Jorge Pinto e André Ventura protagonizaram esta quinta-feira à noite um debate tenso e marcado por ataques pessoais que dominaram o tom da discussão. O confronto, emitido na SIC, centrou-se tanto em questões de gestão interna dos respetivos espaços políticos como em visões divergentes sobre o papel constitucional do Presidente da República, com ambos os candidatos a tentarem transformar episódios concretos em argumentos eleitorais.O debate teve vários momentos de pico em que as acusações foram lançadas de forma direta e repetida. Jorge Pintoprocurou pôr em causa a capacidade de liderança do adversário ao afirmar que “André Ventura não consegue pôr a casa em ordem, quanto mais o país em ordem”. O candidato apoiado pelo Livre recorreu a episódios recentes de saídas de autarcas como prova da fragilidade organizativa que atribui ao projeto político liderado por Ventura.Já André Ventura, por seu lado, repetiu várias vezes o argumento de que Pinto e o seu partido quer "sustentar a tralha que não interessa para nada". Isto porque, disse, !tem zero propostas para lei laboral e fiscal.”O Livre “vota contra medidas do Chega porque quer iuma economia em que os que trabalham estejam a sustentar os que o partido gosta, os que não fazem nada, os que vivem à conta do Estado e a tralha que não interessa para nada”.A Constituição e modelo políticoAlém das trocas pessoais, o confronto teve um eixo programático claro. Jorge Pinto defendeu a atual distribuição de poderes e o papel constitucional do Presidente, afirmando que “a Constituição tem a distribuição ideal dos poderes” e que “o semi-parlamentarismo é bom para o país”. Pinto quis passar a imagem do candidato defensor da estabilidade institucional e do respeito pela letra da Constituição, resumindo a sua proposta com a frase: “Quero ser o Presidente da República que está ao lado da Constituição porque ela é boa ao nosso país”.Estas posições serviram para contrastar com a imagem que Ventura tenta projetar, de candidato mais disruptivo e mediático, transformando a discussão constitucional num campo de batalha retórico entre estabilidade e visibilidade pública.O debate teve ainda um momento em que Jorge Pinto anunciou que iria formalizar a sua candidatura esta sexta-feira (o candidato do Livre ainda não entregou as 7500 assinaturas exigidas no Tribunal Constitucional, algo que Ventura lembrou durante o debate)Pinto aproveitou a oportunidade para dizer que a sua mandatária nacional será Leonor Caldeira, advogada que defendeu família Coxi em julgamento contra o líder do Chega. A isto, André Ventura respondeu que “Jorge Pinto representa o país da bandidagem, dos subsidiodependentes, da mama de Abril”.O confronto desta noite deixou claro que a campanha presidencial se joga tanto em argumentos programáticos sobre o papel do Estado como em batalhas de imagem e credibilidade. A polarização entre a defesa da ordem institucional e a aposta na mobilização mediática promete marcar os próximos episódios da campanha.