A corrida a Faro prevê-se uma das poucas capitais de distrito com luta a três. Apesar de nas últimas duas eleições, PSD e PS aglomerarem todos os nove vereadores disponíveis e de alternarem, em democracia, o controlo do município, é de salientar o crescimento do Chega no concelho, com reflexos claros nas últimas Legislativas, acumulando 27% dos votos, a segunda força mais votada, apenas a 0,76% do PSD. Isto em Faro, porque se alargarmos ao próprio distrito, o partido de André Ventura foi o mais votado nas Legislativas de 2024 e 2025, subindo até 6% em menos de um ano. Foi no Algarve que ganhou o primeiro círculo eleitoral da história do partido. É em Faro que tenta ter a primeira capital de distrito. Deixar o Chega fora da equação seria não olhar para os sinais que a população do distrito mais a Sul do país dá: descontentamento com o turismo sazonal e excessivo, dificuldade de acesso a cuidados de saúde e educação, problemas na fixação e no emprego e imigração mais descontrolada, por um tecido empresarial que o usa pagando menos. Pedro Pinto, número 2, líder parlamentar e secretário-geral, que noutras autárquicas já fora candidato a Beja e Portalegre, é o candidato à capital de distrito que o Chega poderá ter..Faro. Pedro Pinto, do Chega: "PSD e PS estão preparados para fazer uma coligação pós-eleitoral” . É uma eleição imprevisível por vários meios. Sai o incumbente Rogério Bacalhau, que cumpriu três mandatos. 16 anos de presidência do PSD estarão a teste e é incomum a junção do PAN à coligação, apenas uma de duas que o partido de Inês Sousa Real realiza com o PSD nas Autárquicas de 2025, incluindo-se nesta Iniciativa Liberal, CDS-PP e MPT. O impacto no eleitorado é imprevisível e há vozes dissonantes dentro do próprio PAN por uma aproximação à direita, nomeadamente ao CDS, com posições discordantes em várias matérias. Cristóvão Norte era vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, recebeu Luís Montenegro com pompa no verão, ajudando a convencer o primeiro-ministro de investimentos para o Algarve, com promessas de possibilidade de endividamento para construir habitação. Foi presidente da Assembleia Municipal no tempo de Rogério Bacalhau como presidente e, além de vincar a proximidade com o Estado central, mune-se de Macário Correia como cabeça de lista à Assembleia, autarca 12 anos em Tavira e depois eleito em Faro, já onde estava quando foi condenado por prevaricação em licenciamentos irregulares. O impacto que Macário Correia pode ter é também imprevisível..Faro. Cristóvão Norte: "O candidato com maior influência política sou eu". O PS chegou a fazer de Faro um bastião nos anos 90 e quer agora interromper 16 anos de liderança PSD, enviando o presidente da Comunidade Intermunicipal, ou seja quem negoceia com os autarcas no Algarve. António Pina comandou 12 anos Olhão, ganhou com 51% e 49% dos votos as últimas duas eleições lá, e descartou qualquer negociação com o Bloco de Esquerda. Conversou com o Livre, mas vai sozinho na corrida a Faro. .Autárquicas. António Pina, do PS: "As pessoas deixam-me o desafio de fazer em Faro o que fiz em Olhão". Com nove deputados elegíveis e prevendo-se equilíbrio na votação, o esquadro político pode ser desafiante, porque dois partidos em consonância poderão, acumulando cinco mandatos, bloquear na gestão da câmara o vencedor que chegue aos quatro eleitos. Não é um cenário a descartar.O Livre, que teve 4,6% dos votos em Faro nas Legislativas, avança com a professora universitária Adriana Marques Silva em busca de um lugar como deputada municipal que o partido nunca teve. Duarte Baltazar é o candidato da CDU, que procura, 12 anos depois, recuperar um posto na oposição. O professor universitário e sindicalista José Moreira é a escolha do Bloco de Esquerda, em território onde nunca elegeu um deputado municipal. Pedro Oliveira é o candidato do Volt, José Freitas Oliveira o escolhido pelo ADN.