Luís Montenegro ataca André Ventura: “É impossível governar com o Chega”
Luís Montenegro garantiu que “é impossível governar com o Chega”, no debate com André Ventura, transmitido nesta noite de quinta-feira pela SIC, numa escalada na hostilidade entre os dois líderes partidários. “Não tem lugar no Conselho de Ministros e nunca terá”, disse ainda Montenegro, levando Ventura a acusá-lo de arrogância.
O primeiro-ministro entrou ao ataque no debate, enunciando três razões para a impossibilidade de entendimento entre a AD - Coligação PSD/CDS e o Chega. Além da falta de “fiabilidade de pensamento” e “pendor destrutivo” de quem está “virado para falar mal de tudo”, Montenegro disse que Ventura e o seu partido “não têm maturidade nem decência para exercer funções governativas”, calculando que o programa eleitoral do interlocutor teria um impacto de 40 mil milhões de euros, “o que nos levaria para um défice de 14%”.
Por seu lado, André Ventura invocou o caso de uma grávida que deu ontem à luz à porta de casa para falar do “desastre” na saúde e no combate à corrupção, mas também acusou a coligação de aumentar carga fiscal. “Temos um primeiro-ministro que vive noutro mundo”, disse.
Após alegar que Ventura devia reconhecer “que estamos muito melhor” na imigração, segurança, impostos e pensões do que há um ano, Montenegro voltou a atacá-lo, dizendo “que convive mal com a verdade”. E dirigiu-se aos eleitores do Chega, que “podem encontrar um caminho de esperança” se votarem na AD.
Por seu lado, Ventura quis colar Montenegro a António Costa, dizendo que votar PSD ou PS implica “a mesma corrupção, os mesmos boys and girls espalhados pelo Estado, a mesma existência de salários e pensões miseráveis”. E disse que financiará as medidas do seu programa após uma auditoria ao Estado cortar milhões de euros em “observatórios, fundações, nomeações políticas e cargos que não interessam para nada”.
Memórias de Loures e "vergonha na cara"
As picardias entre Luís Montenegro e André Ventura, que foram ao ponto de o primeiro-ministro se referir à gravata cor de rosa do líder do Chega como "muito condizente com aquela que tem sido a sua conduta política", aprovando propostas do PS pelo que disse ser "birra política", também envolveram o passado que os dois líderes partidários têm em comum.
Montenegro acusou Ventura de se esquecer que foi militante do PSD ao longo de 17 anos, "que correspondem a 70% da sua vida adulta", sem nunca ter tido "uma palavra sobre aquilo que agora defende relativamente ao sistema político". Para o atual líder social-democrata, o seu adversário "era colaborante com tudo o que o PSD defendia e andava de bandeirinha na mão", acrescentando que até o via como o mais indicado para liderar o partido, do qual se desvincularia em 2019.
Perante isto, Ventura retorquiu que foi Montenegro quem "se colou" à sua campanha eleitoral para a Câmara de Loures, na qual conseguiu o melhor resultado autárquico de sempre do PSD no concelho, por entre muitas declarações polémicas sobre a comunidade cigana. "O seu primeiro-ministro disse-lhe que o André Ventura era o maior talento que temos no PSD e andou na minha campanha colada a mim", disse-lhe, referindo-se ao apoio que recebeu de Pedro Passos Coelho, recomendando a Montenegro "um pouco de vergonha na cara".