Alexandra Leitão,a candidata socialista à câmara de Lisboa, não contará com apoio do PCP, nem com certezas imediatas declaradas de BE e do Livre, que acredita que “serão negociações difíceis”. O PAN “ainda está a definir” as suas “linhas estratégicas”. Fonte socialista, porém, diz ter a certeza de que a “plataforma abrangente” de esquerda, ainda que sem PCP na fase inicial, vai mesmo avançar para “derrotar Moedas”. A “não” confirmação oficial da candidata durante mais de 24 horas foi entendida por vários deputados, ouvidos pelo DN, como uma “estratégia peculiar” para avaliar “reações internas” e “reações externas”. No primeiro caso, perceber, nomeadamente, como o partido encarava a “provável” escolha de alguém que criticou “duramente” Ricardo Leão, autarca de Loures, “sem esperar por explicações do próprio”, que abandonou a Comissão Política da FAUL e que na reunião de novembro, para além das criticas em relação à “sua postura”, foi considerada por muitos dos presentes como “sem hipóteses” para ser candidata à câmara de Lisboa “por tudo o que fez”. No grupo parlamentar de “muitas quintinhas, naturais num partido afastado do poder”, como foi referido ao DN por fontes socialistas, a solução Alexandra Leitão é também vista como a estratégia do “dois em um”: resolver o “problema crescente” de “desacertos” e “desligamentos” que se “agravou” a 29 de novembro do ano passado, dia em que o Chega pendurou faixas nas janelas da Assembleia da República”, e “resolver”, de vez, a escolha de um nome “credível” para Lisboa. “Logo nesse dia foram vários os comentários e conversas de que a Alexandra [Leitão] estaria a prazo nestas funções”, explica ao DN fonte parlamentar. A saída de Alexandra Leitão para uma candidatura à câmara de Lisboa vai abrir espaço para um novo líder parlamentar que “seja a voz” de Pedro Nuno Santos. O nome mais falado, Pedro Delgado Alves, não é contudo “consensual”, apurou o DN, apesar de “bem preparado em termos culturais e políticos”. A “ausência” de uma cultura de “relações interpessoais” e as dúvidas sobre as “capacidades” de gerir um grupo parlamentar são apontadas como fraquezas. Em sentido contrário, a “ligação” ao secretário-geral, o “protagonismo maior” que lhe foi “dado pouco a pouco” e o “facto” de ser “a voz” de Pedro Nuno Santos são características que “justificam a possível e natural escolha”. Há, no entanto, que preferisse a “experiente” Mariana Vieira da Silva, a “máquina” Marina Gonçalves ou a “esperança” Miguel Costa Matos. O que é garantido, diz ao DN fonte socialista, é que a “escolha” de Alexandra Leitão apesar de avocada pelo secretário-geral está em “articulação” com a concelhia e a distrital. Depois de anunciada, como foi, é “tempo” de “negociações” para a construção da “alternativa abrangente de esquerda” ou “progressista”, como diz de forma recorrente Rui Tavares do Livre. No segundo caso, as “reações externas”, o medir a reação da “direita” não obteve as respostas “esperadas” à exceção de Paulo Rangel, que na SIC resumiu tudo a uma frase: “Qualquer candidato terá dificuldades em ombrear com Moedas em Lisboa”. Ao DN fontes do PSD, consideram que Alexandra Leitão é um “adversário” a quem é “fácil” colar a imagem de “radical” de esquerda “à semelhança” de Pedro Nuno Santos. Esse era, aliás, um dos “problemas” apontado “internamente” à líder parlamentar, garantem ao DN fontes do PS, que em junho tinha “menos consenso” do que a “centrista” Mariana Vieira da Silva - tida até recentemente como a “melhor escolha” no PS e um “adversário mais complicado” para o PSD pelo facto de poder chegar com “maior facilidade” ao eleitorado do centro. Para os comunistas a questão é simples. Não há coligações pré-eleitorais com os socialistas. Ao DN, a direção do partido reafirma que “o PCP concorrerá às eleições autárquicas no quadro da CDU em todo o País, incluindo no município de Lisboa, afirmando o seu projeto distintivo e alternativo quer à gestão do PSD quer à gestão do PS na cidade de Lisboa, estando já anunciado João Ferreira como candidato”.O Livre, que tem tido “conversas” com o BE e não revela se as tem tido também com o PS, defende uma “alternativa progressista” procurando “convergências à esquerda para reconquistar câmaras importantes”.Já em julho no ano passado, após uma reunião com Rui Tavares na sede do PS, Pedro Nuno Santos revelava que “há disponibilidade dos dois lados para continuarmos a conversar e provavelmente, ou porventura, encontrar soluções de trabalho em conjunto, nomeadamente para as eleições autárquicas, desde logo em Lisboa”. “Conversas aprofundadas, vão-se repetir e vão-se continuar a fazer com outros partidos, com a mobilização das estruturas dos partidos também a nível local e não só nacional”, acrescentou o porta-voz do Livre para quem, como disse ontem, “não basta os partidos indicarem candidatos”. O BE, que assume as “conversas preliminares” com o Livre e diz ser “cedo para falar em coligações com o PS” e que vai apresentar “a sua candidatura própria e tem candidato à câmara de Lisboa”, está disponível “perante um anuncio ou pré-anuncio de disponibilidade do Partido Socialista, de promover e integrar uma candidatura que pudesse abranger mais partidos, que pudesse ser maior que os próprios partidos”.“Esses diálogos”, sublinha Mariana Mortágua, “têm condições e são para uma mudança em Lisboa, são diálogos para conseguir políticas de habitação, políticas de mobilidade, são diálogos para mudar as coisas na cidade, esses diálogos, que ainda não tivemos, têm contingentes, têm um programa associado e é isso que vai definir a posição do BE”.O PAN, outro partido que o PS espera integrar numa candidatura “abrangente de esquerda”, ainda “está a definir as linhas estratégicas das coligações para as autárquicas que, no tempo próprio, serão divulgadas”.