Portugal, Brasil e Angola são "triângulo extraordinário", diz Gouveia e Melo ao lado de sucessor de Bolsonaro
Henrique Gouveia e Melo considera que Portugal, Brasil e Angola constituem "um triângulo extraordinário" no que toca a um posicionamento estratégico no contexto internacional atual.
A declaração foi feita durante o painel sobre relações de força internacionais e novos blocos militares no 13.º Fórum de Lisboa, evento liderado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Gilmar Mendes, e que traz o 1.º escalão da política daquele país a Portugal.
"Este triângulo tem sinergias quer para o desenvolvimento económico, quer para uma conceitualização geoestratégica de influências que é extraordinário. Açores, Madeira, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e as ilhas de Fernando de Noronha, então passamos a ter um conjunto de bases estratégicas que dominam todo o tráfego mundial", explicou o almirante.
Gouveia e Melo dividiu o painel com aquele que é apontado como o próximo chefe do Executivo brasileiro, o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Embora ainda não tenha confirmado a sua candidatura, Freitas poderá ser o sucessor de Bolsonaro na ala da direita, já que o ex-presidente brasileiro enfrenta processos judiciais e até problemas de saúde.
Ao serem chamados ao palco, o antigo ministro da Defesa do Brasil, Raul Jungmann, apresentou a dupla como "os dois presidenciáveis" de cada país, arrancando uma ovação dos presentes.
Aplausos que se repetiram após cada intervenção dos membros do painel, que discorreram sobre os desafios internacionais da atualidade.
Em resposta ao DN durante conferência de imprensa, Gouveia e Melo afirmou que o relacionamento entre Portugal e Brasil "será certamente bom" num cenário em que os dois oradores passem a ocupar os cargos de Presidente da República em cada lado do Atlântico.
"O que eu tenho para dizer é que o relacionamento entre Portugal e Brasil está muito para além dos protagonistas do poder, quer seja o poder executivo, legislativo ou presidencial, neste caso", respondeu o almirante.
"Nós somos dois povos irmanados há muitos anos, partilhamos muito da nossa cultura, do nosso capital identitário, e por mesmo que os governantes não quisessem essa cooperação, teriam a oposição dos seus povos. Brasil e Portugal serão unidos para muitos e muitos séculos porque temos uma identidade muito forte e é a mesma", completou.
Henrique Gouveia e Melo foi o terceiro presidenciável nacional a participar no Fórum de Lisboa, que teve Marques Mendes no primeiro dia, num painel sobre cooperação internacional, e António José Seguro, no segundo, numa discussão sobre a nova ordem económica internacional.