A convocatória tinha como ponto único “eleições presidenciais”. Carlos César, como outros dirigentes socialistas ouvidos pelo DN, acreditavam que haveria “condições” de “optar por um desses nomes [Seguro ou Vitorino] ou por nome qualquer” revelado “antes” ou no “próprio dia” da Comissão Nacional, no sábado.Esgotada essa possibilidade, por ausência de “candidatos”, o caminho passou a ser definir “um perfil ou um calendário para o tratamento do tema”. Ao DN, fonte da direção acrescenta outro “tema”: as eleições autárquicas. O “perfil”, que Pedro Nuno Santos, secretário-geral, e Carlos César, presidente do PS, já publicamente traçaram - alguém com “conhecimento no âmbito das relações internacionais e da complexidade do momento que hoje vivemos no mundo (...) um candidato creditado e com esse passado documentado” - e que Eurico Brilhante Dias, ex-líder parlamentar, critica por apontar a Vitorino como se Seguro “nunca tivesse ido a Badajoz” vai ser, assim, motivo de “reflexão”. Ao DN, fontes parlamentares não alcançam a “pertinência” de uma “reflexão” que já está concluída e que “até o Seguro” já publicamente “escancarou” quando disse que “a direção nacional do PS tem claramente um candidato que é António Vitorino e, portanto, a reunião da comissão nacional do dia 8 ou dirá expressamente que o candidato do PS às eleições presidenciais é António Vitorino ou definirá um perfil que assentará como luva em António Vitorino”..Pedro Nuno Santos quer travar duas candidaturas socialistas. Partido vai reunir sem candidatos presidenciais.Um nome de “uma área política ampla do centro e da esquerda” que reduza a candidatura de Ventura e de Marques Mendes permitindo uma segunda volta frente a Gouveia e Melo “só é possivel se BE, Livre e PCP” se “unirem ao PS contra a direita do Almirante e do Ventura”, diz ao DN fonte dirigente socialista. A questão do “perfil”, contudo, levanta dúvidas em dirigentes e deputados, ouvidos pelo DN, que questionam o facto de o partido “querer traçar prévios limites”.“É uma eleição unipessoal. A nós só nos resta uma opção: apoiar ou não quem da nossa área política decida apresentar-se. Tentar condicionar é uma intromissão partidária num cargo que não o é”, diz ao DN fonte dirigente que cita Pedro Delgado Alves: “O verdadeiro perfil que representa a República é o que está assumido na Constituição”. .416 dias de “ziguezagues”, críticas internas e um PS dividido nas Presidenciais.Para além de Seguro - que só na “Primavera ou Verão” anunciará uma decisão - e de Vitorino - que “reflete” e gere o seu “timing” - outros três nomes foram apontados nos últimos dias.Pedro Delgado Alves, da direção do PS e que foi diretor de campanha de Sampaio da Nóvoa em 2016, incluiu o agora professor universitário e ex-membro do Conselho de Estado, no lote dos quem têm “perfil” para Presidente da República e até o considera “uma reserva do país em qualquer momento e circunstância”.Augusto Santos Silva, nome que vários deputados do PS ouvidos pelo DN consideram “inadequado”, voltou, outra vez, a colocar-se na corrida ao dizer que “não excluo nenhuma candidatura, seja ela à junta de freguesia, seja ela a qualquer outro lugar”. O que o faria avançar? Uma recusa de Vitorino que fontes parlamentares do PS não excluem. O que faria Vitorino recuar? Uma candidatura de Augusto Santos Silva. O terceiro nome dito “institucional”, perante o clima de “indecisão”, deveria ser, dizem ao DN dirigentes socialistas, alguém “presidente do partido e desde sempre conselheiro de Estado”: Carlos César. O antigo líder do Governo Regional dos Açores já tinha dito a António Costa e também já o disse a Pedro Nuno Santos que “como presidente do partido sinto-me um militante de base, embora mais valioso, mas mais nada do que isso”. Essa ponderação, porém, está agora a ser feita? Carlos César, ao DN, garante que “não”.