Marcelo Rebelo de Sousa, recebeu esta sexta-feira, 25 de julho, no Palácio de Belém, o seu homólogo angolano, João Lourenço, com o objetivo de "reforçar os laços de amizade e cooperação", num encontro em que o Presidente da República deixou várias notas de aproximação entre os dois países, o que aconteceu um dia depois de ter remetido para o Tribunal Constitucional a lei de estrangeiros, aprovada pelo Parlamento (com votos favoráveis de PSD, CDS e Chega, e com a abstenção da IL), por ter dúvidas quanto a alguns conceitos e a possibilidade destes poderem "gerar um tratamento diferenciado e discriminatório" a imigrantes.Marcelo lembrou que manteve um contacto constante e recíproco com João Lourenço, durante os mandatos de ambos, assegurando que foram sempre "fiéis aos povos"."Os nossos povos estão em permanente contacto", sustentou o Presidente, assumindo que "temos em Portugal uma enorme, querida, respeitada, fecunda comunidade angolana. Muito estável, aumentando recentemente e sendo sempre uma das três primeiras comunidades em Portugal."O chefe de Estado lembrou que a comunidade de Angola é a segunda maior no mundo que fala português, com uma presença "de pelo menos 80 mil irmãos angolanos, em todas as áreas da atividade". Marcelo lembrou os alunos angolanos que teve, mas deixou uma evocação também aos "investigadores, aos cientistas, aos artistas, às personalidades da cultura, aos gestores, aos empresários, aos trabalhadores" em geral e "ao papel que desempenham em setores muito nobres, como é o caso do setor social, onde desempenham funções muito importantes, conjuntamente com outros irmãos nossos, no domínio das IPSS, das misericórdias, dos cuidados formais e informais, mas também na cultura ou na educação, ou na saúde, ou na solidariedade social de outras áreas".Com esta ideia, o Presidente da República lembrou também os portugueses que moram em angola, lembrando que "é um número muito elevado, certamente acima de 100 mil"."Trabalham em Angola, com mais de 1250 empresas, fazem parte do tecido empresarial angolano, e são grandes empresas, médias e grandes empresas, pequenas empresas, microempresas, estando até jovens juntos nas startup, no digital. Isso significa uma coisa: que os nossos irmãos angolanos se sentem bem em Portugal, e que os compatriotas portugueses se sentem bem em Angola. Vivem lá, amam Angola, como temos a certeza que os irmãos angolanos amam Portugal." .Depois de assinalar que tanto portugueses como angolanos "sofrem com desafios comuns", inclusivamente "até desportivos", Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que o que mais lhe "custou na vida foi, numa fase final do campeonato do mundo de futebol, haver um desafio entre Portugal e Angola, na Alemanha"."É assim que nós sentimos", vincou, considerando "que os governantes passam, as leis passam, mas os povos ficam. Ficam. Ficam para além daquilo que houve de bom e de mau no império português, para além daquilo que houve de colaboração entre nós nestes 50 anos de percurso comum desde o 25 de abril, do que houve e está a haver, e que vai ser objeto de tratamento com o senhor primeiro-ministro, de passos importantíssimos da cooperação económica, financeira, política, diplomática, social e educativa-cultural". Marcelo lembrou ainda "os acordos já celebrados" durante a visita de Luís Montenegro "no ano passado a Angola, que serão agora também assinados". "É uma realidade que mexe, e mexe positivamente. E nós necessitamos uns dos outros, e sabemos que só ganhamos em tratá-los bem, uns aos outros. Porque quem trata mal é maltratado, e sobretudo perde a oportunidade de tratar bem. E por isso tratamo-nos bem, e gostamos uns dos outros", concluiu.Por seu turno, o chefe e Estado angolano lembrou que Marcelo Rebelo de Sousa foi o Presidente que mais visitou Angola durante o seu mandato, tendo estado "presente no momento difícil quando" morreu "o presidente José Eduardo dos Santos".Por este motivo, frisou João Lourenço, não poderia "deixar de fazer esta visita enquanto é chefe de Estado", tendo em conta que Marcelo Rebelo de Sousa está na reta final do mandato..Marcelo envia para o TC a lei de estrangeiros e pede resposta em 15 dias