Marques Mendes insistiu na crise política de 2022 e Catarina Martins justificou-se com desinvestimento no SNS
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Marques Mendes insistiu na crise política de 2022 e Catarina Martins justificou-se com desinvestimento no SNS

O candidato apoiado pelo PSD subscreveu a solidariedade europeia para com a Ucrânia defendida pela adversária, mas fez um reparo no que toca à imigração: "A Catarina não tem melhor coração do que eu"
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Num debate em que os candidatos de espetros políticos tão diferentes até nem divergiram assim tanto. No estúdio da RTP, nesta sexta-feira, 12 de dezembro, Luís Marques Mendes lembrou a crise política de 2022, a dissolução da Assembleia da República depois da não aprovação do Orçamento de Estado do PS de António Costa, para atacar Catarina Martins.

"Os meus dois grandes objetivos são estabilidade e ambição. A Catarina Martins em 2022 provocou uma instabilidade não aprovando o Orçamento de Estado do governo de então. Pode falar de estabilidade, mas num momento crítico provocou instabilidade", afirmou o antigo líder social-democrata, em alusão ao voto contra do Bloco de Esquerda.

A antiga líder bloquista defendeu-se ao frisar que esse orçamento não reforçava a capacidade do SNS, uma "injustiça" que o Governo de António Costa fez ao Serviço Nacional de Saúde e à ministra da Saúde de então, Marta Temido, e que essa falta de desinvestimento contribuiu para o cenário de urgência caóticas e partos em ambulâncias que vivemos hoje.

Ainda sobre essa dissolução, Catarina Martins criticou a visão de um Presidente da República que opte por dissolver o parlamento em caso de chumbo do Orçamento de Estado: "Se um Presidente da República deixa que os governos usem o Orçamento de Estado como moções de censura como lhes dá jeito, a vida das pessoas nunca será debatida. Uma Presidente da República com uma visão diferente do Governo lançará debates de outra forma para desbloquear o país."

"Acho que é um perigo a eleição de um Presidente da República com um espetro muito alinhado com o Governo e que não é claro na abordagem", acrescentou, antes de mostrar o seu smartphone como exemplo -- cada elemento do aparelho é desenvolvido, segundo garantiu, com alguma subvenção estatal -- para defender a transição energética e o investimento público como motores da economia portuguesa.

Em relação à greve geral, Catarina Martins considerou-a "um enorme sucesso", por ter visto "pessoas de gerações diferentes a lutar" pelos seus direitos enquanto trabalhadoras, e acusou o Governo de se ter colocado "numa situação impossível e insultando os sindicatos".

"O que o Governo propõe mete as pessoas a trabalhar mais horas por menos dinheiro e teve uma proposta arrogante a abordar a greve", prosseguiu a candidata.

A posição de Marques Mendes, que considerou que a "greve foi a democracia a funcionar", acabou por não ser muito diferente, tendo apelado a uma "aproximação aos trabalhadores". "Que a situação está bloqueada é evidente, porque não há nenhum tipo de entendimento. Tenho vindo a aconselhar duas coisas: diálogo social entre todos e equilíbrio. Uma empresa são os acionistas, os gestores e os trabalhadores. Este acordo deveria ser mais amplo do que o pacote laboral, que tivesse salários, política de rendimentos, formação profissional e política fiscal. Governo diz que objetivos são ganhos de produtividade, mas, se houver, de que forma serão distribuídos? Deve haver uma aproximação aos trabalhadores", defendeu o candidato, que não se quis alongar muito porque considera que tem alguma probabilidade de ser eleito e por isso não deve "intrometer-se" nem "dar palpites", mas sim "apelar à negociação e dar sugestões concretas e construtivas".

Sobre a imigração, Catarina Martins disse que "aquela história de os imigrantes viverem da segurança social é mentira", acrescentando que "é preciso analisar evolução do emprego e da economia para percebermos o que está a acontecer". A eurodeputada apresentou-se ainda como "muito defensora de uma política humanista e de integração".

Na resposta, Marques Mendes, que apelou a um "equilíbrio entre integração e regulamentação e economia", soltou uma das tiradas da noite: "Eu também não gosto de baixos salários. A Catarina não tem melhor coração do que eu."

Em relação ao Chega, Catarina Martins acredita que o partido de André Ventura nunca chegará ao Governo e garante que não dará posse a ministro sem condições para assumir funções, ao passo que Marques Mendes voltou a defender a declaração por escrito de que não seriam propostas medidas anticonstitucionais, algo necessário porque "o Chega está persistentemente a propor medidas anticonstitucionais, como a prisão perpétua".

No que concerne à situação internacional, Catarina Martins defendeu uma "posição sobre a segurança europeia na Europa" e solidariedade para com a Ucrânia e que a Rússia pague a "destruição", que provocou.

"No essencial concordo e subscrevo o que a Catarina Martins disse. É o pior momento da relação entre Europa e EUA desde a II Guerra Mundial. É necessário reforçar investimento em Defesa. A derrota da Ucrânia é derrota da Europa e temos de estar solidários", completou Marques Mendes, que apelou ainda a que sejam utilizados os instrumentos das parcerias público-privadas (PPP) nos hospitais públicos e que o Governo invista na distribuição de jornais.

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