O candidato presidencial Luís Marques Mendes acredita que não haverá uma crise política no seguimento do caso da empresa da família de Luís Montenegro (ver cobertura nas páginas 6,7 e 8). “Tudo indica que não vai haver crise política. Ainda bem. Uma nova crise agora faria o país entrar no Guinness como um caso único de irresponsabilidade”, disse Luís Marques Mendes ao Diário de Notícias.“No momento em que o mundo está perigoso e desregulado, a Europa está frágil e vulnerável, e a incerteza surge por todo o lado, uma nova crise em Portugal não teria explicação nem desculpa. Seria imperdoável”, defendeu o candidato presidencial, que conta com o apoio de Luís Montenegro e do PSD.As declarações de Marques Mendes ao DN tiveram lugar ontem, após as reações dos partidos à comunicação ao país do primeiro-ministro, que teve lugar no sábado à noite. Na sua comunicação, Luís Montenegro anunciou que a propriedade da empresa familiar Spinumviva passará para os seus filhos, deixando de ter qualquer ligação direta ou indireta à sociedade. E defendeu que seria necessária uma “clarificação” sobre se tem condições para continuar a governar, ameaçando avançar com uma moção de confiança no Parlamento. No entanto, nas horas que se seguiram rapidamente ficou demonstrado que um cenário de queda do Executivo será pouco provável: o PCP anunciou que vai apresentar uma moção de censura, ao que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, reagiu dizendo que não votará a favor nem de moção de confiança, nem de uma moção de censura. “O PS não quer instabilidade, o PS quer esclarecimentos que são devidos a todos os portugueses”, disse. No entendimento do Governo, este facto tornou desnecessária a apresentação de uma moção de confiança no Parlamento. “O chumbo de duas moções de censura significa que o Parlamento entende que o Governo pode continuar a governar e, nesse sentido, não há uma necessidade ou uma justificação para uma moção de confiança”, defendeu o ministro de Estado e das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, numa entrevista à RTP.No entanto, no PS há quem defenda que o partido deve avançar com uma moção de censura, caso o Governo não avance com a moção de confiança. “O Governo quer transformar a moção de censura do PCP numa moção de confiança”, defendeu o eurodeputado socialista Francisco Assis, no domingo.País precisa de estabilidade pelo menos até meados de 2026, defende Marques MendesPara Luís Marques Mendes, Portugal precisa de manter a estabilidade política pelo menos até à conclusão do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), em meados de 2026, já após a tomada de posse do próximo Presidente da República. De outra forma, diz, não será possível aplicar as verbas do PRR e ficará em xeque a credibilidade de Portugal em Bruxelas. “O país precisa de três coisas bem diferentes. Primeiro, de estabilidade, pelo menos até ao fim do PRR. Segundo, de um Governo que governe com dinâmica e eficácia. Terceiro, de uma oposição que fiscalize com firmeza, mas com espírito construtivo e responsabilidade”, disse o candidato presidencial ao DN..“O Ministério Público deve colocar uma ação para destituição de Montenegro” .Moção de censura do PCP adia “crise política” para Orçamento do Estado 2026.Código de Conduta de Governo implica pedido de parecer sobre conflitos de interesse