O candidato presidencial João Cotrim Figueiredo endureceu este domingo, 23 de novembro, o discurso sobre o estado do Serviço Nacional de Saúde, afirmando que o sistema “está corrupto” e que a ausência de reformas profundas tem permitido a degradação contínua dos serviços públicos. Falava em Vila Nova de Gaia, na apresentação do seu compromisso eleitoral para 2026-2031, onde apontou casos recentes de registo irregular de imigrantes ilegais em centros de saúde, alegados abusos no SIGIC - Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia - provocando faturações elevadas e prescrições de medicamentos a falsos doentes como exemplos de “corrupção legal e moral” que permaneceram invisíveis “durante anos”. Perante sala cheia, nas Caves Cálem, Cotrim Figueiredo considerou “inaceitável” que tais práticas não tenham sido detetadas atempadamente e defendeu que a “erosão da confiança dos cidadãos na democracia decorre, em grande parte, do adiamento de reformas essenciais. Para o candidato, este é o momento de assumir um “compromisso claro” com o país, garantindo que, se eleito Presidente da República, exercerá o cargo com “independência, responsabilidade e respeito absoluto pela Constituição”. Sublinhou ainda que a sua candidatura nasce de iniciativa individual e não de imposição partidária, permitindo-lhe reunir apoios provenientes de diferentes sensibilidades políticas e de vários setores da sociedade. Esta pluralidade, afirmou, reforça o propósito de representar “todos os portugueses”, independentemente das suas circunstâncias pessoais, convicções, identidades ou condições económicas. Entre os compromissos assumidos, destacou o objetivo de contribuir para um país que “funciona no presente e prepara o futuro”. No imediato, promete usar a influência presidencial para enfrentar problemas persistentes em áreas como Saúde, Educação, Habitação, Justiça, Segurança, Economia e Segurança Social. No horizonte estratégico, compromete-se a incentivar uma resposta otimista e preparada às mudanças tecnológicas, desafios geopolíticos e evolução do projeto europeu, insistindo que Portugal só recuperará ambição se for capaz de combinar “estabilidade institucional com reformas corajosas”. Cotrim Figueiredo agrupou a sua visão de futuro em três pilares — Cultura, Conhecimento e Crescimento — que considera essenciais para devolver ambição aos portugueses. Defendeu uma cultura viva, “capaz de valorizar e atrair criadores e pensadores; uma sociedade que produz conhecimento e o entende como motor da liberdade; “e um país onde o crescimento económico seja base de oportunidades, mérito e melhores salários”. Estes três eixos, argumentou, são também o caminho para reforçar a autoestima coletiva e “ base de ambição” que diz querer devolver aos portugueses. . O candidato sublinhou também a importância de reforçar o prestígio das instituições democráticas e garantir a máxima dignidade às funções de Comandante Supremo das Forças Armadas. Propôs “promover diálogo político transparente e ético, valorizando a cooperação entre órgãos de soberania, partidos, parceiros sociais e sociedade civil”. No plano externo, comprometeu-se a mostrar “o potencial de Portugal” e a proteger alianças importantes, como a atlântica, bem como a fortalecer a lusofonia. Cotrim terminou afirmando que o futuro do país depende “da capacidade coletiva de enfrentar a mudança sem medo”, garantindo que estará na segundo volta das eleições de 18 de janeiro. Antes de Cotrim subir ao palco, Manuel Cavaleiro Brandão, antigo candidato do CDS, defendeu a urgência de uma mudança política profunda. “A estabilidade é a doença infantil da democracia”, afirmou, rejeitando tanto a regressão “aos tempos revolucionários de 1975” como “a revolução anunciada da extrema-direita”. Para o ex-deputado centrista, Cotrim representa “a mudança moderada” de que o país precisa.. Liliana Reis, militante do PSD, reforçou essa ideia ao declarar que “não mudou de partido” ao apoiar o candidato liberal. Contestou ainda o estereótipo de que Cotrim seria “um betinho com sotaque de Cascais”, classificando essa caricatura como ofensiva e redutora. Para a social-democrata, Cotrim é alguém “capaz de nos unir sem nos domesticar e de lutar contra os que nos querem fazer acreditar que o ódio, o desespero e a descrença são mais motivadores do que a esperança”. .Carneiro denuncia “caos” e volta a exigir resposta do Governo sobre proposta para SNS.SNS. Rutura de medicamentos nos hospitais “é grave” e já obriga a mudar tratamentos a doentes .Cotrim mantém que foi pressionado por “apoiantes de Marques Mendes” para desistir da candidatura presidencial