é mesmo altura de subir salários, de subir pensões, de impor controlo de preços e de taxar os lucros excessivos", defendeu, considerando que "o que não tem credibilidade é dizer-se que a inflação aumenta se aumentarmos salários e pensões, porque como sabe toda a gente que vive do seu salário, da sua pensão, os preços aumentaram, os salários e as pensões é que não".

Catarina Martins defendeu que são necessárias "medidas já, antes do Orçamento do Estado para 2023", sustentando que "o mês de outubro que vai começar agora, é o mês de todos os aumentos, é o mês em que tanta gente terá aumentos da prestação da casa, é o mês em que vai aumentar o preço da energia".

E alertou que "o perigo é não aumentar salários e pensões e é não controlar preços", indicando que isso já foi feito na pandemia.

"Para não deixar que as máscaras fossem vendidas a preços absurdos havia um máximo que se podia cobrar. Já fizemos antes, podemos fazer, e há outros países que estão a estudar cabazes com preços máximos", afirmou.

A líder do BE apontou também que, "se não foram nem os salários nem as pensões que provocaram a inflação e se os preços estão a crescer como nunca, também não esquecemos que estão a crescer como nunca os lucros, nomeadamente da grande distribuição".

"Hoje estamos em todo o país, aqui em Lisboa à frente do Pingo Doce que, só no primeiro semestre deste ano, apresentou mais 261 milhões de euros em lucros, mas isto é também assim no Continente, por exemplo", indicou Catarina Martins, criticando que o "Governo tem feito tudo para não fazer nada" e "deixa andar".

E apontou que "não há nenhum imposto sobre lucros excessivos em Portugal, e é por isso que as empresas têm tido lucros excessivos", acusando o Governo de se comportar quase como "o advogado da Galp ou o advogado do Pingo Doce".

A coordenadora do Bloco de Esquerda apelou ao Governo para que "ouça o país" antes de apresentar o Orçamento do Estado para o próximo ano e considerou que a ideia da maioria dialogante "ficou enterrada logo no início".

"A ideia da maioria dialogante como viram não tem nenhuma credibilidade, ficou enterrada logo no início como aliás sempre dissemos que assim seria. Mas é preciso ouvir o país, é preciso ouvir quem está desesperado porque o seu salário e a sua pensão está estagnado e os preços não param de subir", afirmou Catarina Martins.

A líder bloquista foi questionada se espera que o Governo se reúna com os partidos antes da entrega do Orçamento do Estado com vista a eventuais negociações, como acontecia anteriormente quando o PS não tinha maioria absoluta.

Catarina Martins defendeu que o país "deve ser ouvido porque a política e a decisão da política é muito mais do que aquilo que se pode fazer numa reunião de gabinete, é ouvir o país, e um país que possa dizer aquilo que quer".

"Ouçamos quem trabalha, ouçamos quem trabalha e tem tanta dificuldade em chegar ao fim do mês, e não continuemos a dizer que um dia talvez aconteça alguma coisa, enquanto as pessoas veem o gás a subir, a prestação da casa a subir, o supermercado cada vez mais caro e a sua pensão, o seu salário absolutamente estagnados", salientou.

A coordenadora do BE afirmou que "faz parte do formalismo do parlamento" o Governo reunir-se com os partidos da oposição para apresentar as linhas gerais da proposta do Governo para o Orçamento do Estado antes da entrega e disse estar "certa que haverá o respeito institucional".

Na ótica do BE, este "é o momento de impor tetos nos preços dos bens alimentares essenciais para que não falte o que é mais fundamental à mesa de quem trabalha" e é também "o momento, claro, de atualizar salários e pensões e deixar essa lengalenga absurda de dizer que não se pode atualizar salários e pensões porque isso provocaria a inflação".

"A inflação aí está, a maior dos últimos 30 anos, com salários e pensões estagnadas", disse.

Sobre a governação do atual executivo liderado por António Costa, a líder do Bloco considerou que "o balanço destes seis meses tem de ser o balanço do impacto que a governação tem na vida das pessoas".

E apontou que foram "seis meses de o Governo não responder às pessoas, de criar truques, de dizer que vai ajudar os pensionistas e depois afinal não vai ajudar nada e dá um aumento de 3,5% quando a inflação está em 9,5%".

"Este adiar, se deixa a vida mais difícil para quem vive do seu trabalho, é também um adiar que vai enchendo os bolsos a uma elite que tem tido lucros excessivos e que os distribui em dividendos em que são colocados fora do país", criticou, afirmando que "essa incapacidade de responder ao país, esse adiar as soluções na verdade é responder por uma elite", pois "enquanto a maior das pessoas que vive do seu trabalho está cada vez com mais dificuldade, estes grandes grupos económicos têm tido lucros excessivos".